Discurso eleitoral de Sarkozy deixa de lado arrocho e desemprego
O presidente da França, Nicolás Sarkozy, tentou apagar os aspectos negativos de seu governo, durante o primeiro grande comício eleitoral em Marselha, opinaram nesta segunda (20) rivais políticos e editores de alguns meios de comunicação.
Publicado 20/02/2012 14:45
No ato deste domingo (19) o presidente se apresentou como "o candidato do povo". Segundo ele, graças às suas medidas de arrocho foi evitada uma catástrofe no país como consequência da crise da dívida pública europeia. Sarkozy arremeteu mais uma vez contra a imigração, à qual assinalou como a condutora à bancarrota do sistema social francês.
Nicolas Demorand, do jornal Liberation, opina que a tônica da campanha do presidente será fazer a população esquecer todos os problemas acumulados nos últimos tempos, os quais ficaram sem nenhuma resposta em seu mandato.
Durante os cinco anos do atual governo, o desemprego atingiu cifras históricas e afetou quase 10% das pessoas em idade de trabalhar, ao mesmo tempo que diminuiu o poder aquisitivo das famílias.
O aumento dos impostos ao consumo, as exonerações fiscais às empresas e a diminuição de encargos aos grandes capitais diminuíram as simpatias pelo presidente entre os setores médios e baixos da sociedade francesa.
Jean-Paul Pierot, do l'Humanité, assegurou nesta segunda-feira (20) que "seria bem mais fácil para o candidato-presidente se tivesse frente a si a um povo sem memória" e assinalou que Sarkozy ao invés de ser o governante da ação, foi mais bem dos acionistas.
Por sua vez o candidato do Partido Socialista, François Hollande, qualificou o comício em Marselha de ato de campanha violento e agressivo. Em um gesto considerado como um passo a mais para os eleitores da extrema direita, Sarkozy se pronunciou contra o atual modelo de eleição dos deputados e apoiou um sistema de cotas proporcionais, como demanda a Frente Nacional de Marine le Pen.
Sobre esse assunto, o centista François Bayrou criticou a intenção de mudar as regras para a eleição de deputados à Assembleia Nacional, faltando menos de três meses para as eleições legislativas de junho.
No campo da governista União por um Movimento Popular (UMP), o discurso do presidente foi saudado como uma mostra de força e coragem frente à delinquência, o desemprego e todos os problemas que afetam a França.
A acelerada polarização no debate entre a UMP e seus principais rivais foi lamentada pelo editor da Croix, François Ernenwein, porque, assegurou, só conduz ao empobrecimento do discurso e a ausência de propostas sérias.
Fonte: Prensa Latina