Argentinos não aceitam revisar política sobre Malvinas
Inúmeras personalidades da Argentina recusaram nesta quarta-feira (22) o apoio a um texto assinado por um grupo de intelectuais que pede a revisão da política oficial sobre o conflito com o Reino Unido pela soberania das Ilhas Malvinas.
Publicado 22/02/2012 19:23
De acordo com a opinião do senador Aníbal Fernández, o documento denominado Malvinas, uma visão alternativa, tem como fim "condicionar o governo" sobre sua postura a favor do diálogo para a solução da questão.
"Estes intelectuais da moda, impulsionados pelos meios que os publicam, esgrimem um documento cheio de inexatidões. Absolutamente contrário aos desejos e ao sentimento da maioria do povo argentino", frisou
Segundo afirmou, o texto propõe que a soberania do arquipélago deve ser resolvida pelos moradores da ilha, ou Kelpers, como são conhecidos no Reino Unido os habitantes desse território.
Para o senador Daniel Filmus, aqueles que sustentam esse critério opõem-se à resolução da ONU que desde 1965 recomenda a ambas as partes prosseguir as negociações" para uma saída à controvérsia iniciada em 1833, quando o Reino Unido ocupou as Ilhas pela força.
Filmus assegurou à agência de notícias Télam que a posição da Argentina é respeitar a forma de vida, valores, cultura e a cidadania dos habitantes das ilhas.
Mas, acrescentou, em nenhum caso propõe-se que a negociação pela soberania seja feita com os moradores do arquipélago, que são uma população transplantada, mas sim com quem usurpou o território, que são os britânicos.
Recordou que "quando as Nações Unidas fala de autodeterminação, o faz com respeito a populações originárias".
Assim mesmo, a deputada da coalizão governante Frente Ampla Progressista, Margarita Stolbizer, assinalou que caso seja pedida a opinião dos moradores da ilha sobre como resolver o problema, eles obviamente estarão ao lado de Londres.
O argumento britânico sobre o direito à autodeterminação dos moradores do arquipélago carece de sustentação porque a população argentina originária foi expulsa pelo Reino Unido em 1833 e substituída por súditos da coroa.
Também o ex-chanceler Jorge Taiana, considerou que os assinantes da proposta vão em uma linha errada.
"Coincidem com a posição britânica. Alguns acham que uma forma de progredir é fazer o que dizem os poderosos e é um erro profundo porque os países não se desenvolvem", sublinhou.
A proposta de cerca de duas dezenas de assinaturas dá-se em um momento no qual a Argentina conta com um amplo respaldo internacional nesta causa.
Os países do Mercado Comum do Sul, da União de Nações Sul-americanas, da Aliança para os Povos de nossa América, e da Comunidade de Estados Latino-americanos e Caribenhos têm expressado seu apoio ao governo de Cristina Fernández pela reivindicação de soberania sobre as Malvinas.
Em 10 de fevereiro a ONU também reiterou que a solução do conflito passa pela mesa de negociações, depois de que o chanceler Héctor Timerman denunciou a militarização do território e do Atlântico Sul iniciada por Londres.
A reivindicação da Argentina pela soberania sobre as ilhas Malvinas é considerada uma política de Estado irrenunciável.
De acordo com o ministro do Interior Florencio Randazzo, um dos poucos pontos no qual todos os governos argentinos desde a volta da democracia têm estado absolutamente de acordo é em "sustentar firmemente a soberania (das Ilhas) para nosso país".
Fonte: Prensa Latina