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Tá a fim de um trampo? Temos vagas!

Quando as redes sociais encabeçaram a articulação do movimento “Ocupar Wall Street”, um fracasso de “público” na mídia imperialista e um sucesso de “público” na vida real, elas mostraram que suas potencialidades são muito mais que virtuais.

Por Christiane Marcondes*

Pode-se considerar que a revolta dos estadunidenses contra a elite financeira, apresentada em imagens chocantes e números exuberantes de ativistas, foi um marco para as redes sociais, até então um espaço muito mais identificado com uma sala de bate-papo virtual do que com um palanque político de considerável poder.

É lógico que as redes sempre tiveram bandeiras, sempre arregimentaram causas, antes e depois de Wall Street, mas desde então se fortaleceram, consolidaram um papel no que se pode chamar de "cyberpolítica" e passaram a explorar com mais eficiência outras vocações.

Um exemplo? Este grupo “Tá a fim de um trampo”, para o qual fui convidada, embora eu esteja muito além da faixa etária média. Tampouco partilho dos ideais da turma, digamos que meus questionamentos e demandas sejam outros. Mas foi justamente esse distanciamento que me permitiu admirar e, aqui, neste espaço, apresentar a iniciativa.

Qual estudante ou recém-formado não precisa de uma força para o primeiro trabalho? Quem, nesse mesmo grupo, não precisa de dicas para acertar onde outros erraram? Quem pode, aos 20 e muitos anos, se dar ao luxo de dispensar interlocutores que espelhem ou resolvam os seus problemas?

Não preciso responder. É isso aí, o grupo se formou e já tem (até este exato momento, dia 02 de fevereiro de Iemanjá) 901 membros de todo o Brasil. Não, não há uma empresa de recursos humanos comercializando os esforços. E ainda que houvesse, a vastidão da internet, num campo como esse, não permite monopolização. Tanto que os Estados Unidos, já conscientes de que o imperialismo na rede é outro, querem censurar essa até agora indomável mídia.

Voltando aos membros desse time, cada um deles pode colocar seu sonho num post e enviar por ondas virtuais até praias distantes, assim como em tempos românticos da imaginação os pedidos de socorro dos náufragos em ilhas desertas eram enviados em papéis bem dobrados dentro de uma garrafa jogada ao mar… Não há ilha deserta na internet e as chances de o seu recado chegar, via cybercomunicação, são bem maiores.

Vejamos…“quero um trampo em Floripa”, ou “preciso dividir uma casa em Ouro Preto”. Quem ajuda? Os destinos podem ser também mais longínquos como o típico “quero surfar na Austrália, alguma dica de trampo lá?”.

Para mim, com essa galera, surgiu a oportunidade de divulgar vagas que chegam ao meu e-mail e que faço  circular entre os conhecidos sem nenhuma assertividade. Agora as vagas irão para os candidatos certos.

A internet ainda é um campo de mediação controvertido, mas tenho a minha teoria de que ela encurta distância, apesar de muitos pensarem que ela distancia as pessoas. O que você acha?

Vou apresentar o grupo e a proposta para você. Quem sabe você não tenha um emprego ou um quarto para oferecer para essa turma decidida e atirada? É a rede cumprindo outro de seus papéis sociais.

Entra no Facebook e procura "Tá a fim de um trampo?", eles dizem que há vagas. Só um detalhe, coisa de maiores de trinta: afim se escreve separado, "a fim", mas isso fica entre nós, não desqualifica a galera. Eles grafaram "afim" e ponto.