Pesquisa mostra que mulheres ganham menos que os homens na RMS

Na semana em que se comemora o Dia Internacional da Mulher, 8 de março, a Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais (SEI) e o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) divulgaram os resultados de um levantamento com dados, no mínimo, preocupantes. Segundo Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED) divulgada nesta terça-feira (6/3), mesmo desempenhando função igual, as mulheres ganham menos que os homens na Região Metropolitana de Salvador (RMS).

De acordo com o levantamento, o salário médio dos homens é de R$ 1,191 e o das mulheres de R$ 866. A hora trabalhada do homem rende em média R$ 6,34 e a da mulher, em média R$ 5,29. Até no serviço doméstico as mulheres ganham menos que os homens. E a situação piorou no último ano, enquanto a proporção de rendimento médio real das mulheres com relação aos homens era 75,5% menor em 2010, em 2011 caiu para 74,4% do rendimento. “O mercado ainda é sexista e discrimina mesmo as mulheres”, comentou Luiz Chateaubriand, economista da SEI e responsável pela PED.

Já Ana Margareth Simões, coordenadora da PED pelo Dieese, explica que esse baixo rendimento das mulheres é em decorrência das funções mal remuneradas que elas ocupam. Considerando os setores, a maioria das mulheres está empregada em Serviços (58,7%), Comércio (17,7%) e Serviços Domésticos (17,1%). “A distância entre homens e mulheres no mercado de trabalho é fruto da discriminação, mas também é cultural e histórica. Há 20 anos, muitas mulheres só iam para as áreas de Serviço Social, Enfermagem e Educação, que pagam menores salários. E isso ainda tem reflexos no mercado de trabalho atual”, explicou a analista do Dieese.

Absurdo

Para a vereadora de Salvador, Aladilce Souza (PCdoB) a sociedade precisa se mobilizar contra esta discriminação. “É lamentável que a gente tenha este resultado aqui em Salvador, que é a terceira capital do país. Precisamos somar esforços: as mulheres, as parlamentares, o movimento social, no sentido de mostrarmos que essa é situação injusta, além de evidenciarmos a situação de que a mulher tem a mesma capacidade que os homens e recebem menos que os homens no trabalho igual. Nós precisamos que as instituições e entidades relativas à regulação do trabalho fiscalizem e punam as empresas que pagarem salários diferentes a mulheres e homens que desempenhem a mesma função”, disse.

A coibição desta prática, já proibida pela Constituição Federal e a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), pode ganhar mais um reforço nos próximos dias, já que a Comissão de Direitos Humanos do Senado (CDH) aprovou nesta terça-feira (6/3), em votação terminativa, um projeto de lei que pune as empresas que pagarem salário menor para as mulheres contratadas para realizar a mesma atividade executada por empregados homens.

Assim, o empregador que remunerar de maneira discriminatória o trabalho da mulher, pagando a ela menos que a um homem, estará sujeito ao pagamento de multa em favor da empregada, correspondente a cinco vezes a diferença verificada em todo o período da contratação. A proposta seguirá agora para sanção da presidente Dilma Rousseff, se não houver recurso contra a decisão terminativa, obrigando a votação do texto no plenário.

“Nós temos que fazer campanha para que se faça cumprir as leis. Isso é um absurdo e mostra que as empresas ainda estão atrasadas em relação ao preconceito contra a mulher. Desvalorizando a mulher na prática, pagando um salário menor pelo mesmo trabalho”, ressaltou a vereadora comunista.

De Salvador,
Eliane Costa.