Sem categoria

Povo saarauí decidirá nesta quinta se retomará luta armada

Nesta quinta-feira (15) será realizado, no Saara Ocidental, o 13º Congresso Nacional para avaliar uma solução possível para garantir a independência do povo saarauí. De acordo com o delegado da Frente Polisario na Espanha, Bucharaya Beyún, o Congresso será decisivo para o futuro da região. Ele não descarta, no entanto, avaliam o retorno da luta armada como maneira de obrigar que o Marrocos deixe o território por eles ocupado desde 1956.

Saarauí

Em entrevista à rádio espanhola San Borondón, Beyún analisou a atual conjuntura do processo de descolonização do Saara Ocidental e explicou que a espera realizar um novo encontro com a delegação do Marrocos, intermediada pelas Nações Unidas, para abordar o processo de descolonização do Saara Ocidental.

Leia também

Vítimas do imperialismo marroquino, Saarauís não descartam guerra
 

Ele ressaltou que, conjuntamente com a postura complacente da comunidade internacional, o fato de que o Marrocos não quer continuar com o processo de diálogo, visto que prefere o uso da força e a repressão, faz com que a ideia de retomada da luta armada é cada vez mais forte entre os saarauís.

Segundo o representante do povo africano, a única saída para o impasse é a independência do Saara Ocidental, objetivo pelo qual os saarauís lutarão. Ele reiterou, no entanto, que nenhum saarauí deseja a volta da guerra, mas esta parece ser a única saída tal como desejam o Marrocos e a Comunidade Internacional.

O Congresso também debaterá outras questões como o grande apoio de organizações solidárias com sua causa e, caso seja decidido pela continuação do processo de negociações, serão debatidas as linhas que não estarão dispostos a ultrapassar e inclusive, discutir o papel da Munurso — a missão das Nações Unidas para a realização do referendo no Saara Ocidental. É uma missão de pacificação da ONU estabelecida em 1991 para observar o cessar fogo e organizar um referendo entre o povo saarauí que determine o futuro status do território do Saara Ocidental, escolhendo entre a integração com o Marrocos ou a independência.

Histórico

O conflito teve início ainda em 1956, quando o Marrocos conquistou sua independência dos franceses, mas a parte espanhola permaneceu colônia. Assim, em 1973 foi criada a Frente Popular de Libertação de Saguia-El-Hamra e Rio de Ouro (Polisário), que liderou a luta pela libertação da região ocidental sob domínio espanhol. Em meio à ditadura franquista (1939 e 1976), a Espanha ignorou as reivindicações do povo saarauí e entregou a região ao Marrocos e à Mauritânia. Aproveitando a retirada das tropas espanholas, a Frente Polisário proclamou a República Árabe Saaraui Democrática (RASD) em 1976.

No mesmo ano, no entanto, o Marrocos organizou uma grande marcha, conhecida como a “marcha verde” (na verdade um processo de colonização), na qual mais de 350 mil pessoas migraram para a região do Saara ocidental. Valendo-se de um grande arsenal bélico utilizando bombas de fósforo e napalm, o Marrocos tomou o território saarauí, em uma ação genocida, causando grande sofrimento à população.

Desde então, diversas determinações da ONU e outros órgãos internacionais reconhecem o direito à autodeterminação do povo saarauí e entendem que não há registro jurídico nem histórico de vínculo de soberania por parte do Marrocos naquele local.

A guerra pela soberania da RASD teve início em 1975, mas em 1991 um acordo de cessar fogo intermediado pela ONU determinou que deveria ser realizado um referendo para definir “se o povo quer se tornar independente ou se aceita fazer parte do Marrocos”. A nação africana, no entanto, não cumpriu os prazos impostos pela ONU e há 20 anos impede o avanço das negociações de paz.

Da redação do Vermelho,
Vanessa Silva