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Governo Monti na Itália é comissariado do Banco Central Europeu

A relazione, como se chama o Informe Político de Paolo Ferrero, secretário nacional, ao 8º congresso da Refundação Comunista (PRC), foi muito empenhada. Ele encabeçou o documento da maioria, mas falou em nome de toda a direção do PRC, para atualizar a análise e tarefas partidárias.

O documento do Congresso foi escrito antes da queda do governo Berlusconi. Pelo que, o debate mais destacado nesta sexta-feira (2) foi a avaliação do governo Monti, recém empossado. Nada de um “governo técnico” como se diz – as palavras são formas de esconder e não esclarecer a ditadura financeira do Banco Central Europeu na Itália, espécie de “bonapartismo financeiro” cuja força vem do alto, um comissariado, portanto, do Banco Central Europeu (BCE) que não tem nada a ver com salvação nacional, nem união nacional.

Para o PRC, segundo Ferrero, não se trata de um governo passageiro, mas um governo “que promove um reequilíbrio das forças burguesas no país para levar a uma reestruturação política do país”. Vai alcançar consenso das frações burguesas e neutralizar a centro-direita e “centro-esquerda”. O governo de “centro-direita” anterior, de Berlusconi, aplicava as medidas de direita, e elas serão mantidas, agora neutralizando não só Berlusconi, como a própria “centro-esquerda”, o Partido Democrático.

Frente a isso, a proposta do Congresso é construir a oposição de esquerda (até porque há a de direita), para saber dizer não às medidas que serão tomadas pela banca-governo, e saber dizer sim ao povo: sim, há alternativas de políticas para fazer frente à crise. Não há mais um clima de apelo à unidade com a centro-esquerda, como era a proposta de Frente Democrática antes da queda de Berlusconi.

Uma plataforma programática é oferecida por Ferrero para o debate das forças de esquerda, políticas e sociais. Como ação, tem força a proposta de greve geral para barrar as medidas intentadas pelo governo contra a previdência e os direitos do trabalho. Uma característica marcante do pensamento apresentado é o de inserir inteiramente no europeísmo, salvar o euro por outros caminhos não neo-liberais, mas defender a moeda denunciando-alterando os tratados de Maastricht e Lisboa.

A experiência atual dos comunistas da Refundação são as de ser mais capaz de falar com clareza, identidade e simplicidade às pessoas, alcançar credibilidade quanto à exequibilidade das medidas alternativas propostas pelo partido, enfrentar o desalento que debilita as pessoas e corroi sua dignidade.

Com informações do enviado do PCdoB a Nápoles