Barão de Itararé reivindica espaço da sociedade na TV Cultura
O Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé encaminhou um ofício ao presidente-diretor da Fundação Padre Anchieta solicitando audiência para discutir a abertura de editais com o objetivo de selecionar programas para a emissora. A entidade já manifestou interesse em participar do processo seletivo. O objetivo é garantir espaços na programação da TV Cultura “para a produção independente proveniente das experiência de grupos sociais”.
Publicado 20/03/2012 14:18
O ofício reitera que “é missão inalienável da TV pública garantir a diversidade e a pluralidade informativa e cultural, abordando temas de interesse social e local, garantindo a projeção da comunidade em que está inserida para dar visibilidade a questões que, na maioria das vezes, não têm espaço nos veículos comerciais”.
Transparência e participação social
No ofício, a entidade solicita que a Fundação Padre Anchieta adote critérios transparentes para abrir espaços na sua programação à produção independente. “As entidades/movimentos/produtoras interessadas – entres as quais o Barão de Itararé já se apresenta –, que manifestarem interesse, poderiam pleitear um espaço na programação da emissora, a ser concedido a partir de métodos e critérios transparentes. O Barão e estas entidades seriam inscritas por edital público e a seleção dos programas apresentados seria feita através de pitching”.
A iniciativa foi debatida durante reunião realizada em São Paulo com outras organizações, blogueiros e jornalistas e faz parte de uma série de medidas de uma campanha em defesa do caráter público da TV Cultura.
Privataria da Cultura
A solicitação feita pelo Barão de Itararé vai no sentido oposto das recentes negociações entre a Fundação Padre Anchieta e empresas de comunicação paulistas, entre as quais a Folha de S.Paulo – que já estreiou programa na emissora –, Estadão, Valor Econômico e Veja que foram feitas sem transparência e afrontando o caráter público da TV Cultura.
“A cessão de espaços na grade da programação da TV Cultura para empresas de comunicação privadas como a Folha é um desrespeito ao caráter público da emissora que é um patrimônio do povo paulista. E, infelizmente, esta é apenas mais uma das várias medidas que os governos tucanos vêem adotado para desmontar a TV, dilapidar seu patrimônio e descaracterizar sua missão. O que eles vinham fazendo de forma disfarçada agora está sendo feito escancaradamente: a privatização da TV Cultura”, afirma Renata Mielli, secretária geral do Barão de Itararé.
Por conta disso, várias organizações de luta pela democratização da comunicação, blogueiros, jornalistas, intelectuais e movimentos sociais paulistas estão lançando uma campanha contra a Privataria da Cultura.
Um ato político em defesa da Cultura e um manifesto estão sendo preparados para denunciar as principais investidas tucanas contra a emissora e enumera algumas reivindicações.
As resoluções foram tiradas em uma reunião que contou com a presença do Centro de Estudos Barão de Itararé, da Altercom, Intervozes, os jornalistas Paulo Henrique Amorim, Luiz Carlos Azenha, Rodrigo Vianna, Gilberto Maringoni, o professor Laurindo Lalo Leal Filho, o diretor da Carta Maior, Joaquim Palhares e o diretor da revista Caros Amigos, Wagner Nabuco.
No manifesto as entidades denunciam:
– mais de mil demissões;
– extinção de programas (Zoom, Grandes Momentos do Esporte, Vitrine, Entrelinhas, Cultura Retrô, Login) e tentativa de extinção do Manos e minas;
– aniquilação das equipes da Rádio Cultura e estrangulamento da equipe de jornalismo;
– enfraquecimento da produção própria de conteúdo, inclusive dos infantis;
– entrega, sem critérios públicos, de horários na programação para meios de comunicação privados;
– cancelamento de contratos de prestação de serviços (TV Justiça, Assembleia e outros);
– doação da pinacoteca e biblioteca;
– extinção da cenografia, venda de equipamentos e venda da frota de veículos.
A TV e as rádios Cultura estão passando por um processo de desmonte e privatização, com a degradação de seu caráter público. Não podemos deixar esse patrimônio do povo de São Paulo ser dilapidado, vítima de sucateamento promovido por sucessivas gestões sem compromisso com o interesse público, seriamente agravado na gestão Sayad.
Em nome da afirmação de seu caráter público, as entidades se manifestam:
– contra o desmonte geral da rádio e TV Cultura e pela retomada dos programas;
– em defesa do pluralismo e da diversidade na programação;
– por uma política transparente e democrática para abertura à programação independente, com realização de pitchings e editais;
– pela democratização do Conselho Curador da Fundação Padre Anchieta
Fonte: Barão de Itararé