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Valorização do trabalho amortece os impactos da crise mundial

Contra eventual piora na crise, "o melhor seguro para o cidadão brasileiro é o emprego", afirmou nesta quinta-feira (22) o ministro da Fazenda, Guido Mantega. O mercado consumidor também sentirá em 2012 os impactos positivos do aumento do salário mínimo e, como se verificou em 2008-2009, a valorização do trabalho se revela um grande amortecedor para os impactos da crise mundial do capitalismo.

Mantega também anunciou que, para favorecer a expansão da atividade e do consumo, 2012 será iniciado com o crédito mais barato. Em conversa com jornalistas, o ministro comentou que os brasileiros "olham a desgraça alheia" nas notícias sobre a crise internacional, mas não devem ficar preocupados, porque o governo trabalha para evitar o contágio da crise, fortalecendo o setor produtivo e aumentando a massa salarial.

Menor nível

Destacou que "o Brasil está muito sólido". Citou como exemplo a taxa de 5,2% de desemprego divulgada hoje, "o menor nível do IBGE". Reiterou que este ano foi "satisfatório" para a economia brasileira pelo saldo positivo na criação de empregos, em contraposição aos resultados negativos ao redor do mundo por causa da crise.

Ele lembrou que para controlar a inflação, no início de 2011 foram tomadas medidas de aperto ao crédito, os juros foram elevados. "Queríamos moderar o consumo. O próximo ano, ao contrário, vai começar barateando o crédito. A população brasileira nunca esteve tão bem servida de empregos, e vai continuar empregada", afirmou.

Emprego, consumo e renda

Apesar dos sinais de estagnação da economia, o mercado de trabalho brasileiro teve um comportamento muito positivo ao longo do ano. 2011 deve ser concluído somando a criação de mais de 2 milhões de empregos com carteira assinada, dependendo do resultado de dezembro, que tradicionalmente é negativo.

Demissões e desemprego em massa constituem os principais problemas decorrentes da crise, seja do ponto de vista social, econômico ou político. Para as famílias da classe trabalhadora pode ser uma tragédia que se vive ou padece com extrema dificuldade. E também para a economia, em seu conjunto, é um dilema sério, que de resto alimenta os conflitos políticos e esquenta a luta de classes.

O nível de emprego tem um papel determinante sobre a renda familiar e a capacidade de consumo da sociedade. O desemprego elevado, decorrente da recessão, deprime a renda e a demanda por mercadorias e, com isto, se transforma de efeito em causa da crise, desestimulando e obstruindo a produção. É o que se vê hoje nos EUA e na Europa.

Desenvolvimento com valorização do trabalho

Quanto menor a taxa de desemprego (como é o caso, hoje, no Brasil) tanto melhor para a economia. É um sinal de que as forças produtivas não estão ociosas. O trabalho é que cria a riqueza social e adiciona valor à economia, gerando o PIB. A renda obtida pela classe trabalhadora, embora inferior ao valor produzido durante a jornada de trabalho, irriga o consumo, fomentando o comércio e fornecendo à indústria, à agricultura e aos serviços o mercado para a venda dos bens que produzem e a realização de seus capitais. Se este mercado contrai, advém a crise.

Por esta razão, faz sentido o apelo da presidente Dilma (seguindo o exemplo de Lula em 2008) para que o povo brasileiro continue consumindo. Foi a geração de emprego ao longo dos últimos anos (cerca de 15 milhões de vagas com carteira assinada foram gerados durante os governos Lula) que resgatou milhões de brasileiros da miséria e da pobreza e explica a ascensão da chamada classe C, considerada equivocadamente como classe média, quando se trata na verdade de classe trabalhadora.

Outro fator que funciona como amortecedor da crise, ao fortalecer o mercado interno, é a política de valorização do salário mínimo, uma bandeira histórica do sindicalismo contemplada pelo governo Lula (e reafirmada por Dilma), que garantiu um reajuste de 14,26% para janeiro de 2012, incorporando a correção da inflação mais um aumento real de 7,5%, equivalente ao crescimento do PIB em 2008.

Estima-se que o salário mínimo serve de referência, direta ou indireta, para a remuneração de 47 milhões de trabalhadores e trabalhadoras brasileiras, incluindo aposentados. Salários mais elevados e relativa fartura de emprego foram fundamentais à saída do Brasil da crise em 2008-2009 e deverão desempenhar papel parecido no próximo ano.

A história prova que a valorização do trabalho é uma fonte de crescimento econômico (em vez de obstáculo, como apregoam os neoliberais do FMI e da União Europeia com sua agenda antitrabalho) e o desenvolvimento nacional, dando razão às centrais sindicais que reclamam um novo projeto nacional de desenvolvimento fundado na valorização do trabalho, soberania e democracia. Em contrapartida, a valorização a qualquer custo do capital financeiro (como nas crises da dívida da América Latina nos anos 1980 e na Europa atual) é uma pedra gigantesca no caminho do desenvolvimento.

Da Redação, com agências