Em entrevista ao Correio, Manuela fala de candidatura em Porto Alegre
A deputada federal Manuela D'Ávila (PCdoB-RS) concedeu uma entrevista ao jornal Correio Braziliense, publicada nesta segunda-feira (28), onde fala de sua pré-candidatura à Prefeitura de Porto Alegre e da atual situação política nacional. Abaixo, o Vermelho a publica na íntegra.
Publicado 28/11/2011 15:07

Recém-admitida no clube das mulheres de 30 anos – “para você ver, o tempo passa” – e sem fumar há 11 meses, Manuela D’Ávila (PCdoB-RS) prepara-se para disputar a Prefeitura de Porto Alegre com chances reais de vencer. Não acha que a pouca idade atrapalhe sua capacidade. “Fui vereadora e estou no segundo mandato de deputada federal. Acumulei uma bagagem política necessária para me tornar prefeita.” Como fiel militante partidária, joga nas costas das ONGs as irregularidades cometidas no Esporte. Considera a demissão de Orlando Silva necessária, mas injusta. Apesar de não criticar a ‘faxina’ na Esplanada, afirma que o importante é criar mecanismos de controle para coibir os desvios. “O factual não resolve o estrutural. Mas isso não se faz em apenas 11 meses”. Confira a seguir os principais trechos da entrevista concedida ao Correio:
Correio Braziliense: O escândalo no Ministério do Esporte afeta a imagem dos candidatos do PCdoB no ano que vem?
Manuela D'Ávila: Não. Até as eleições municipais há de se ter esclarecido tudo. Além disso, nenhum dos nossos candidatos foi envolvido nesse escândalo.
Correio Braziliense: A relação do partido com as ONGs não se demonstrou, em certos momentos, promíscua?
MD: Nós temos ligações com diversas entidades que não tiveram problema nenhum. Cabe ao ministério fiscalizar? Cabe. Foi o que o ministério fez. Quem deve ser responsável pelas ONGs são os militantes dessas ONGs.
Correio Braziliense: Houve descontrole no Ministério do Esporte?
MD: A crise foi decorrente do que acontecia fora do Ministério do Esporte. É política, fruto da pressão de interesses poderosos aos quais o Brasil vinha resistindo no diálogo com a Fifa sobre a Copa do Mundo. Muitas dessas denúncias começaram em 2003. Naquela época, nem se falava em Copa do Mundo. As denúncias não, os fatos. As denúncias começaram agora.
Correio Braziliense: Foi injusta a demissão do ministro Orlando Silva?
MD: Foi necessária. A política não é toda justa.
Correio Braziliense: Houve aparelhamento no ministério?
MD: É um discurso vazio, daqueles que acham que os partidos não servem para a democracia.
Correio Braziliense: Ao aceitar permanecer com o Ministério do Esporte, o PCdoB não se ateve mais à uma pasta do que à história do partido?
MD: O nosso compromisso é com um país que está se desenvolvendo de maneira singular e que enfrenta uma crise econômica de forma diferente de outros países.
Correio Braziliense: Para isso é necessário ter um ministério?
MD: Ocupar uma pasta é uma das formas de dividir poder. Nós temos um projeto político e isso não é um câncer, uma doença, como muitos pensam.
Correio Braziliense: Qual sua opinião sobre esse processo de faxina feito pelo governo federal?
MD: O Brasil precisa dar um salto e ter estruturas mais sólidas de gestão. Talvez seja a principal mudança que a presidente Dilma esteja querendo construir.
Correio Braziliense: A faxina é mais midiática do que prática?
MD: O problema é que o Brasil vive de dar respostas momentâneas. O factual não resolve o estrutural. Mas a gente não muda uma cultura em onze meses.
Correio Braziliense: Trinta anos (idade da deputada Manuela) pesa no desafio de querer ser prefeita de Porto Alegre?
MD: Fui vereadora e estou no segundo mandato de deputada federal. Acumulei uma bagagem política necessária para me tornar prefeita. A idade não é fator determinante para nada na vida.
Correio Braziliense: A senhora foi líder estudantil. A União Nacional dos Estudantes (UNE) virou pelega?
MD: Quem fala isso acha que a UNE tem que ser rebelde sem causa. A UNE tem causas. Se as causas foram atendidas, gritar contra o quê?
Correio Braziliense: O que a senhora achou da invasão do prédio da USP?
MD: Quando fiz parte do movimento estudantil, sempre segui a opinião da maioria. Os estudantes que ocuparam a reitoria não seguiram a opinião da maioria, eles foram derrotados.
Correio Braziliense: A polícia errou?
MD: Nem mesmo durante o período da ditadura militar, a polícia tinha entrado (na reitoria). Não estou falando de segurança pública, estou falando da forma como a polícia tratou um movimento social. Esse é o debate do que aconteceu na USP.