Barein: Forças sauditas apoiam repressão a xiitas
Agentes policiais do Barein, apoiados por soldados e blindados de Arábia Saudita, atacaram violentamente nesta terça-feira (14) opositores pacíficos que tentavam comemorar o primeiro aniversário do início das revoltas contra a monarquia Al-Khalifa.
Publicado 14/02/2012 16:08
Fontes da oposição xiita, liderada pelo partido El-Wefaq, afirmaram que durante a madrugada numerosos tanques e carros militares sauditas cruzaram a estrada Rei Fahd, que liga o reino wahabita ao Barein, para dar auxílio à Guarda Nacional da pequena ilha.
Os militares intensificaram sua presença no centro de Manama para impedir o que o governo bareinita descreveu como "atividades ilegais" dos manifestantes, que foram reprimidos com crueldade quando se aproximaram da rotatória, onde há um ano se situava a praça Pérola.
Esse lugar, arrasado pelas autoridades que derrubaram a escultura que lhe dava nome, se converteu em símbolo do levantamento popular iniciado há exatamente um ano para exigir reformas democráticas, liberdades políticas e direitos para a população xiita, majoritária.
O Executivo, submisso ao rei Hamad bin Isa Al-Khalifa, valeu-se do apoio militar estrangeiro, assim como fez em fevereiro de 2011 com efetivos sauditas e emiradenses, para aplicar "as medidas preventivas necessárias" e impedir novas reivindicações da oposição.
A Guarda Nacional e unidades do Ministério do Interior fortemente armadas impuseram um rigoroso cordão de segurança na rotatória ainda chamada Pérola, lançando gases lacrimogêneos, balas de borracha e espancando ativistas, segundo várias denúncias.
No entanto, o governo bareinita assegurou estar cumprindo seus compromissos de introduzir reformas políticas e frear a violência policial, tal como sugeriu uma comissão que investigou e criticou a brutalidade de fevereiro e março de 2011, quando morreram 35 manifestantes.
Grupos xiitas, ao contrário, afirmaram que as autoridades não fazem o suficiente e por isso justificaram a mobilização comemorativa para pedir o fim da monarquia absoluta amparada pelos Estados Unidos e a União Europeia ou, quando menos, profundas reformas democráticas.
Algumas faixas chamavam o governo do presidente Barack Obama, que usa o Barein como base para sua Quinta Frota no Golfo Pérsico, a condenar categoricamente a repressão governamental, em lugar da dupla moral aplicada nos casos da Líbia e agora com a Síria e o Irã.
As críticas dirigiram-se também contra as monarquias de Arábia Saudita, Omã, Emirados Árabes Unidos, Catar e Kuwait, que – disseram – "fazem vista grossa" no Barein e "satanizam" o governo sírio.
Apesar do forte cordão policial, os ativistas xiitas saíram ontem à noite e nesta madrugada às ruas nas aldeias xiitas de Bilad al-Qadim e Sitra, perto desta capital, e avançaram cerca de dois quilômetros para a rotátória Pérola antes de serem obrigados a recuar.
Dados da oposição asseguram que, além dos 35 mortos nos meses de fevereiro e março de 2011, a repressão constante a outras demonstrações de descontentamento ao longo do ano passado provocou ao menos 60 mortes violentas, inclusive de quatro policiais.
Fonte: Prensa Latina