Mulher e poder

A série de artigos da 2ª Conferência do PCdoB sobre a Questão da Mulher apresenta hoje o texto da militante e dirigente de Caicó Lúcia de Fátima Araújo, que, com objetividade, aplica aos dias de hoje análises de importantes pensadores sobre a situação feminina.

Segundo Engels, a mulher foi confinada à vivência privada, do lar, como forma de garantir a propriedade privada e a herança, pois era necessário confiná-la para se ter a garantia de que a propriedade seria mantida na família.

A grande filósofa feminista Simone de Beauvoir, na sua obra mais importante, O Segundo Sexo, diz: "A mulher pesa tão fortemente ao homem porque foi proibida de se apoiar em si mesma."

Que bom seria poder dizer hoje que essas observações de Engels e Beauvoir já fazem parte do passado e que a mulher já atingiu o mesmo patamar do homem nos seus direitos. Sabemos que apesar de muitos avanços na vida da mulher, da sua presença no mercado de trabalho ser uma realidade no nosso país, como também ter a liberdade para estudar e fazer muitas outras escolhas, ainda persiste arraigada em todos nós a cultura conservadora que, quando não vê a mulher como simples objeto sexual, arrasta-a para a submissão do casamento tradicional onde acaba por ficar como única responsável pelo cuidado da casa e da família. Essa sobrecarga de trabalho ou modo de vida de confinação ao lar dificultam muito a participação da mulher nos espaços de poder e decisão, emperrando o avanço da democracia. As mulheres continuam sub-representadas nas Câmaras Munipais, nas Assembleias Legislativas e no Congresso Nacional.

É necessário, portanto, desconstruir essa ideologia atrasada, violenta, porque só com mulheres e homens emancipados é que podemos abrir um caminho de transição ao socialismo.

Lúcia de Fátima Araújo, Secretária da Mulher do PCdoB de Caicó