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Novo líder espanhol semeia vento e teme tempestade

O futuro presidente de governo da Espanha, Mariano Rajoy, anunciou nesta segunda-feira um novo pacote impopular, ao estilo do FMI, sob o pretexto de contornar a crise da dívida no país.

Em discurso ao recém-empossado Parlamento do país, Rajoy (do Partido Popular, de direita) prometeu cortes de gastos estatais de 16,5 bilhões de euros em 2012, mudanças no sistema de aposentadoria e até o fim de emendas de feriados, o que na verdade é uma forma de ampliar a jornada de trabalho.

Contra a classe trabalhadora

Ou seja, são medidas que sacrificam os trabalhadores e trabalhadoras e o povo em geral, já que os cortes nos gastos públicos terão necessariamente repercussões negativas sobre os serviços gratuitos na área de saúde, educação e outras, de que se valem principalmente os mais pobres.

Não é sem razão que o próprio Rajov prevê “tempos difíceis”, provavelmente vai enfrentar protestos e manifestações de rua das vítimas do pacote ditado pelo FMI, que não serão poucos. Como diz o ditado, quem semeia vento costuma colher tempestade.

Oportunismo

O líder direitista ficou calado durante as últimas eleições. Não teve coragem de dizer ao povo o que pretendia fazer para contornar a crise econômica que inferniza a Espanha (com uma taxa de desemprego superior a 20% e que alcança 40% entre os jovens). Explorou com inegável oportunismo o descontentamento do eleitorado com o Partido Socialista, cuja gestão foi uma prova, entre outras, de capitulação da social-democracia ao neoliberalismo, o que abriu caminho à vitória da direita.

O eleitorado votou enganado, na esperança de que a direita ia tomar medidas contra o desemprego e em defesa da classe trabalhadora e das famílias mais pobres. Mas o pacote anunciado pelo futuro presidente do governo espanhol, que sucede o social-democrata José Luis Rodríguez Zapatero, tem outra natureza e outra direção. Vai reduzir direitos, conter o consumo e ampliar a jornada. Tudo isto vai agravar, em vez de amenizar, a recessão e a tragédia do desemprego.

A Espanha exibe o maior índice de desemprego da União Europeia e paga altas taxas de juros sobre os títulos de suas dívidas, despertando temores de que possa necessitar de um pacote externo de resgate financeiro. O direitista Rajoy, que foi eleito no mês passado, deve assumir oficialmente na quarta-feira. É mesmo de se esperar “tempos difíceis” para o povo espanhol.

Da Redação, com agências