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EUA liberam prova sobre roubo de bebês na ditadura argentina

A Embaixada dos Estados Unidos na Argentina entregou às Abuelas de Plaza de Mayo um documento que é importante prova de que o roubo de filhos de militantes que se opuseram à ditadura argentina foi uma política de Estado.

O conteúdo do documento é uma comunicação entre o embaixador argentino nos EUA à época, Lucio Alberto García de Solar, e Elliott Abrams, funcionário da Secretaria de Estado desse país, realizada em 1982, em Washington, na qual o primeiro informa que os desaparecidos estão mortos, mas que seus filhos foram entregues a outras famílias para serem criados e que a decisão do então presidente de fato Reynaldo Bignone era não revisar o tema nem devolver as crianças.

O material havia sido parcialmente aberto em 2002 e agora será conhecido o teor de três parágrafos que estavam inacessíveis até o momento. O documento havia sido requerido como prova para o processo relativo ao “Plano Sistemático de apropriação de Crianças” pela ditadura. O conteúdo é fundamental para provar a existência de una política definida e organizada desde os altos comandos das forças armadas para a apropriação de bebês de detidos desaparecidos.

Em maio de 2011, a Câmara de Deputados dos Estados Unidos rejeitou o pedido das avós para a abertura dos arquivos deste país sobre a última ditadura na Argentina. O presidente da Comissão de Inteligência da Câmara estadunidense, o democrata Maurice Hinchey chegou a tripudiar do pedido, argumentando que “seria uma perda de tempo e de recursos para os organismos estadunidenses de espionagem, que necessitam concentrar esforços para desmantelar organizações como a Al-qaida”

Até hoje, a organização formada para identificar o paradeiro das crianças – hoje já adultos – que nem sequer conhecem sua própria origem e identidade já encontrou 103 filhos de desaparecidos políticos. Estima-se que ao todo 500 crianças foram tiradas de sua família e registradas como filhas de integrantes da repressão, ou abandonadas em instituições sem identificação.

As Abuelas celebraram a disposição da Embaixada norte-americana na Argentina. A liberação do documento deixa a associação otimista. Em comunicado, elas afirmam esperar que seja o início da liberação de todos os documentos sobre a ditadura argentina de posse dos EUA.

Com informações da Carta Maior