Sem categoria

Índios ocupam fazendas na Bahia para pressionar demarcações

Pelo menos 500 índios da etnia Pataxó Hã-Hã-Hãe ocuparam 46 fazendas no sul da Bahia, perto do município de Itaju. Eles reivindicam que o Supremo Tribunal Federal (STF) julgue a demarcação da Terra Indígena (TI) de Caramuru-Paraguaçu, área onde estão hoje as fazendas ocupadas. Os conflitos começaram na quarta-feira (15), com a ocupação de sete fazendas.

A Fundação Nacional do Índio (Funai) afirma que a área em questão foi demarcada em 1937, pela Diretoria de Serviço Geográfico do Exército. Portanto, os invasores são os fazendeiros. A Funai informou ainda que, em 1982, entrou com ação de nulidade de títulos das fazendas, mas ressaltou que, até o momento, nada foi julgado pelo Supremo.

Um índio chegou a passar mal no meio da confusão e acabou morrendo, supostamente em decorrência de ataque cardíaco.

“Antes do carnaval, o funcionário de uma das fazendas foi baleado e está internado. Posteriormente, um índio passou mal, provavelmente do coração. Os índios alegam que não puderam levá-lo para atendimento médico porque foram cercados pelos fazendeiros, que, por sua vez, negam o ocorrido”, disse o delegado da PF Fábio Marques.

Em nota, o Conselho Indigenista Missionário (Cimi) informa que o índio morto é José Muniz de Andrade, de 40 anos, um dos líderes do grupo. Ele estava em área "recentemente retomada" na região das Alegrias, quando começou a sentir dores no peito e no estômago, diz a nota. “Um carro foi enviado para prestar socorro, mas impedido de acessar a área retomada para prestar socorro”, acrescenta o Cimi.

"Tudo indica que tenha sido enfarte a causa da morte. No entanto, está claro que os jagunços impediram a passagem para o atendimento médico", afirma o chefe da Coordenação Técnica da Funai no município de Pau Brasil, Wilson Jesus, na nota do Cimi.

O conselho denuncia a presença de jagunços contratados pelos fazendeiros na região, mas a PF não confirma. Segundo o delegado, ontem (24), ocorreram boatos de que os índios estariam se preparando para invadir a cidade de Colônia e saquear o comércio, a fim de adquirir mantimentos. “Isso já foi desmentido nas conversas que tivemos com as lideranças e com representantes da Funai.”

Apesar de evitar o envio de policiais militares a terras indígenas, o governo da Bahia acabou acionando efetivos da Polícia Militar para garantir a segurança na cidade. A chefe da Delegacia da Polícia Federal de Ilhéus, Denise Dias de Oliveira Cavalcanti, vai pedir reforços à Superintendência da PF em Salvador. A unidade de Ilhéus conta apenas com dez policiais federais.

“Não é a primeira vez que os índios fazem manifestações desse tipo na véspera do carnaval. Em 2009, houve, no mesmo período, uma ação parecida. Mas, com a chegada dos reforços, a situação se acalmou. Agora vamos aguardar a decisão judicial de reintegração de posse. Eventuais crimes cometidos durante a invasão serão investigados”, disse o delegado Marques.

Fonte: Agência Brasil