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 EUA anunciam cortes, mas querem manter hegemonia militar

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, anunciou nesta quinta-feira (5) a nova estratégia de defesa dos Estados Unidos, que prevê redução de forças e um orçamento mais austero, com enfoque no crescimento da capacidade de defesa da China, em detrimento das guerras contra a insurgência. As verbas de defesa poderão ter cortes de quase US$ 500 bi em uma década. Em 2011, o orçamento para fins militares foi de US$ 662 bilhões.

A nova estratégia vai traduzir-se numa diminuição das forças convencionais terrestres que, segundo fontes militares, poderá atingir 10 a 15 por cento dos atuais efetivos do Exército e do Corpo de Marines, o que equivale a dezenas de milhares de soldados.

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Mais significativo é ainda o abandono da doutrina, vigente há décadas, de que as forças norte-americanas teriam de estar preparadas para combater em duas guerras simultâneas. De agora em diante, o país deverá ser capaz de travar um conflito por vez, embora possa ainda atuar em aliança com outras nações.

De acordo com a Carta Maior, a redução numérica de tropas, contudo, deve ser compensada pela expansão de forças especiais, secretas, treinadas para ataques pontuais fulminantes, como a operação que resultou no assassinato de Bin Laden.

"Sobretudo, porém, a 'doutrina Obama' apoia-se fortemente em recursos tecnológicos. Inaugura-se uma nova era de atentados e sabotagens, baseados em cepas renovadas de vírus, ataques no ciberespaço, espionagem, uso de robôs e veículos não tripulados", diz o site.

O plano anunciado por Obama se concentra no que ele chama de eventuais desafios provenientes do Irã e da China, com enfoque para as forças aérea e naval, em prejuízo de futuras campanhas contra insurgentes, como as realizadas no Iraque e no Afeganistão.

A “revisão estratégica de defesa” estabelece um enfoque para o Exército norte-americano apropriado a uma época de austeridade, na qual a administração Obama se dispõe a cortar 487 bilhões de dólares em gastos militares no período de 10 anos.

Antecipando ataques de seus adversários republicanos em um ano eleitoral, Obama afirmou que as reduções em matéria de defesa serão limitadas e não afetarão o poder militar do país.
“Sim, nosso Exército será mais leve, mas o mundo inteiro deve saber: os Estados Unidos vão manter sua superioridade militar com forças armadas que serão ágeis, flexíveis e prontas a reagir ao conjunto de circunstâncias e ameaças possíveis contra os interesses do país”, disse.

O presidente garantiu que o país está “virando a página” após uma década de guerra no Iraque e no Afeganistão, e disse que a nova estratégia se concentrará cada vez mais na Ásia, onde preocupa o crescente poder militar – e, claro, econômico – chinês.

Segundo o documento de oito páginas, com a nova estratégia, o Exército norte-americano trabalhará com seus aliados para garantir a segurança no Golfo Pérsico e enfrentar o que acusam de ser uma “política desestabilizadora” por parte do Irã.

O interesse de Washington na Ásia é alimentado pelas preocupações sobre a força naval e o arsenal chinês de mísseis contra navios, que poderiam desafiar a superioridade militar americana no Oceano Pacífico e seu acesso ao Mar do Sul da China, rico em minerais.

“Esta região tem uma importância cada vez maior para o futuro da economia dos Estados Unidos e nossa segurança nacional. Isto significa, por exemplo, melhorar a capacidade para manter nosso domínio em tecnologia militar e nossa liberdade de ação”, concluiu o secretário da Defesa, Leon Panetta, confirmando as previsões da Carta Maior.

O novo plano sugere uma baixa do arsenal nuclear americano, mas não diz como, e prevê a redução da presença militar na Europa, também sem dar detalhes. Por outro lado, o documento de defesa ressalta a parceria dos EUA com a Otan.

Da Redação, com agências