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Hillary foi ao Oriente Médio para dar instruções sobre a Síria

A secretária de Estado americana, Hillary Clinton, participou neste fim de semana de mais uma viagem destinada a orientar e definir que tipo de ação deve ser adotada pelos países árabes aliados contra a Síria e o Irã.

Fotografada em encontro com o rei saudita Abdula e seu chanceler, o príncipe Saúd al-Faissal, Hillary ouvia o que seus anfitriões pediam. Dentre vários pedidos, a toda-poderosa chanceler americana ouviu o que solicitava o sinal verde para elevar o envio de armas aos terroristas sírios, chamados por eles de "oposição".

Os árabes procuraram nas últimas semanas aliados na região para que possam enviar, por terra, mais armas às gangues, na tentativa de derrubar um governo que não se submete à esfera de influência americana e que tem forte influência na política regional, principalmente em relação ao Líbano, Palestina e ao aliado Irã.

Victoria Nuland, uma das porta-vozes de Hillary, afirmou que a reunião abordou os "esforços da comunidade internacional para por fim ao banho de sangue na Síria", um bordão já velho e desbotado, usado pelos Estados Unidos quando quer apontar para o inimigo não somente palavras, mas armas. No passado, o bordão usava a palavra "Afeganistão", depois "Iraque", depois "Líbia", depois "Síria"… em breve a porta-voz proferirá a mesma ladainha contra o Irã.

Além de trabalhar pela decomposição do governo sírio, Hillary também se reuniu com mais outros representantes dos cinco Estados do Golfo e participou de uma reunião estratégica em conjunto com o Conselho de Cooperação para os Estados Árabes do Golfo (CCEAG), para discutir também como aumentar a pressão e renovar as ameaças ao Estado do Irã.

Fazem parte do CCEAG, além da Arábia Saudita e Catar, o Barein, o Kuwait, o Omã e os Emirados Árabes Unidos. Todos eles praticam regimes ditatoriais que, se não fossem aliados do imperialismo, já teriam sido alvo de ações concretas dos Estados Unidos para "derrubar" seus regimes, trocando-os por bandidos amigos seus.

A monarquia da Arábia é uma das mais hipócritas ao criticar o que chama a "repressão" do presidente sírio Bashar al-Assad à "revolta" que ocorre no país. Em 2011 a monarquia saudita enviou tropas ao vizinho Barein, para ajudar o rei local a sufocar em sangue os protestos populares contra a ditadura bareinita.

A própria Arábia viveu dias de tensão em meados de 2011, quando o regime monárquico pôs as tropas nas ruas e ameaçou a atacar quem se atrevesse a protestar contra o regime, um ato que não teve nenhuma repercussão na banda podre do Conselho de Segurança das Nações Unidas – Estados Unidos, França e Reino Unido.

Recentemente, em 4 de março, Al-Faissal declarou que a oposição síria tinha "direito" de se armar "para se defender" frente às armas de guerra "apontadas para as casas". Algo que jamais diria – como jamais disse – caso o vizinho em questão fosse o Barein ou o Iêmen.

Hillary foi ao Oriente Médio instruir seus aliados locais a deixar de lado essa posição. O seu presidente, Barack Obama, em discurso dirigido a seu colega turco Recep Erdogan no último fim de semana, prometeu ajudar os terroristas sírios enviando outro tipo de "ajuda". Por enquanto.

Humberto Alencar,
de São Paulo