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Fórum de Mulheres realiza seminário e debate reforma política

“Já avançamos muito, mas ainda há um campo vasto com muitas pedras no caminho, mas sabemos que são os desafios que movem a roda”. Essa foi a questão apontada pela mesa de abertura do seminário sobre Reforma Política, realizado pelo Fórum Nacional de Mulheres, nesta sexta-feira (2), no auditório da Câmara dos Vereadores de São Paulo.

Da Redação do Vermelho, Joanne Mota

O seminário compõe a programação do “Março Mulher”, agenda de comemoração ao dia 8 de março, que foi definida pelo Fórum, que é coordenado pelas centrais sindicais – Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Central Geral dos Trabalhadores do Brasil (CGTB), Força Sindical, União Geral dos Trabalhadores (UGT) e Nova Central.

Para o vereador Cláudio Prado (PDT-SP), que fez a fala de abertura do seminário, as mulheres saem na vanguarda e prometem para o século 21 uma ação maior do que a realizada no passado. “O papel da mulher na atualidade demarca não só posicionamento político, mas uma nova forma de organização. A mulher hoje representa força e debate, tais qualidades garantem que essas guerreiras enfrentem qualquer obstáculo. Discutir reforma política em um ano eleitoral demonstra como elas não perdem tempo para a disputa”, afirmou o vereador.

Em entrevista ao Vermelho, Raimunda Gomes (Doquinha), secretária da Mulher da CTB, destacou que “realizar uma atividade como essa, que abre o calendário das atividades em 2012, ano em que se comemoram os 80 anos do voto feminino, já retrata como o papel da mulher tem se diferenciado ao longo dos anos. E neste ano definimos uma ação em especial, buscar o apoio dos companheiros. O Fórum tirou como deliberação que não falaremos para as mulheres, mas sim para os homens. Apresentaremos nossas pautas, convidaremos a debater conosco. Sensibilizaremos nossos companheiros para que incorporem nas pautas gerais nossas reivindicações”.

Ela acrescentou que o Fórum elaborou um documento no qual solicita aos presidentes das centrais que as bandeiras levantadas pelo Fórum de Mulheres, especialmente a luta pela aprovação do Projeto de Lei da Igualdade de Gênero no Trabalho (PL 4857/2009) e pela reforma política, sejam incluídas nas ações do 1° de maio.

“Fica claro que todas as bandeiras do movimento sindical são transversalizadas por gênero, ou seja, não dá para discutir redução da jornada de trabalho sem pensar na questão da mulher, não podemos discutir valorização do salário mínimo sem pensar na questão da mulher. E questões como a reforma política e o PL da Igualdade, além de romper com questões antigas, garantirão maior isonomia para a sociedade”, ressalta a dirigente.

Maior representatividade

Muna Zen, chefe de gabinete da Deputada Federal Luiza Erundina (PSB-SP), que apresentou durante o seminário a luta pela redução da mortalidade materna no Brasil, disse ao Vermelho que a comemoração do 8 de março para além das homenagens será feita com muita reflexão e ação. “O 8 de março é uma data de luta, de reconhecimento daquelas que deram o sangue e a vida pela causa feminina”, afirmou.

Segundo Muna, outra reflexão necessária neste momento se refere à questão da sub-representação das mulheres nas esferas de poder. “Estamos participando de um seminário numa casa legislativa na qual não temos nem sequer 10 % de representação. Então, de forma imediata, o processo eleitoral de 2012 se apresenta como um desafio, uma oportunidade de ampliar o número de mulheres no espaço de poder, e assim quem sabe ter em 2013 no mínimo 30% de representação política em São Paulo. É inconcebível ainda que existam municípios onde nunca houve representação feminina. Então, ocupar esses espaços torna-se questão chave para reverter hábitos históricos do nosso país”, finaliza Muna.

A Deputada Estadual Janete Pietá (PT-SP) disse ao Vermelho que houve sim grandes avanços no que se refere à luta feminina no país, mas ainda há um longo caminho a percorrer.
“De fato conquistamos muito, ampliamos o número de mulheres eleitas, as organizações femininas estão mais fortes, as trabalhadoras ocupam os sindicatos, temos uma presidente, mas ainda carecemos de espaço. É vergonhoso quando observamos que hoje no universo parlamentar você contabiliza 48 mulheres frente a 513 homens. A Argentina tem aproximadamente 40% de representação feminina. Precisamos reverter esse cenário”, frisa a deputada.

Movimento forte, partido forte

Ana Martins, ex-deputada estadual do PCdoB , que proferiu a palestra de encerramento no seminário, destacou a presença das diversas trabalhadoras que lotaram a plenária e reafirmou a importância da organização do movimento, sobretudo no que se refere ao fortalecimento dos partidos políticos.

“Devemos construir e lutar pelo empoderamento das mulheres, pelo fortalecimento dos partidos, pela soberania social, pela organização dos sindicatos, pela mobilização dos movimentos sociais e, fundamentalmente, pela maior participação da sociedade. A luta só terá sucesso quando entendermos os objetivos pelos quais lutamos. Para tanto, os partidos têm um papel fundamental nessa jornada, entender e debater os programas torna-se uma ação essencial para a construção de nossa soberania”, elucida Ana Martins.

Segundo ela, para atingir a democracia plena é preciso conquistar os espaços de poder. “No passado muitos espaços foram conquistados. Temos em nossas mãos a caneta para escrever a história que queremos contar no futuro. Então, devemos organizar, mobilizar, debater e ocupar. Estas deverão ser as palavras de ordem daqui para frente”, finaliza a ex-deputada.