8 de Março: marco da luta contra a opressão feminina

Firmado no mundo todo como um marco da luta contra a opressão feminina, o 8 de março, Dia Internacional da Mulher, caracteriza a permanente atualização do pensamento e a ação do movimento feminista emancipacionista e da integração igualitária da mulher na sociedade contemporânea.

Por Jana Sá*

Designado como uma data para a luta dos direitos das mulheres, o Dia Internacional da Mulher foi proposto em 1910, durante a realização da 2ª Conferência Internacional de Mulheres Socialistas, em Copenhague, organizada por Clara Zétkin e Rosa de Luxemburgo. Na ocasião, reafirmaram as resoluções da 1ª Conferência, realizada em Stuttgart, na Alemanha, em 1903: igualdade de oportunidades para as mulheres no trabalho e na vida social e política; salário igual para trabalho igual; ajuda social para operárias e crianças; e intensificação da luta pelo voto feminino.

Contudo, o Dia Internacional da Mulher era celebrado em datas variadas a cada ano. A escolha do 8 de março é atribuída a greve das tecelãs de São Petersburgo, manifestação vigorosa que deflagrou as mobilizações que culminaram na Revolução de Outubro de 1917.

Desde então, a persistência e a renovação desta bandeira de luta ensejam manifestações de todo tipo, sobretudo de protesto. Nesta quinta-feira, no Brasil e no mundo inteiro celebra-se o Dia Internacional da Mulher com manifestações onde a luta contra a discriminação e a busca pela igualdade de direitos entre gêneros continuarão como pauta central.

Portanto esta data, mais do que um dia de homenagens, expressa a coragem, a valentia e a determinação das mulheres, simbolizadas pelas ações de renovação da luta persistente que as Mulheres tiveram de travar para conseguirem se firmar como cidadãs portadoras de direitos.

Além da luta pelos direitos que até hoje mulheres e homens progressistas de todo o mundo continuam perseguindo, faz-se necessário atentar para banalização desta data como um dia em que as mulheres devem apenas receber flores. As flores até que são bem-vindas em reconhecimento a uma jornada de lutas, desde que não esqueçamos que muitas das reivindicações registradas na conferência de Stuttgart continuam atuais, pois ainda não se materializaram na vida das mulheres.

Vivemos ainda num mundo de desigualdades em que a opressão de gênero assume múltiplas faces e continua fortemente entranhada nas relações humanas. A própria história da resistência feminina só muito recentemente começou a ser desvendada pela historiografia. As Mulheres lutaram pelo direito à educação e pelos seus direitos civis e políticos. Também se envolveram nos grandes movimentos que ajudaram a construir a nação, como as lutas pela independência, abolição da escravidão, proclamação da República, entre tantos outros.

A primeira feminista brasileira que se tem notícia foi a potiguar Nísia Floresta (1809-1885). Ela se destacou como educadora, montando e dirigindo diversas escolas femininas no país. Achava que a educação era o primeiro passo para emancipação da mulher. Traduziu e publicou “Direitos das Mulheres e Injustiças dos Homens”, manifesto feminista de Mary Wollstonecraft. Foi obrigada a viver 28 anos na Europa e lá travou contato com as idéias mais avançadas. De volta ao Brasil apoiou o movimento abolicionista e republicano. Nísia era uma pessoa muito à frente do seu tempo.

Foram 80 anos da conquista do voto feminino até a eleição da primeira presidenta. Isso é uma simbologia de luta inegável. Por isso, transformar a luta pelos direitos da Mulher deve ser um objetivo permanente de todos aqueles que, lutando por uma sociedade avançada, lutam pela libertação de toda a humanidade, e pela igualdade entre todos os seres humanos.

*Jana Sá é Jornalista