Piñera paga salários miseráveis aos seus trabalhadores no Chile
Na campanha presidencial de Sebastião Piñera, um dos pontos fracos mais explorados por seus adversários era o relacionado aos seus negócios e um passado empresarial que esteve várias vezes à beira do legal com respeito ao tratamento dado aos seus trabalhadores ou seu comportamento financeiro para erigir uma das maiores fortunas do país.
Publicado 07/02/2012 12:43
Custou ao hoje presidente do Chile vender sua participação na Lam – empresa que hoje está em negociações com a TAM – , o canal de TV Chilevisión ou suas ações no Colo-Colo, o time de futebol mais popular do país. Encurralado pela pressão pública e sendo já mandatário, não teve outro caminho a não ser vender, não sem reconhecer que lhe doía desfazer-se de suas empresas que o converteram em multimilionário, com uma fortuna de 2,2 bilhões de dólares segundo a revista Forbes.
Pois bem, dois anos se passaram desde que o presidente de direita chegou ao poder e as encrencas empresariais não param. Duas trabalhadoras da seção de lavanderia do Complexo Turístico Bahía Coique, do qual Piñera é dono, o enfrentaram acusando-o de pagar-lhes menos que salário mínimo chileno (US$ 380) e ignorar suas reivindicações anteriores, em atitudes francamente “discriminatórias”.
Piñera, que se encontra em férias, visitou no domingo passado um amigo no sul do Chile, onde recebeu a reclamação de Patricia Oporto e Luz Herrera, as funcionárias da colônia de férias, que asseguraram ter recebido durante anos “salários miseráveis, e ainda suportaram jornadas extenuantes com apenas um dia livre na semana.
“Me pagam 145 mil pesos (US$ 300) e não se vive só com isso. Ele diz sempre na televisão que seu pessoal é bem pago, e isso é mentira. “Vocês compreendem, com 145 mil pesos, o que faz uma mãe solteira? No ano passado, nós quisemos falar com Piñera aqui e ele disse que não falava com o pessoal que trabalhava pra ele, porque nós éramos pouca coisa”, afirmou Herrera.
“Ele sempre enche a boca dizendo que os trabalhadores dele são os que ganham melhor salário, e isso não é verdade”, insistiu a mulher, que assegura que empregadas e pessoal doméstico se encontram na mesma situação que as lavadeiras.
Acuado pela opinião pública, o Ministério do Trabalho anunciou nesta segunda-feira que equipes da inspeção do trabalho se mobilizarão para fiscalizar em campo o Centro Turístico Bahía Coique, na região dos Rios onde o presidente Sebastião Piñera passa suas férias.
Esta informação foi confirmada pelo titular da pasta, Brum Baranda, após se conhecerem as denúncias das trabalhadoras do lugar, que afirmam trabalhar de segunda a domingo, recebendo menos que o salário mínimo.
O porta-voz do Governo, Andrés Chadwick, esclareceu o assinalado pela autoridade do trabalho e confirmou que o centro hoteleiro encravado na Região dos Rios é de propriedade do Presidente Sebastião Piñera.
Entretanto, o secretário de estado minimizou a afirmação de que o mandatário tivesse más intenções, uma vez que “como todo o país sabe, o presidente, desde que assumiu seu cargo, abandonou por completo todo tipo de participação e administração em qualquer de seus bens e atividades empresariais”, disse Chadwick.
Fonte: Carta Maior