Um papo honesto sobre o desemprego nos EUA
Acompanhe o diálogo imaginário – porém muito realista — entre um banqueiro capitalista (CB) e um jovem desempregado nos Estados Unidos (UY). O artigo é Caleb Maupin, para o Workers World.
Por Christiane Marcondes
Publicado 10/01/2012 16:35
CB: Obrigado! Obrigado!
UY: Por que você está me agradecendo?
CB: Porque você está desempregado e isso me ajuda muito. O desemprego é um grande negócio.
UY: Por quê?
CB: Por muitas razões! Ele faz os salários baixarem. O sujeito desesperado por um trabalho aceita receber uma renda bem menor. Eu posso inclusive fazer o pessoal que já trabalha comigo aceitar um corte salarial para a empresa permanecer competitiva. Quanto mais pessoas desempregadas, mais caem as expectativas e demandas de quem está empregado. Enquanto o consumo se mantém estável, mais lucros eu tenho.
UY: Então você prefere que eu seja um desempregado?
CB: Sim! Se você é um desempregado e é jovem, então pode voltar à escola. E eu posso conceder crédito estudantil para você pagar um curso que só lhe dará, como retorno, “melhor qualificação” para um posto de trabalho que existe apenas hipoteticamente.
UY: Entendo…
CB: Melhor ainda…você pode se tornar um deprimido por não encontrar emprego e eu posso lhe vender drogas caríssimas para tratar a sua “doença”, que nada mais é do que a infelicidade de não ter trabalho.
UY: Você seria capaz?
CB: Sim. Talvez você se desespere tanto que resolva roubar para sobreviver. Se você for pego e acabar na prisão, eu vou ganhar muito dinheiro. As prisões são outro grande negócio. Você sabe, o governo banca a maior parte dos gastos e, entre os vários investimentos dos banqueiros, estão os inúmeros contratos para fornecer benefícios para presos de todo o país, conseguimos contabilizar milhares de dólares com cada beneficiário.
UY: Mas eu preciso de um emprego!
CB: Bom, se não há emprego, talvez você possa optar pela carreira militar. Você pode ser enviado em missão para países como Líbia, Iraque ou Afeganistão e nos ajudar a manter o controle nesses lugares para banqueiros como eu. Quando algum país ao redor do mundo para de colaborar comigo e meus amigos banqueiros, nós podemos mandar você para o front e, enquanto arrisca a vida lá, nós nos tornamos mais ricos e poderosos aqui.
UY: Mas eu não quero me deprimir, nem acumular dívidas ou ir para a cadeia, tampouco levar um tiro em um país estrangeiro. O que faço?
CB: Esse problema não é meu. Se as coisas se complicarem para o meu lado, eu tenho muitos aliados de alto escalão no Congresso que vão me dar cobertura com o dinheiro dos impostos. Eles já nos deram trilhões de dólares e não há sinal de que vão paralisar essa operação.
UY: Mas isso não gera um déficit monstruoso? Eu já escutei falarem que o governo está gastando muito.
CB: Exatamente! Por isso estamos cortando todos os programas sociais. Educação, saúde, alimentação, tudo pode ser racionado desde que não retirem as mordomias dos banqueiros.
UY: Mas quem irá me financiar?
CB: Repito, esse problema não é meu. Mas tome a decisão que tomar, fique longe desses malucos que ocuparam Wall Street. Especialmente do grupo “Occupy 4 Jobs” (ou, em português, “ocupar em troca de trabalho”).Eu e meus amigos que integramos os tais 1% consideramos esses movimentos desestruturadores.
Com informações do Workers World