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Estudantes denunciam mais um ato truculento do reitor da USP

Na manhã deste domingo (19), A Moradia Retomada foi invadida pela Tropa de Choque e se deu voz de prisão a 12 estudantes que ocupavam um prédio da Universidade de São Paulo (USP).

Segundo informações da Secretaria de Segurança Pública (SSP), os 12 estudantes foram levados ao 14º Distrito Policial, em Pinheiros, na zona oeste da capital.

Usando as Redes Sociais, o movimento Moradia Retomada informou à ação. “Nós, moradores do Moradia Retomada, estamos, neste momento, presos na 14º DP de Pinheiros.”

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Pelo Facebook os estudantes desabafaram seu repúdio à ação da polícia, “esta é a folia do Rodas [João Grandino Rodas, reitor da universidade] e do PSDB [partido que governa o estado de São Paulo]!!!”. O movimento reivindica o aumento do número de vagas para moradia na USP.

Em protesto, a Assembleia Nacional dos Estudantes Livre – SP (Anel – SP) postou em seu blog nota de repúdio à ação.

Conheça a nota na íntegra:

Lutar não é crime! Liberdade e anistia aos 12 estudantes presos da USP!
Nesta manhã de domingo de carnaval, mais um triste fato marca a história da Universidade de São Paulo. Por volta das 5h da manhã, mais uma vez o Reitor Rodas acionou a Polícia Militar para sitiar a Universidade, dessa vez para acabar com a ocupação da Moradia Retomada. 12 estudantes foram presos, apesar de não terem resistido.

Lutar não é crime! Repudiamos categoricamente a ação truculenta de Rodas e da PM! Defendemos a liberdade imediata aos 12 colegas presos e exigimos anistia completa de todos os estudantes!

Infelizmente, a truculência e a falta de diálogo têm sido a marca da Reitoria da Universidade de São Paulo. Depois do dia que a USP amanheceu literalmente sitiada, com 400 homens do batalhão de choque para prender 73 estudantes, depois da tentativa de derrubar a sede do Núcleo de Consciência Negra, depois de expulsar 6 estudantes que participaram da luta pela Moradia Retomada, depois de lacrar e retomar o espaço estudantil, Rodas mais uma vez mostrou a que veio: Reprimir para privatizar!

Em março de 2010, diante da triste situação da assistência e permanência estudantil na USP, quando mais de 100 calouros que tiveram o alojamento emergencial negado pela Coordenadoria de Assistência Social, estudantes retomaram um espaço no Conjunto Residencial da USP (CRUSP) que havia sido tomado pela Divisão de Promoção Social da COSEAS e pelo banco Santander, inviabilizando a utilização do espaço como moradia estudantil. A então Moradia Retomada foi uma forma de viabilizar moradia a estudantes que não conseguiam passar pelo “pente fino” da Reitoria para garantir o que deveria ser um direito: a moradia estudantil assegurada pela Universidade.

A realidade atual da Universidade de São Paulo é de uma grande disputa entre aqueles que defendem uma Universidade pública, gratuita e de qualidade, autônoma, guardiã do livre pensar, e aqueles que querem o desmonte desse modelo. Rodas comprou essa briga! A privatização e terceirização dos serviços têm sido o carro-chefe da Reitoria. Todos os últimos acontecimentos na USP são a tentativa de garantir a adequação ao projeto do governo do PSDB, de uma larga adequação do ensino público às demandas essencialmente privadas. Por isso que o Reitor Rodas é ofensivo na batalha contra os movimentos sociais organizados na Universidade. Rodas quer calar os milhares de estudantes, professores e funcionários que acreditam e lutam para construir uma USP cada vez melhor, mais segura e moderna, defendendo também seu caráter público e gratuito.

Queremos qualidade de ensino e não repressão!

Tendo em vista que a educação, especialmente o ensino público, não tem sido prioridade dos governos, a assistência estudantil tem se tornado cada vez mais precarizada. No estado de São Paulo essa situação é ainda mais grave uma vez que para adequar a educação pública às demandas privadas, os estudantes sem poder aquisitivo não têm vez. Com a tentativa de construir universidades cada vez mais elitizadas, a assistência estudantil está sendo literalmente desmontada.

Em todas as estaduais paulistas o problema de falta de bolsas, falta de moradia e serviços de assistência estudantil fazem parte da realidade universitária. As reitorias e o governo do PSDB tratam como caso de polícia o que deveria ser tratado como um direito.

Além do triste ocorrido na USP nessa manhã, somado à expulsão dos 6 estudantes em janeiro, na Unicamp 6 estudantes também acabam de ser suspensos por 6 meses, sem direito a nenhum vínculo com a Universidade, por terem participado de uma luta por moradia estudantil. A repressão no campus, através da presença ostensiva da PM, fecha, portanto, um ciclo do fim completo da democracia, transparência e autonomia universitária, adequando as estaduais paulistas a um largo projeto de elitização e privatização.

A assistência estudantil é um direito e deve ser tratada como tal. Acreditamos que ela deve ser plena, gratuita e de qualidade e por isso lutamos para que a qualidade de ensino seja associada a uma política efetiva de assistência em termos de moradia, alimentação, saúde, cultura, lazer e demais condições necessárias ao desenvolvimento pleno da formação acadêmica. Seguiremos na luta em defesa de uma USP pública, a serviço do povo pobre e trabalhador!

O apoio jurídico da CSP-Conlutas já se encontra na 14º DP para auxiliar os estudantes! Entre os 12 presos temos uma estudante grávida de 8 meses e um menor de idade! Chamamos as entidades e movimentos a prestarem solidariedade e a se somarem numa ampla campanha contra a ditadura de Rodas e do PSDB na USP!

Com agências