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Corte de custo na produção: Total de "recalls" dobra em 8 anos

De acordo com o Ministério da Justiça, em 2011 foram realizados recalls de 75 produtos no Brasil, sendo veículos e motocicletas os produtos com as piores performances, com 41 e 14 trocas, respectivamente. Em oito anos o total de recalls mais que dobrou no país, já que em 2003 foram 33 campanhas de chamamento para corrigir defeitos de produtos vendidos aos consumidores.

Apesar da piora da qualidade, os números brasileiros ainda são bem inferiores aos registrados nos Estados Unidos, por exemplo, onde foram anunciados cerca de 60 recalls apenas em dezembro deste ano.

O economista Jardel Leal, do Dieese, questiona as teorias de "qualidade total" e os selos de qualidade, como ISO 9.000 e outros em meio ao aumento dos casos de recall.

"A indústria em geral bate na lógica do grau de satisfação do consumidor, da produção com erro zero, em nome de uma eficiência que não se verifica. Isso acabou sendo vendido para o mundo como sendo o novo padrão, mas não se concretizou", salienta o economista.

Por trás dessa lógica, Leal identifica a exigência cada vez maior para que o trabalhador se mantenha atento à produção, com margem cada vez menor de erro, fato que só aumenta a tensão já provocada pela concorrência de robôs e outras tecnologias.

"O livro sobre a Peugeot na França, O retorno à condição operária, de Sthefané Beaud e Michel Bialoux (Editora Boitempo), destaca a tensão que acabou sendo ampliada no processo produtivo por conta de uma competição que coloca os novos trabalhadores como os que buscam alta produtividade, a perfeição. E, agora, volta e meia estamos vendo recalls", resumiu, acrescentando que, cada vez mais, os produtos são feitos para durar menos.

Fonte: Monitor Mercantil