Mercado de trabalho já reflete a estagnação da economia
O comportamento do mercado de trabalho brasileiro em novembro, muito embora positivo, já revela as consequências da estagnação da economia nos dois últimos trimestres do ano.
Publicado 20/12/2011 16:19
Foram gerados 42.735 empregos formais, uma queda de 69,1% em relação ao mesmo mês do ano passado, quando foram geradas 138.237 vagas, segundo apontam dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) divulgados nesta terça-feira pelo Ministério do Trabalho. O resultado é compatível com a queda da produção industrial e a estagnação do PIB apurada pelo IBGE no terceiro trimestre.
Vagas no ano
Entre janeiro e novembro deste ano, segundo o Caged, foram criados 2.320.753 empregos formais, uma queda de 20,5% no número de vagas em relação ao mesmo período de 2010.
Nos últimos 12 meses, segundo o Caged, a geração de empregos formais chegou a 1.900.571 postos, o que aumentou em 5,23% o número de trabalhadores com carteira assinada no país.
Facão na indústria
O setor do comércio, com a criação de 107.920 postos de trabalho, apresentou a maior alta de novembro, com 1,3%. Já a maior retração em números absolutos ocorreu na indústria de transformação, com o corte de 54.306 postos no mês passado (redução de -0,65% no número de postos). Além de sofrer os impactos da estagnação a indústria reflete o efeito deletério da apreciação do real, que estimula importações e reduz a competitividade das empresas nacionais.
Em novembro, 21 Unidades da Federação tiveram alta na criação de empregos. Os melhores resultados, em números absolutos, foram do Rio de Janeiro, com 24.867 postos (alta de 0,7%), Rio Grande do Sul, com 12.875 empregos (alta de 0,52%) e Santa Catarina, com 12.089 vagas (alta de 0,66%).
Já São Paulo perdeu 29.145 postos (queda de 0,24%), enquanto Goiás fechou 10.466 vagas (queda de 0,96%) e Mato Grosso, 5.791 (queda de 1,02%).
Previsão frustrada
Embora positivo, o saldo na geração de empregos formais em novembro (42.735) ficou abaixo do estimado pelo então ministro do Trabalho, Carlos Lupi, no mês passado. No dia 18 de novembro, durante a divulgação dos dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) de outubro, Lupi estimou a criação de cerca de 70 mil postos de trabalho.
Na ocasião, Lupi também reduziu a meta de geração de empregos em 2011, de 2,7 milhões para 2,4 milhões. No acumulado de 2011, o Brasil criou 2.320.753 novos postos. Isso significa que para atingir a meta estipulada pelo Ministério do Trabalho seria necessário, portanto, criar mais de 79 mil empregos em dezembro.
Mas a série histórica do Caged mostra que o objetivo do governo pode ser frustrado. Tradicionalmente, em dezembro, o mercado de trabalho tem resultados negativos em função de dispensas de contratações temporárias para o período natalino. Neste ano não será diferente.
Com agências