Eleição histórica no Egito envolve 50 partidos e 6 mil candidatos

Centenas de egípcios voltaram às urnas nesta segunda-feira (5) para o segundo turno da eleição parlamentar por distritos, a primeira desde a queda do ex-presidente Hosni Mubarak em fevereiro. Na nova rodada de votação, o partido da Irmandade Muçulmana tentará ampliar sua vantagem sobre a coalizão salafista e partidos liberais.

Na primeira etapa, registrada pelo vídeo abaixo e realizada na segunda e terça-feira da semana passada, o comparecimento foi de 62% do eleitorado. Já nesta segunda-feira (5), o comparecimento às urnas para a segunda etapa da eleição era baixo no Cairo, em Alexandria e em Port Said. Mais de 50 partidos e 6 mil candidatos disputam o pleito.

Pelo sistema eleitoral egípcio, a votação ocorre em dois turnos: um para escolha de candidatos distritais e outro para votação em listas de indicados por cada partido. A primeira eleição livre do Egito em seis décadas será realizada ao longo de seis semanas, até o final de janeiro, e é parte de uma prolongada transição para o regime civil, que terminará com uma eleição presidencial em junho e com a posse de um novo presidente em julho.

O Partido Liberdade e Justiça (PLJ), da Irmandade Muçulmana, deve formar a maior bancada no Parlamento, o que pode criar uma disputa entre o grupo religioso e as Forças Armadas, que comandam o país desde a queda de Mubarak.

Agressões e violência

O maior adversário do PLJ é o ultraconservador Al Nour, uma coligação formada por muçulmanos salafistas. O segundo turno entre candidatos desses dois partidos deve ser especialmente acirrado em alguns distritos de Alexandria, segunda maior cidade do país.

A ascensão do Al Nour desperta temores entre muitos egípcios por causa da insistência dos salafistas quanto à ideia de que a sharia (lei islâmica) deve governar todos os aspectos da sociedade. A Irmandade, mais pragmática, dificilmente irá se aliar aos salafistas.

As eleições desta segunda-feira mostraram a grande tensão entre os dois grupos. Em Assiut, sul do país, partidários do Gamaa Islamiya, um dos partidos que integram o Al Nour, atacaram e perseguiram funcionários da campanha da Irmandade Muçulmana que estavam em frente a um colégio de votação.

A Irmandade também afirmou que um de seus candidatos recebeu ameaças de morte e que um clérigo foi espancado por funcionários da campanha do Gamaa Islamiya.

Compra de votos

Adversários acusam a Irmandade de violar a proibição da campanha de boca de urna, e de ter distribuído comida e remédios em troca de votos. O comitê eleitoral egípcio citou falhas como atrasos na abertura das seções ou na chegada das cédulas, e campanha dentro das seções eleitorais. Mas as autoridades disseram que isso não invalidava a votação, e que não irá se repetir nas próximas etapas.

Em Alexandria, cabos eleitorais do Al Nour começaram a distribuir panfletos em frente a uma escola onde havia votação, mas um militar pediu que o grupo se afastasse.

Cifras divulgadas pela comissão eleitoral mostraram que a lista do PJL teve 36,6% dos votos válidos na votação por listas partidárias na semana passada. O Al Nour veio em seguida, com 24,4%, e o liberal Bloco Egípcio ficou em terceiro, com 13,4 %.

Da Redação, com agências