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Estudantes dizem que suspensão é ato de truculência da Unicamp

Após onze meses de processo, a Universidade de Campinas (Unicamp) publicou, no Diário Oficial, no último dia 2, decisão na qual suspende, por seis meses, cinco estudantes da instituição, por terem ocupado o prédio da administração da moradia da Unicamp em 2011.

Em entrevista ao Vermelho, Gabriel Chaves, coordenador do Diretório Central dos Estudantes (DCE), diz que essa notícia não surpreendeu, pois a universidade tem uma prática antiga de desorganizar os movimentos reivindicatórios. “A reitoria tem uma prática de enfraquecer o movimento, seja financeiramente, seja por meio de ameaça, punição ou sindicância quando os movimentos se reúnem coletivamente. Existe um movimento de repressão por parte da reitoria”, denuncia o estudante.

Gabriel Chaves lembrou que, atualmente, nove funcionários estão sofrendo ação criminal movida pela reitoria. Segundo ele, esses trabalhadores estão sendo punidos por participarem de mobilizações reivindicatórias para valorização da categoria.

Uma das alunas sindicadas, Bruna Alem Santinho, que também é militante do movimento estudantil, informou ao Vermelho que a truculência da administração da Unicamp vai além das suspensões e frisou que a universidade não comunicou a decisão aos estudantes citados.

“Ela [reitoria] não comunicou, não deu prazo para recurso e nem chamou para conversar. Essa punição gerará diversos problemas aos estudantes, pois não poderemos realizar matrícula. Alguns deles podem perder seus mestrados e doutorados que estão em fase de finalização, além de perderem bolsas, inclusive a bolsa moradia e alimentação", desabafa a estudante.

A estudante acrescenta que esse é apenas um dos problemas que universidade tem sofrido. “Esta situação faz parte do processo de destruição e privatização da universidade pública brasileira. O elo mais fraco da corrente, os setores que dependem das políticas de permanência estudantil são os principais atingidos. Tudo isso é reflexo das políticas educacionais propostas pelo governo Geraldo Alckmin que tem como foco a precarização, seguida de privatização das universidades no estado”, denuncia.

Para a estudante de mestrado e pesquisadora do grupo de História, Sociedade e Educação no Brsil (HistedBr), Miriam Porfírio, o problema de moradia na Unicamp é antigo e destaca que já há mais de duas décadas os alunos têm sofrido com a reduzida estrutura da Universidade. “Nossa reivindicações são legítimas e não poderíamos nos calar diante dessa truculência. Sei que com essa suspensão talvez eu não consiga defender minha dissertação de mestrado e concluir meus projetos acadêmicos”, externa Miriam Porfírio.

Em defesa dos estudantes

O Diretório Central dos Estudantes (DCE) publicou nota de repúdio contra a decisão da universidade.

Segundo a nota, a atual gestão da Unicamp vai na contramão da defesa de uma universidade pública, gratuita, de qualidade e verdadeiramente democrática, que garanta o acesso e permanência dos estudantes de baixa renda.

Em nota o DCE informou que realizará nesta quinta-feira (16), às 23 horas, assembleia com os estudantes para organizar uma agenda de luta e garantir que os cinco estudantes não percam seus vínculos acadêmicos.

Joanne Mota, da Redação do Vermelho