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PC’s aprovam defesa do socialismo diante do capitalismo em crise

Terminou no domingo (11), em Atenas, o 13º Encontro Internacional de Partidos Comunistas e Operários (Eipco), com a participação de 78 partidos e organizações comunistas e revolucionárias de 60 países de todos os continentes. O Partido Comunista do Brasil (PCdoB) foi representado pelo secretário de Relações Internacionais, Ricardo Alemão Abreu e por Ronaldo Carmona, da Comissão de Relações Internacionais do PCdoB.

No sábado (10) Ricardo Alemão fez a leitura em plenário de um documento que aborda diferentes questões relativas à crise do capitalismo e à situação internacional, ao debate sobre o socialismo e à situação latino-americana e brasileira.

O Partido, que participa ativamente do Encontro Internacional desde seu início, em 1998, sediou o 10º Encontro — realizado em São Paulo, em 2008.

O 13º Encontro, realizado na sede do Comitê Central do Partido Comunista da Grécia (KKE, na sigla em grego), foi aberto na sexta-feira (9), com o pronunciamento de Aleka Papariga, secretária geral deste Partido. Ao longo dos três dias, todos os Partidos apresentaram intervenções, compondo um rico e diversificado mosaico, tanto em temas, quanto em interpretações a respeito destes assuntos, assim como apontamentos sobre as distintas realidades nacionais e regionais.

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Crise do capitalismo

A reunião ocorreu sob forte impacto do recrudescimento da crise do capitalismo e da intensificação da resistência dos povos.

Diversos partidos europeus deram um vivo depoimento sobre os efeitos da crise em seus países, a começar da secretária geral do KKE, Aleka Papariga, que se referiu longamente à grave crise que vive o país. A dirigente comunista grega acusou o capitalismo como responsável pela situação a que seu país chegou e defendeu o poder popular e o socialismo como saída para o país — ainda que “obviamente, não haja uma situação revolucionária na Grécia”.

Depoimentos vivos, baseados em intensa luta operária e popular em seus países, também foram expressos pelos PC’s de Portugal, Espanha e Itália. O Partido Comunista Português, por exemplo, chamou a atenção ao levantar a bandeira de uma saída patriótica e de esquerda para a crise, conectando “a questão nacional e a questão de classe”.

Nesse sentido, muitos partidos manifestaram preocupações com as novas medidas anunciadas na sexta-feira (8) pelo Conselho Europeu, reunido em Bruxelas — que impõe a constitucionalização da prioridade do pagamento da divida pública em relação a qualquer outra questão, inclusive em relação ao desenvolvimento econômico e social. O PC da Espanha, por exemplo, denunciou que seu país, sobre o governo “social democrata” de Zapatero — recém derrotado duramente pela direita em eleições gerais — já constitucionalizou o limite de déficit público, reduzindo enormemente a margem de manobra para políticas de desenvolvimento e a soberania nacional.

Também foram registradas importantes contribuições de PC’s de grandes países em desenvolvimento e de países socialistas — que citaram os efeitos diferenciados da crise entre o centro e a “periferia” e os efeitos geopolíticos e econômicos da ascensão dos Brics.

Muitos partidos também chamaram a atenção para a conexão entre crise e guerras imperialistas. De um lado, em saídas clássicas à crise — ainda que temporárias — que buscam destruir forças produtivas buscando um novo ciclo de acumulações. Por outro, na identificação, por partidos como o PC da África do Sul, e por outros PC’s da América Latina da tendência a guerras de rapina em relação a recursos naturais por parte das potencias imperialistas.

Socialismo

A apresentação da alternativa socialista como saída efetiva e de fundo para a crise – ainda que condicionada pela correlação de forças e com o fato de não vivermos uma situação “pré-revolucionária” no mundo – foi um grande consenso entre os partidos comunistas que participaram do encontro.

Também foi promovida a reflexão sobre a diversidade de Partidos, suas experiências e acumulo político e teórico. Visões diferenciadas sobre questões como a transição ao socialismo, as etapas de construção da nova sociedade, a relação entre o socialismo e o mercado e mesmo sobre os atuais países que constroem o socialismo hoje foram evidenciadas.

Aludindo ao tema do encontro “O Socialismo é o futuro!” muitos participantes lembraram que há países do mundo que constroem o socialismo, onde “o socialismo é presente”. O tema foi objeto de emenda do PCdoB à Declaração Final do Encontro, que observou a importância de solidariedade entre as nações “que constroem o socialismo”. Estavam presentes e intervieram os partidos comunistas e operários do Vietnã, de Cuba, da Coréia Popular e do Laos.

América Latina e Oriente Médio

A análise sobre a situação da América Latina também ocupou espaço de destaque nas discussões. Alguns partidos, sobretudo da Europa, diferiram da posição da maioria dos PC’s latino-americanos quanto a importância de valorizar a existência de governos progressistas, de esquerda e anti-imperialistas na região como um caminho para a luta pelo socialismo.

Não havendo consenso, a questão da América Latina se tornou objeto de Moção de Solidariedade, proposta pelo PC de Cuba e apresentada em plenário por todos os partidos latino-americanos presentes. O fato não deixa de expressar a existência, todavia, de posições que não levam em conta as diferentes realidades entre os continentes no quadro do movimento comunista.

Também objeto de ricas análises foi o quadro do Oriente Médio. Mas, para além do debate sobre a natureza das lutas — revoluções ou revoltas populares — houve um grande consenso em rechaçar a ação do imperialismo norte-americano e europeu na região.

Nesse sentido, foi bastante rico o depoimento dos dois PC’s da Síria, que denunciaram a ação estrangeira contra o seu país, que visa derrubar o atual regime e instalar no lugar um governo títere.

Chamado à ação comum dos comunistas

O 13º Encontro Internacional de Partidos Comunistas e Operários concluiu com a aprovação de um plano de ação comum entre os comunistas e demais forças revolucionárias e anti-imperialistas do mundo. Os seis pontos aprovados foram:

– apoio ativo às lutas operárias e populares em todo o mundo, tendo como referência, o 1º de maio de 2012;

– desenvolvimento de ações contra a agressividade imperialistas, sendo um marco importante, a Cúpula da Otan, em maio, nos EUA;

– solidariedade ativa as povos que enfrentam o imperialismo, destacando-se a solidariedade ao povo palestino;

– ação firme contra o recrudescimento do anti-comunismo, tendo como data simbólica importante, 9 de maio, dia da vitoria anti-fascista dos povos;

– chamamento à luta pela libertação dos cinco heróis cubanos presos nos Estados Unidos. Este tema também foi objeto de Moção de Solidariedade apresentada pelo PCdoB;

– apelo ao reforço da frente internacional contra o imperialismo, destacando a importância do fortalecimento das organizações de massas internacionais, como a Federação Sindical Mundial, o Conselho Mundial da Paz, a Federação Mundial das Juventudes Democráticas e a Federação Democrática Internacional de Mulheres.
 

Também foi aprovado o indicativo — a ser confirmado pelo Grupo de Trabalho do Encontro, do qual o PCdoB é integrante — de que o 14º Encontro Internacional de Partidos Comunistas e Operários se realizará em 2014 em Beirute, sob auspícios do Partido Comunista Libanês, tendo em vista a importante situação política no Oriente Médio e a importância de um rodízio de regiões e países sedes do encontro.

De Atenas,
Ricardo Alemão Abreu e Ronaldo Carmona