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Síria rejeita proposta de golpe da Liga Árabe 

A Síria rejeitou nesta segunda-feira (23) a proposta da Liga Árabe para que o presidente Bashar al Assad deixe o governo e seja criado um governo de "unidade nacional" dentro de dois meses. O país qualificou este pedido – que mais se configurava como um golpe – de "complô conspiratório e ataque à soberania nacional”.

A proposta foi feita no domingo (22), após uma reunião no Cairo da qual participaram os ministros das Relações Exteriores de países membros da Liga Árabe. De acordo com um comunicado lido pelo premiê do Catar, xeque Hamad Bin Jassim Al-Thani, Assad deve "delegar os poderes ao vice-presidente para trabalhar em conjunto com um governo de unidade nacional", a ser formado dentro de dois meses. A postura é mais uma demonstração de que a mediação da Liga Árabe pretende favorecer o Ocidente e não o povo sírio.

De acordo com o documento dos chanceleres, o governo deve ser tocado por uma pessoa de "consenso", que aplique a rota traçada pelos países árabes. Segundo o correspondente da Telesur no Oriente Médio, "o governo de unidade proposto pelos chanceleres inclui todas as correntes das oposição síria, seja nacional ou residente no exterior".

A Liga Árabe anunciou que buscará a aprovação do Conselho de Segurança da ONU para sua proposta. Na reunião de domingo, teria sido levantada a possibilidade de enviar tropas árabes para a Síria, mas a maioria dos países rechaçou essa iniciativa. A oposição nacional síria também é contra a tendência de ir ao Conselho de Segurança da ONU ou internacionalizar o caso de qualquer maneira; o contrário pensa a oposição de fora do país.

Segundo a TV estatal síria, um representante do governo afirmou que a iniciativa "não reflete os interesses do povo sírio e é uma interferência flagrante nos assuntos internos da Síria e uma infração descarada dos estatutos da Liga Árabe".

A fonte oficial síria destacou que os ministros da Liga Árabe deveriam "assumir sua responsabilidade para evitar que os grupos terroristas que assassinam sírios inocentes e atacam prédios governamentais e as infraestruturas do Estado se financiem e se armem".

No entanto, os ministros (da Liga) optaram por fazer "declarações provocadoras" que refletem a conexão entre aqueles que pronunciaram essas palavras e um plano que pretende que a segurança do povo sírio seja através de uma chamada a uma intervenção estrangeira nos assuntos internos do país, assegurou a fonte.

Damasco acredita que a iniciativa da Liga Árabe para dar uma solução à crise na Síria vai contra os interesses de seu povo e não evitará que o país "avance em suas reformas políticas e traga segurança e estabilidade à sua gente, que demonstrou durante a crise seu apoio à união nacional".

O pedido da Liga Árabe foi feito apesar de, pouco antes, a sua missão observadora ter constatado, em um informe, o avanço do governo no cumprimento de "alguns compromissos". E de ter reconhecido que grupos armados têm atuado com violência contra instituições militares, a ordem pública, dependências estatais e a população civil – daí a referência da fonte ao combate aos terroristas.

Na mesma reunião de domingo, a Liga Árabe recomendou que os trabalhos da missão de observadores seja prorrogado por mais um mês, apesar das críticas à sua eficiência. Ativistas dizem que quase mil pessoas foram assassinadas no país desde o início da missão, em dezembro. Damasco ainda não se pronunciou sobre a permanência da missão.

Segundo a ONU, mais de 5 mil pessoas morreram na Síria desde meados de março passado. Já o governo sírio assinala que mais de 2 mil soldados foram assassinados desde essa data por grupos armados, cuja existência agora a Liga Árabe admite.

União Europeia e Rússia

Em uma reunião em Bruxelas nesta segunda-feira, chanceleres dos países da União Europeia (UE) manifestaram apoio ao plano da Liga Árabe e ampliaram a lista de indivíduos e empresas sírias que são alvos de sanções. Com isso, mas oito empresas e 22 indivíduos terão seus bens bloqueados e estarão proibidos de entrar no bloco.

Também nesta segunda-feira, o jornal russo Kommersant afirmou que a Síria comprará 36 aviões militares de treinamento da Rússia. De acordo com a publicação, o acordo para compra das aeronaves modelo Yak-130 tem valor estimado em US$ 550 milhões.

Se o acordo for confirmado oficialmente, será um sinal de apoio a Assad e de oposição às tentativas internacionais de pressionar o governo. Na semana passada, o chanceler russo, Sergey Lavrov, disse que a Rússia não via necessidade de oferecer “explicações ou desculpas” sobre suspeitas de que um navio do país entregou munição à Síria, apesar de um embargo de armas aprovado pela União Europeia.

A Rússia é aliada da Síria desde a era soviética e já vendeu ao país aeronaves, mísseis, tanques e outros armamentos. O Yak-130 é um jato bimotor para treinamento que também pode ser usado para atacar alvos em terra. Recentemente, a Força Aérea russa fez um pedido por 55 aeronaves deste modelo.

Com agências