Sem categoria

Sarkozy: o massacre da proteção social como única ambição

O presidente da França Nicolas Sarkozy anunciou neste domingo as derradeiras reformas de seu mandato, para tentar inverter a tendência nas pesquisas, em relação ao socialista François Hollande, considerado favorito às próximas eleições presidenciais na França. Ele posou de candidato, mas sem fazer a declaração formal.

Em pronunciamento na televisão, Sarkozy anunciou um aumento, a partir de 1º de outubro, da TVA, a taxa sobre o valor agregado, de 1,6 ponto percentual, que vai para 21,2%, sob o argumento de que pretende dar um "alívio" nos encargos sociais que estariam pesando sobre as empresas e estimular a "competitividade".

Em resumo, a ideia é suavizar o custo do trabalho, fazendo com que os consumidores financiem uma parte do sistema de bem-estar social. A reforma, que deve amputar o poder de compra, vem sendo motivo de inúmeras críticas.

O presidente francês também anunciou que a França vai se dotar, em agosto, de uma taxa de 0,1% sobre as transações financeiras. Ele tentará criar, com esta taxa, um mecanismo destinado, ao mesmo tempo, a desencorajar a especulação e a trazer novos recursos fiscais.

O anúncio ocorre em um momento em que acabaram de ser diviulgados os piores números do desemprego nos últimos 12 anos (a taxa roça o patamar dos 10%), enquanto o país entra em recessão.

Da reforma das aposentadorias à redução dos gastos públicos, Nicolas Sarkozy também aproveitou a fala na TV para louvar suas realizações na liderança da França, que "nunca em sua história esteve numa situação de crise", disse.

As declarações provocaram a reação do Partido Comunista Francês, que, em seu site, publicou várias considerações. Abaixo, o Vermelho as condensou, em tradução livre:

 
Sarkozy: Uma punhalada no poder de compra das pessoas

O presidente da França, Nicolas Sarkozy, apresentou, neste domingo (29), um de seus objetivos: acabar com a proteção social no país. Com o discurso de que pretende aumentar a competitividade das empresas francesas, ele decidiu não só isentar todas as contribuições familiares para os salários que vão até 2,1 vezes o salário mínimo, mas também aumentar o IVA (Imposto sobre Valor Agregado, que incide sobre produtos e serviços) para 21,6%. O que é um truque sujo!

A desoneração da folha de pagamento não é a solução. Pelo contrário, deve-se retornar a um financiamento apoiado no trabalho, que é o lugar da criação de riquezas. Deve-se contribuir com retornos financeiros na mesma altura dos rendimentos do trabalho e não se deve prometer para o mês de agosto um muito hipotético imposto sobre transações financeiras de 0.1%.

Depois de um período de cinco anos em que empurrou o país para a recessão e devastou o emprego industrial, Sarkozy decidiu, a poucas semanas da eleição, dar esses dois enormes presentes para os patrões. Primeiro presente: uma redução de 13 bilhões de euros de contribuições sociais dos empregadores pagas principalmente por um aumento do IVA, que é uma facada no poder de compra das pessoas.

Segundo presente: a possibilidade dos patrões escaparem a toda duração legal do tempo de trabalho sob o viés do dito acordo de competitividade. Todo o resto é para o futuro: campanhas publicitárias enganosas sobre o custo do trabalho, a regra de ouro para os governos locais, uma nova medida de desregulamentação do mercado imobiliário sob o pretexto da crise da habitação.

A máquina de guerra contra o mundo do trabalho foi lançada pelo presidente e candidato à reeleição. A desregulamentação do contrato social com a regra sobre a lei dada a acordos de empresas é um presente há muito esperado pelos empregadores. Tudo isso não é o enésimo e último golpe de força presidencial. Os privilegiados e os financistas verão suas vontades serem servidas até o final. Os assalariados não têm nada a esperar deste poder. A esquerda deve ser alternativa forte e crível a este massacre planejado.

Com agências