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Tensão no Egito após duas mortes em confrontos de rua

A tensão prevalece neste domingo (20) no Egito, após confrontos de rua entre manifestantes e policiais que deixaram dois mortos, obrigando o governo a congelar sua pretensão de mudar a Constituição antes das próximas eleições.

Depois de uma noite de sobressaltos na praça Tahrir, cercada com barricadas por seus ocupantes, respirava-se uma atmosfera potencialmente explosiva devido à possível ação de efetivos de segurança para restabelecer o tráfico de veículos no local.

Dados do Ministério egípcio da Saúde reconheceram que um jovem de 26 anos do partido islâmico Al-Tayyar Al-Masry morreu nesta madrugada em Alexandria com tiros na cabeça, supostamente disparados pela polícia durante um protesto nessa cidade litorânea.

Sua morte somou-se à de outro homem de 23 anos, também membro de uma organização islâmico, que faleceu no sábado à noite em Tahrir com um disparo no peito, enquanto o total de feridos até o amanhecer de hoje era de 750, segundo reportou a televisão estatal.

Manifestantes comentaram à Prensa Latina em Tahrir que prevêem uma represália da polícia por ordem do Conselho Supremo das Forças Armadas (CSFA), alvo fundamental das críticas e mobilizações da sexta-feira e do sábado, que exigem a transferência do poder a civis.

Mohammed Ezabi, um integrante da Irmandade Muçulmana, prognosticou mais incidentes violentos derivados do desencanto da maioria dos egípcios com a atuação da Junta Militar, que, segundo afirmou, "sente-se respaldada pelos Estados Unidos e busca apenas seus próprios espaços de poder".Outros entrevistados criticaram também o chamado do premiê egípcio, Essam Sharaf.

Dada a magnitude dos confrontos, o vice primeiro-ministro, Alí Al-Selmi, afirmou no sábado à noite que a comissão encarregada de redigir a futura Constituição do Egito deverá ser aprovada pelo Parlamento que seja eleito no dia 28 de novembro.

A decisão, ainda que não constitua um cancelamento dos planos de Al-Selmi de incluir um rascunho de princípios supraconstitucionais, tratou de aplacar o mal-estar causado pelas pressões para condicionar uma Carta Magna favorável ao CSFA inclusive antes das eleições.

Organizações políticas e sociais como a Frente Democrática 6 de Abril deploraram a "brutalidade policial", a "barbaridade" e os "ataques sangrentos" contra ativistas pacíficos, instando o ministro do Interior, Mansour Al-Essawy, a renunciar.

Prensa Latina