PCdoB/CE instala Fórum Estadual de Movimentos Sociais

Representantes de comitês municipais de mais de 15 cidades participaram do encontro que também reuniu parlamentares e secretários estaduais do PCdoB, além de representantes das diversas frentes de movimentos sociais: sindical, mulheres, juventude, negros, LGBT, indígenas, além de militantes e lideranças comunistas.

Nágyla Drumond, Secretária Estadual de Movimentos Sociais, destacou que a instalação do Fórum tem grande importância na medida em que abre mais uma porta para debater bandeiras unitárias em defesa do povo. “Nosso intuito é consolidar este espaço de debate político e integrar lutas e ações que perpassam pelas diversas frentes”. Nágyla destacou que os movimentos sociais necessitam ainda mais de um posicionamento altivo e protagonista na luta política nacional.

O Presidente do PCdoB/CE, Carlos Augusto Diógenes (Patinhas), que presidirá o Fórum, destacou os desafios do partido para 2012 e os próximos anos, além de ressaltar as bandeiras de lutas unitárias que podem unificar o movimento social dando a ele um caráter mais transformador com ações coordenadas. “Neste ano em que o PCdoB comemora 90 anos de fundação, nossa história demonstra uma luta de aprendizados e conquistas. Construímos um Partido maduro, com objetivos concretos e que tem projeto viável para a nação brasileira”, considera.

Os movimentos sociais no cenário atual

Para contextualizar o cenário atual, Patinhas relembrou a queda do muro de Berlim, em 1989, quando todos diziam que o fato simbolizava o fim do Socialismo. “O que caiu foi o modelo soviético e não a essência socialista. Hoje, 23 anos depois, o que vemos é o contrário: um mundo em transformação. Enquanto a China socialista, dirigida pelo partido comunista, cresce na faixa de 10% há 32 anos, grandes potências estão em decadência. A Europa e os Estados Unidos vivem um processo de recessão, crise do Capitalismo, fome, miséria e desemprego”, ratifica.

No Brasil, prossegue Patinhas, o cenário para os movimentos sociais é promissor. “Os dois mandatos do Governo Lula e a continuidade com avanços do Governo Dilma demonstram que os movimentos sociais ganharam espaço no país”. Neste momento, no cenário político, o comunista considera que a disputa da hegemonia acontece em dois campos. “O dos aliados, que aglutina diversas frentes; e o da oposição, enfraquecida em seu discurso”, avalia.

O dirigente destaca, dentre outras, duas bandeiras que deverão ser incorporadas pelo Fórum Estadual de Movimentos Sociais: a mudança da política macroeconômica, com destaque para a queda dos juros, e democratização da comunicação. “O PCdoB tem ideias e propostas concretas para o crescimento do país e elas perpassam por estas questões”.

Para Patinhas ter hegemonia junto aos movimentos sociais e na luta de ideias não basta. “É preciso ter força também na frente institucional. O PCdoB está transformando o movimento político, com sua influência, em diversas frentes dos movimentos sociais". Segundo o dirigente comunista, neste ano de eleições municipais, eleger prefeitos e vereadores é uma das formas de fazer crescer o Partido. “O município é a base de tudo. Para um PCdoB forte junto aos movimentos sociais, é preciso que o Partido cresça também em número de prefeitos e vereadores. Ter ideias e projetos são fundamentais mas é preciso ter força para que elas possam ser concretizadas”, ratifica.

O presidente estadual do PCdoB destaca a dinâmica de funcionamento do Partido. “O PCdoB surge como nova esquerda, com ideias, projeto e perspectiva de futuro. Fazemos parte de um Partido que atua no coletivo, com reuniões permanentes. O fortalecimento dele perpassa pelo fortalecimento dos seus comitês municipais. São eles que conhecem melhor a realidade de cada município e devem atuar como centros políticos de comando em cada cidade”.

Carlos Augusto destacou ainda que, para o fortalecimento das lutas dos movimentos sociais é preciso um projeto eleitoral ousado. “E o PCdoB está pronto para o embate. Além disso, destacamos que este ano comemoramos os 90 anos do nosso Partido. É tempo de mostrar nossa história. Neste encontro estamos discutindo que nossa luta, por menor que seja, faz parte de uma corrente maior, de um Partido de ideias, que se tornará grande em tamanho para transformar uma grande nação”.

Patinhas encerrou sua intervenção afirmando: “Fortalecer os movimentos sociais é fortalecer a nossa militância, os nossos comitês municipais e o nosso projeto eleitoral. Os comunistas cearenses, que nunca fugiram da luta, estão dando mais uma grande contribuição para a construção do caminho para o Socialismo”.

O PCdoB e os movimentos sociais

Lúcia Stumpf, Secretária Nacional dos Movimentos Sociais do PCdoB, ressaltou o caráter diferenciado do Partido em lidar com as questões sociais. “Nesses 90 anos de história, o PCdoB está ancorados na luta do povo brasileiro, enraizado com o povo e se colocando sempre a favor da luta em defesa do Brasil”.

Durante a realização do 12º Congresso Nacional do PCdoB, realizado no final de 2009, destaca a comunista, o Partido reafirmou a importância do tripé em que se apoia: frente dos movimentos sociais, a luta de ideias e frente institucional. “Este Fórum surge como combate ao esvaziamento das lutas sociais e com o objetivo de unificar a luta das diversas frentes para que não se perca a perspectiva transformadora da qual o PCdoB sempre fez parte”.

Lúcia destaca o cenário atual propício para uma maior atuação dos movimentos sociais. “Vivemos um momento ímpar na história do Brasil. Ao mesmo tempo em que comemoramos os 90 anos de história do PCdoB, vivenciamos um período democrático permanente, após a eleição do terceiro mandato de esquerda, apoiado pelo Partido. Isto nos permite ousar ainda mais, além de ser necessária também uma maior crítica em relação a nossa atuação. Precisamos encontrar, neste momento, uma forma de fortalecer a militância comunista”, ratifica.

Sobre a crise, Lúcia destaca que, “apesar de ter seu epicentro longe dos países em desenvolvimento, cada vez mais ela se alastra e causa reflexo neles”. “O que vemos em consequência disso é uma série de levantes populares em todo o mundo mas que precisam ser analisados com clareza. Muitas vezes, essas manifestações têm fim em si mesmas, por não terem uma força de esquerda, uma liderança ou mesmo um partido popular que as encaminhe capaz de conduzir a transformação efetiva no mundo”.

“Mas como fazer diferente no Brasil e na América Latina”, questiona Lúcia. “A crise chega com menor intensidade por aqui, mas nos atinge com efeitos como a diminuição de crescimento. E é a partir dos partidos de esquerda, que estão à frente dos governos da América Latina, que surge o momento de fortalecimento da resistência e da organização do povo”, confirma.

A Secretária Nacional de Movimentos Sociais do PCdoB destaca ser este o momento de fortalecimento da experiência democrática brasileira para a incorporação do povo em espaços reais de poder. “Podemos citar como exemplo as conferências nacionais de diversas áreas. O que vemos é uma certa institucionalização da luta do movimentos sociais não só no Brasil como na América Latina. O Senador Inácio Arruda e o Deputado federal Chico Lopes, são ótimos exemplos de lideranças de origem popular”.

Diante disso, Lúcia Stumpf destaca a necessidade de o Fórum Estadual de Movimentos Sociais compreender a responsabilidade na construção de novos rumos para o país. “Fortalecer o Fórum perpassa pelo fortalecimento das centrais sindicais, pela unificação do grande campo de mobilização, dos conselhos e conferências. A transformação do país acontece nas ruas, contra a elite que ainda domina não só o Congresso, mas também os meios de comunicação e capital brasileiro. Temos uma grande responsabilidade, a partir do PCdoB, de assumirmos o protagonismo nos movimentos sociais”, ratifica. A comunista destacou ainda o momento estratégico para a criação do Fórum Estadual de Movimentos Sociais. “Em ano de eleições, ele certamente cumprirá papel importante para o crescimento do Partido também na frente institucional”.

Mais participações

O Senador Inácio Arruda destacou a relevância da criação do Fórum no Ceará. “O PCdoB, cada vez mais, vem buscando dar destaque aos vários movimentos que atuam de forma correta, lutando por suas questões específicas. Com esta nova ferramenta, as bandeiras poderão ser unificadas. Movimentos comunitário, de trabalhadores, juventude e mulheres poderão combater juntos contra a mídia conservadora, por exemplo. Nosso Partido tem a compreensão política de entender o momento e de saber avançar”.

Inácio ratificou a importância de se defender a democratização dos meios de comunicação como uma das bandeiras que deve ser incorporada pelo Fórum. “Sofremos este bombardeio de acusações, não só aqui no Ceará mas nacionalmente, porque estamos incomodando. Estranho seria se não tivesse. Qualquer movimentação que signifique fortalecer o PCdoB vai incomodar sempre. Sofreremos ataques aqui e em qualquer lugar cada vez que criarmos mais raízes e laços com o povo e que defendermos as ideias, o crescimento e fortalecimento dos movimentos sociais”, avalia.

O Senador destacou ainda que 2012 é ano de eleições e que o fortalecimento dos movimentos sociais depende do crescimento do PCdoB. “Está tudo interligado. Neste ano de eleição, o PCdoB poderá sair ainda mais forte, elegendo o Prefeito de Fortaleza e de mais e 15 a 20 cidades do interior, como também poderá dobrar sua bancada de vereadores em todo o Estado. Com o Partido grande não só nas ideias, mas também na sua representação parlamentar, teremos mais força para nos contrapor às lutas que surgem contra o povo. Eleger mais representantes comunistas terá grande significado porque fazemos parte de um Partido que tem a capacidade de compreender e discutir política, além de ajudar a construir forças capazes de fortalecer nosso Partido”.

O Deputado Federal Chico Lopes e o Secretário de Saúde do Estado Arruda Bastos também participaram do encontro e destacaram a importância da instalação do Fórum dos Movimentos Sociais no Ceará. Diversas lideranças das variadas frentes populares contribuíram no debate apresentando propostas de temas e dando informes sobre cada área de atuação. Secretários estaduais do PCdoB também informaram sobre o que tem sido feito em cada núcleo e apontaram propostas para o fórum de unificação de bandeiras.

De Fortaleza,
Carolina Campos