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Administração italiana coloca em prática pacote draconiano

Segundo plano apresentado nesta segunda-feira (5) pelo premiê italiano Mario Monti, os aumentos de impostos e a reforma da aposentadoria estão entre as medidas mais graves tomadas pela administração instalada na Itália após a queda de Silvio Berlusconi, há menos de um mês.

O primeiro-ministro italiano, Mario Monti, apelou nesta segunda-feira (05) pela adoção do plano de arrocho programado pela troica europeia – Comissão Europeia, Banco Central Europeu e FMI – ao parlamento do país, alegando um "colapso"  econômico se o Parlamento não aprovar as medidas. A Comissão Europeia festejou o programa de maldades que o gabinete que lhe serve aprovou no domingo.

Segundo o plano, cada membro de família irá perder mil euros em relação ao poder de compra. As centrais sindicais italianas alertam, mais uma vez, que a atual administração está na direção errada.

O primeiro-ministro italiano anunciou, este domingo, o tão esperado pacote de maldades contra os trabalhadores do país, para tentar pagar mais de 20 bilhões de euros de uma dívida criada pelos capital. O pacote inclui cortes em investimentos sociais, aumentos de impostos generalizado e uma reforma do sistema de aposentadorias.

"Ponderamos muito as questões de justiça, tivemos de distribuir alguns dos sacrifícios, mas tivemos muito trabalho para os distribuir de forma equitativa", disse o atual premiê a respeito das medidas.

A principal central sindical do país, a CGIL – Confederazione Generale Italiana del Lavoro, já fez um alerta, afirmando que o Governo vai direção errada.

As principais medidas de aumento da receita em 2012 derivam de impostos e vão representar dois terços do plano: o regresso do imposto sobre as primeiras habitações (que Berlusconi tinha suprimido) na ordem dos 0,4% do valor do imóvel (poderá render 10 mil milhões de euros, ou seja, o equivalente a todo o programa de "ajuda ao crescimento"), um imposto de 1,5% sobre o repatriamento de capitais em offshores ao abrigo do "escudo fiscal"; o aumento dos impostos sobre os bens de luxo; e o eventual aumento do IVA em 2% na taxa máxima, a partir de setembro de 2012; e o IRS deverá passar de 43% para 46% para rendimentos anuais acima de 70 mil euros.

Para aposentar-se a partir de agora serão necessários três anos a mais de contribuição, passando de 40 para 43 anos de trabalho. Além disso, o valor da aposentadoria foi congelado, exceto os mais baixos. Pensões acima de 936 euros foram congeladas; aquelas abaixo desse valor serão corrigidas mas apenas parcialmente.

A antecipação de pedidos de aposentadoria exigirá um mínimo de 41 anos de contribuição para mulheres; 42, no caso dos homens. A idade mínima de aposentadoria foi elevada para 62 anos no caso das mulheres e 66 anos para os homens. Em 2018, a idade única será de 66 anos.

O pacote de "ajuda ao crescimento" abarca, entre outras, as seguintes medidas: deduções fiscais para empresas que criem emprego; deduções fiscais para atração de capital de risco; e a aceleração no uso dos fundos estruturais.

Apesar da referida ajuda ao crescimento, a economia deverá encolher em 2012 (a previsão oficial é queda de 0,4% a 0,5%) e continuar estagnada no ano seguinte.

Já a ministra italiana do Trabalho, Elsa Fornero, não conseguiu conter as lágrimas durante o anúncio das novas medidas de austeridade em Itália, numa conferência de imprensa ao lado do primeiro-ministro, Mario Monti.

Elsa, uma professora universitária do Piemonte, de 63 anos, especialista em seguridade social, não conseguiu conter as lágrimas.

Elsa tentava justificar a parte do arrocho de 30 bilhões de euros, anunciado pelo primeiro ministro Mário Monti, que penalizará fortemente o sistema previdenciário italiano.

As lágrimas sinceras da professora feita ministra impediram-na de concluir o raciocínio justificatório para a palavra 'sacrifício'. Elsa precisou interromper a explicação do pacote, substituída então por Monti, o tecnocrata elegante, mas ao contrário dela um bloco granítico e calculista a serviço dos mercados, explicitamente reconhecido como um interventor deles no Estado italiano.

A emoção de Elsa roubou a cena daquilo que era para ser um elogio à racionalidade fria dos ajustes ortodoxos em curso na UE. O conjunto evidencia a tensão gerada pelo desmonte do Estado do Bem-Estar Social em nome de uma União Européia cuja sobrevivência ou derrocada será decidida esta semana, na reunião de cúpula de Bruxelas, sexta-feira.

Com informações da Carta Maior