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Walter Sorrentino: Estudar também é lutar

Os quadros nacionais do PCdoB receberam, na semana passada, o dossiê de Estudos Estratégicos: “As fronteiras da ciência, implicações produtivas e filosóficas”. O curador é o cientista Olival Freire Jr, membro do Comitê Central.

Por Walter Sorrentino*

É o terceiro dossiê de Estudos Estratégicos que está mantendo uma regularidade mensal e foram distribuídos os dossiês de Elias Jabbour, “O comércio internacional e uma abordagem da questão nacional e da transição”, e de José Carlos Ruy, “Povo uno – a formação do povo brasileiro”.

Inclusive, o surgimento de EE motiva expectativa em quem deseja tê-lo mas ainda não teve acesso. Explica-se: logo mais os dossiês serão postados em uma página destinada a EE aqui no Portal da Organização para que todos que anseiam ampliar os conhecimentos científicos, políticos, estratégicos ligados ao programa socialista do PCdoB poderem acessar.

Quem examina a cena atual do mundo e do Brasil não pode deixar de constatar: os próximos vinte anos serão bem interessantes. Instáveis e de curso imponderável, até perigoso em termos das guerras que se prenunciam. No Brasil, os desafios para abrir caminho mais decidido ao desenvolvimento soberano, que enfrente as questões estratégicas de uma nação ainda débil em termos de defesa de seus próprios interesses, permanecerão intensos. No fundo, trata-se de romper com o círculo de ferro das orientações prevalecentes no mundo, que marcam a hegemonia do capital financeiro; igualmente, alcançar reformas democráticas estruturantes para a nação desenvolvida e soberana, democrática, de progresso social, integração regional sul-americana e sustentável do ponto de vista ambiental.

É a luta, que se prenuncia mais frutífera devido à crise capitalista mundial, que afeta sobremodo as nações da tríade EUA, Europa e Japão. O mundo não será como antes em nenhuma hipótese, malgrado o tempo necessário para as manobras e choque econômicos, políticos, diplomáticos e militares. Qual será o lugar do Brasil nesse mundo?

Estudos Estratégicos se relaciona diretamente com essa perspectiva. Lutar é também estudar; estudar é também lutar, mormente em tempos como estes. Lênin, em plena época de refluxo do movimento revolucionário, num mundo em preparação acesa da primeira guerra mundial, debruçou-se a fundo no estudo, em Berna, de temas até filosóficos (como pex os Cadernos Filosóficos sobre a obra de Hegel), que lhe permitiram um novo descortino do marxismo para a nova época do imperialismo. Foi um momento de superação, precedido de lutas, também sob a forma de estudo profundo.

Para o PCdoB, o estudo proposto nos dossiês de Estudos Estratégicos, notadamente se prestam à formação de uma nova geração dirigente comunista, para os próximo dez-quinze anos. É uma renovação de conteúdos e meios para essa caminhada. Denotam o quê e como estudam os comunistas, preparando-se para papeis vocacionados para a grande política transformadora. Partindo sim do marxismo, mas apropriando-se dele para o estudo profundo dos reais dilemas da nação brasileira, concretos, na perspectiva estratégica do Programa Socialista.

Será um sério problema subestimar o estudo nos dias atuais, e isso vale mais ainda para aqueles que se dispõem a dirigir a corrente organizada de pensamento e ação dos comunistas no Brasil. A luta de idéias é a mãe de todas as batalhas, e ela tem seu modo próprio de condução: depende da disposição, consciência e esforço individual, mais que quaisquer outras formas de lutas.

Estudos Estratégicos veio para ficar. Esperamos que seja apropriado pelo seu público-alvo privilegiado e, logo mais, se prestará a todo o público interessado nas ideias avançadas concretas para mudar o Brasil.

* Walter Sorrentino é secretário nacional de Organização do PCdoB