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Seca leva 70% do RS a decretarem situação de emergência

Cerca de 70% dos municípios do Rio Grande do Sul já decretaram situação de emergência por causa da seca que atinge a região há cerca de cinco meses. Dos 497 municípios, 340 foram atingidos pela estiagem.

A Defesa Civil no estado informa que as chuvas que têm caído na região não são suficientes para aplacar os efeitos da seca, especialmente nas plantações de milho e de soja.

A colheita do feijão, que atinge dois terços da área plantada no estado, teve perdas de 6,47%. A perda pode causar aumento da procura e do valor da saca do feijão.

Previsão do tempo

A previsão para o final de semana é de chuva com possibilidade de queda de granizo no sul do estado. Nas demais regiões, tempo nublado com pancadas de chuva. Também há riscos de temporais o Instituto Nacional de Meterologia (Inmet) reforçou o alerta para a possível ocorrência de chuva forte, com rajadas de vento, descargas elétricas e possibilidade de queda de granizo em áreas isoladas no Sul e Oeste.

No entanto, o calor no norte do Estado pode chegar a 40°C. Mas também há previsão de tempestades.

Transgênicos não resistem

Produtores locais informam que a seca no sul do país está produzindo efeitos devastadores na soja transgênica. As variedades geneticamente modificadas, que dominam a sojicultura no Rio Grande do Sul, sofreram perdas maiores do que as convencionais. Isso porque as sementes transgênicas foram contrabandeadas da Argentina, não estavam aclimatadas, por isso apresentaram menor resistência à escassez de água, segundo Narciso Barison, presidente da Associação dos Produtores e Comerciantes de Sementes do Estado (Apassul).

As variedades convencionais, desenvolvidas por empresas nacionais, certificadas e adaptadas à região, tiveram melhor desempenho. A diferença de perdas variou segundo as condições de cada plantação, atingindo “um máximo de 25%”, calculou.

A norte-americana Monsanto, que desenvolveu soja resistente ao seu herbicida glifosato, e assim potencializa a venda dos dois produtos, rebateu a comparação. “A intensidade da seca não permite comprovar diferenças de produtividade”, afirmou Ricardo Miranda, diretor de Desenvolvimento de Produto da empresa. “Nenhuma soja suporta esse nível de estresse hídrico”, que em algumas áreas causou a perda de 80% dos cultivos, argumentou.

A Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater) calculou uma redução de 61,04%, em média, a produtividade dessa oleaginosa no estado, caindo dos esperados sete mil quilos por hectares para apenas 782 quilos. Dessa forma, os 8,3 milhões de toneladas de produção esperados caíram para 3,2 milhões de toneladas.

Vale lembrar que a soja Roundup Ready (RR) da Monsanto começou a entrar ilegalmente no Rio Grande do Sul há quase 10 anos e se expandiu para cerca de 80% da área plantada, segundo avaliações que são difíceis de comprovar.

Nos últimos dois anos, diante do fato consumado, o governo procurou dar legalidade temporária à soja proibida através de sentença judicial de 1999. Agora, com a Lei de Biosegurança aprovada pelo Congresso, se busca uma solução definitiva para as incertezas jurídicas que afetam a nova tecnologia no Brasil.

A plantação clandestina e a confusão jurídica dos últimos anos deixaram em situação crítica o setor de produção de sementes, especialmente no Rio Grande do Sul. Suas empresas foram afastadas do mercado diante do avanço dos transgênicos, cujas sementes não podiam produzir legalmente.

Com Agência Brasil e Tierramérica