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Movimentos argentinos tomam as ruas para lembrar a ditadura

Grupos de direitos humanos e organizações sociais da Argentina realizam passeatas e comícios durante todo este sábado (24), em todo o país, para marcar o Dia da Memória pela Verdade e Justiça, após 36 anos de golpe militar de 1976.

A partir das 18h, começará a grande marcha da bandeira emblemática com fotos de pessoas desaparecidas. A manifestação é organizada pelos movimentos Avós da Praça de Maio, “Madres Línea Fundadora”; Familiares de Presos-Desaparecidos por Motivos Políticos; Ermanos; “Hijos”; entre outras organizações que defendem os direitos humanos.

As entidades se concentrarão nas vias 9 de Julho e Alsina e seguirão em marcha até a Praça de Maio, onde se realizará um ato central quando será lido um documento elaborado por mais de 20 organizações, que tem como lema "Os grupos econômicos também fizeram parte da ditadura, justiça e punição já”.

Em outro ponto de Buenos Aires, o Encontro de Memória, Verdade e Justiça (EMVJ), convocou para às 15h30 uma passeata que sairá do Congresso rumo à Praça de Maio. Participam dessa mobilização partidos políticos de esquerda, organizações sociais e associações de estudantes sob o lema “prisão a todos os genocídas, não a impunidade do passado e do presente ".

Enquanto isso, as Mães da Praça de Maio, sob o lema "35 anos de incansável luta", encerram uma vigília que começou ontem. E às 19h, fará uma fala ao vice-governador do estado Gabriel Mario-tto.

Além disso, após 35 anos do sequestro e assassinato do escritor, ativista e jornalista Rodolfo Walsh, o espaço Memória e Direitos Humanos vai inaugurar a instalação "Carta Aberta de um Escritor à Junta Militar", com base no trabalho do artista Leon Ferrari. A atividade coletiva será realizada amanhã, às 16h, no Bosque de Eucalyptus, no espaço Memória e Direitos Humanos.

Organizações Hijos, entre outras, relataram ontem sua preocupação pelo fato do prefeito Mauricio Macri "restringir o movimento da marcha histórica pelo golpe militar." Segundo os grupos, a maior parte de sua caminhada carregando a bandeira com fotos de desaparecidos será prejudicada pela colocação de cercas e estruturas de concreto para a realização de uma corrida de carros, organizada pelo governo da cidade. Eles responsabilizaram a administração por "qualquer evento que possa surgir afetando não só a tranquilidade do lugar, mas a integridade física daqueles que dele participarem."

O EMVJ também lerá um artigo na Praça que exigirá o fim do "ajuste, saques, espionagem e repressão", e a revogação da lei "antiterrorista", que tem como eixo um informe apresentado ontem sobre a criminalização dos movimentos sociais, com informações dos 2.268 militantes julgados por se manifestarem, que se somam centenas da CTA, além das 167 organizações criminalizadas, os conflitos e processos judiciais e uma lista das 70 pessoas que morreram lutando de 2001 até os dias atuais.

Os diversos grupos políticos se mobilizarão em diferentes horários. O CTA de Pablo Micheli fará às 13h, no Obelisco; Kolina às 15h na 9 de Julho com Belgrano; e o Movimento Evita às 18h, na 9 de julho 9 com Alsina; e as organizações Juventude Radical, “Franja Morada” e Organização dos Trabalhadores Radicais (OTR) às 14h com concentração em Alsina.

A Associação Argentina de Atores se somará a essas manifestações, lembrando também os artistas vítimas da ditadura. Enquanto isso, o município de Moron realizará a tradicional Prova Atlética pela Memória, Verdade e Justiça às 9h30, no ginásio poliesportivo municipal Gorki Grana, em Santa Maria de Oro, 3.530, Castelar. As atividades em várias províncias, como Mendoza e Tucumán, fazem parte de um festival chamado “La Cámpora en Bahía Blanca”. E na segunda-feira, em Buenos Aires, a deputada Gabriela Alegre convocou uma leitura de poesia e música com Leopoldo Brizuela, Mariano Dios, Inés Mendonca, Nicolás Castro e Fernando Noy.

Fonte: Página 12