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Chanceler russo chega à Síria; povo vai às ruas agradecer apoio 

Milhares de sírios balançaram bandeiras da Rússia para receber o ministro russo das Relações Exteriores, Sergey Lavrov, que desembarcou em Damasco nesta terça-feira. A população foi às ruas agradecer a posição firme de apoio ao presidente Bashar AL-Assad, que o país europeu tem mantido no palco internacional. A visita oficial acontece dias após a Rússia e a China terem vetado uma resolução do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) contra Assad.

Partidários de Assad recebem chanceler da Rússia, Sergey Lavrov, em Damasco, na Síria / Foto: AP

Reiterando essa posição, as primeiras declarações de Lavrov em território sírio foram em favor de Assad: “Todos os líderes de todos os países têm consciência das suas responsabilidades. E você tem assumido as suas”, afirmou, no início da reunião com o Presidente sírio. O chefe da diplomacia russa frisou também que Moscou quer “que os povos árabes vivam em paz e acordo”, sinalizando a necessidade de uma solução para a atual crise naquele país.

As autoridades russas tinham anunciado esta visita no domingo passado, frisando que Lavrov irá discutir com Assad a “concretização rápida de reformas democráticas indispensáveis” naquele país

Imagens da rede de televisão estatal da Síria mostraram o comboio de Lavrov passando pelas ruas de Damasco em meio a uma multidão que demonstrava gratidão ao veto na ONU. “Estou aqui para agradecer a Rússia por se manter firme diante da conspiração mundial contra a Síria”, disse a manifestante Manya Abbad, 45 anos. “Gostaria que os países árabes adotassem a mesma postura.”

O chefe da diplomacia russa não havia revelado os detalhes da missão que foi solicitada pelo mandatário Dmitri Medvedev. "Quando se trata de um encargo como este, a mensagem só se revela direto ao destinatário", explicou o chanceler antes de partir a Damasco.

Especialistas locais destacam que uma das tarefas da delegação russa poderia consistir em conhecer na prática os detalhes do que ocorre na nação Síria, no meio da imagem distorcida oferecida por meios de imprensa ocidentais.

Um segundo objetivo da visita seria conhecer mais sobre a oposição, relutante a iniciar um diálogo com o governo, ao sentir-se respaldada pelo Ocidente que só põe ênfase na resposta do Estado sírio a ações violentas de grupos armados.

Nesse sentido, a parte russa considera que o projeto de resolução marroquino, levado ao Conselho de Segurança (CS) da ONU e vetado pela Rússia e China, enviou sinais desequilibrados às partes na Síria, ao propor exigências somente ao governo de Al-Assad.

Algumas qualificações do Ocidente sobre o resultado da votação no CS “podem ser consideradas indecentes, quase a ponto de histeria”, declarou Lavrov. “Aquele que fica bravo, quase nunca está correto”, afirmou o chanceler russo em tom enigmático.

“O principal agora é evitar que a situação saia do controle e desemboque em uma verdadeira guerra civil”, afirmou o diplomata russo.

Alguns opositores, que pretendem criar um novo agrupamento, no qual reconhecem abertamente a existência de mercenários entre suas fileiras, como já denunciou o governo, atacam patrulhas, ônibus e ambulâncias, assim como dinamitam edifícios, divulga a imprensa russa.

Ontem, o ministro russo do Exterior advertiu sobre a intromissão nos assuntos internos da Síria por parte da Liga Árabe, ao sustentar uma conversa telefônica com o secretário geral dessa organização regional, Nabil Al-Arabi.

O titular russo do Exterior chamou Al-Arabi a buscar enfoques mais equilibrados para a situação no Estado sírio.

Os Estados Unidos expressaram já ter a expectativa de que a visita do chefe da diplomacia russa sirva para “fazer entender com clareza” ao governo de Assad “o quanto está isolado” no palco internacional.

Por seu lado, o Governo chinês disse hoje esperar que o encontro de Lavrov com o Presidente sírio “dê frutos”, insistindo na ideia de que é necessária uma solução diplomática para pôr fim à violência no país. Porta-voz do Ministério chinês dos Negócios Estrangeiros, sugeriu que Pequim pretende mandar um “emissário aos países da região” e “desempenhar um papel construtivo para encontrar uma solução política para a crise na Síria”.

Com agências