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Síria deixa União pelo Mediterrâneo; ONU fala em guerra civil

O governo sírio suspendeu nesta quinta-feira (1º) sua participação na União pelo Mediterrâneo (UPM) até que a União Europeia (UE) retroceda com as medidas impostas contra Damasco, informou o Ministério das Relações Exteriores sírio. Também nesta quinta, as Nações Unidas divulgaram que mais de 4 mil pessoas morreram desde o início das manifestações contra o governo. O órgão fala em "guerra civil", para referir-se à situação do país.

A UPM, criada em 2008 e herdeira do Processo de Barcelona, reúne os países-membros da UE e os estados mediterrâneos do norte da África e do Oriente Médio.

Um porta-voz do Ministério, citado pela agência oficial de notícias síria "Sana", declarou que a decisão foi adotada "pelo aumento da campanha política e midiática injustificada contra a Síria nos fóruns internacionais e europeus", depois da decisão da UE de ampliar as sanções nesta quinta.

Damasco afirmou que a UE adotou "medidas injustificadas que tiveram como objetivo o sustento do povo sírio, e que representa uma flagrante violação para soberania nacional e a intromissão nos assuntos internos do país".

Nesta quinta, o Conselho de Ministros das Relações Exteriores da UE aprovou as restrições contra as pessoas e entidades próximas ao governo sírio, assim como sanções econômicas que afetam setores como energético, financeiro, bancário e comercial.

O Ministério das Relações Exteriores sírio criticou a postura da UE em instigar e não contribuir para encontrar uma saída à atual crise na Síria. Além disso, o porta-voz da pasta ressaltou que a postura dos países comunitários "contrapõe o espírito dos acordos assinados entre Damasco e a UE, e prejudica a associação que foi consolidada pelo processo de Barcelona e a União pelo Mediterrâneo".

Números

A alta comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Navy Pillary, afirmou, nesta quinta, que o número de mortos em ações de repressão às manifestações antigovernamentais na Síria – inciadas em março deste – passou de 4 mil.

Pillay utilizou o termo "guerra civil" para definir a situação no país. "Situamos o número em 4 mil, mas claramente a informação confiável que nos chega é de que é muito mais do que isso", disse Pillay em entrevista coletiva em Genebra.

A alta comissária fez estas declarações durante a apresentação de uma campanha internacional sobre defesa dos direitos humanos, e antecipou os números que apresentará nesta sexta-feira (2) ao Conselho de Direitos Humanos da ONU, que realizará uma sessão especial sobre a Síria.

A sessão foi convocada após a divulgação, nesta semana, do resultado de uma investigação feita nos últimos meses por uma comissão internacional, que chegou à conclusão de que foram cometidos crimes contra a humanidade com o supostos conhecimento e consentimento do Estado.

A alta comissária de Direitos Humanos lembrou que uma das principais conclusões do relatório da comissão é de que "apesar de que a maioria dos mortos e feridos tenha sido de civis desarmados, existem grupos que não pertencem às forças armadas e que aparentemente estão armados".

"Realmente, é hora de estudar esse relatório para conhecer a amplitude do que se define como as forças da oposição e caracterizar o que está acontecendo como um conflito armado", declarou Pillay.

"No meu ponto de vista, não é uma questão de tempo ou uma decisão política. Neste caso é preciso aplicar o princípio de que deve haver uma investigação do Tribunal Penal Internacional para evitar a impunidade", disse.

Com EFE