Filho de Kadafi deslegitima TPI e será julgado na Líbia
Saif Al-Islam el Kadafi, filho do líder assassinado Muamar el Kadafi, negou a legitimidade do Tribunal Penal Internacional (TPI) para julgá-lo, enquanto autoridades líbias insistiram neste domingo (20) em submetê-lo a um processo "justo e transparente" em Tripoli.
Publicado 20/11/2011 15:52
O filho de Kadafi recusou-se a se submeter ao julgamento dos juízes do TPI, segundo afirmaram integrantes da brigada militar que o capturou no sábado (19) nas imediações da localidade desértica de Obari, no sudoeste da Líbia, próxima à fronteira com a Nigéria.
As fontes asseguraram que Saif al-Islam, cujo nome em árabe significa A Espada do Islã, se negou a reconhecer o tribunal com sede em Haia, que emitiu ordem de prisão contra sua pessoa, contra seu pai, já falecido, e contra o ex-chefe de inteligência Abdulah Senoussi, fugitivo.
O TPI acusou os três de "crimes de lesa humanidade" nos dias iniciais do levante de fevereiro contra Kadafi, imputando a Saif as ordens e a "perpetração" de assassinatos e de perseguição a civis em Bengazi, Misrata, Trípoli e outras cidades.
O promotor da corte, Luis Moreno-Ocampo declarou que Saif "assumiu tarefas essenciais" para garantir supostos planos repressores de seu pai, sobretudo entre os dias 15 e 28 de fevereiro.
No entanto, o premiê instalado pela Otan na Líbia, Abdel Rahim el-Keib, apressou-se em esclarecer que o filho de Kadafi, que foi levado no sábado à localidade de Zintan, será julgado no país em um processo que tentará apagar a imagem negativa dada às forças leais à Otan.
O Conselho Nacional de Transição (CNT), instância que aglutinou aqueles que se levantaram contra o líder líbio, foi duramente criticado internacionalmente pelo linchamento e assassinato em outubro, em Sirte, de Kadafi, de seu filho Muatassim e de um ex-ministro, depois de capturá-los vivos.
Pelo mesmo motivo, el-Keib, que prevê apresentar o novo governo provisório do país norte-africano neste domingo, afirmou perante jornalistas que Saif Al-Islã "será tratado com respeito" e receberá um julgamento "justo e transparente".
Caso seja condenado em seu país, onde também é acusado de "uso indevido" de dinheiro público, poderia ser condenado a morte, ainda que a pena se modifique caso as gestões do Tribunal Internacional (intermediadas por Ocampo, que viajará a Trípoli nos próximos dias) tenham sucesso.
Por sua vez, o ministro interino de Justiça, Mohammed Al-Alagy, assinalou que o detento tem boa saúde e que as ataduras em três dedos de sua mão direita se devem a ferimentos sofridos em um bombardeio da Otan no dia 19 de outubro contra Bani Walid, do qual conseguiu escapar.
Fonte: Prensa Latina