Farc: Mulheres pedem que Santos use a “chave” da paz rapidamente
Em carta enviada ao presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, as Mulheres do Mundo pela Paz, grupo que vem intervindo junto ao governo colombiano para facilitar o processo de pacificação do país, agradeceram o reconhecimento que o mandatário fez à gestão das ativistas na libertação dos últimos uniformizados em poder das Forças Armadas Revolucionárias Colombianas (Farc) na última segunda (2). O grupo é formado por mulheres proeminentes de diversos países.
Publicado 09/04/2012 16:21
A guerrilha decidiu libertar unilateralmente os reféns após troca de cartas com as pacifistas. Analistas e ativistas veem no gesto uma abertura ao diálogo e ao caminho para uma saída negociada do confronto. O governo, no entanto, se diz desconfiado dos gestos da insurgência.
As Mulheres, por sua vez, reconhecem “a importância das libertações dos prisioneiros de guerra nas mãos das Farc no processo de humanização do conflito interno armado como passo contundente e decidido para avançar no caminho para um pacto de paz sobre a base do diálogo que conduza à paz verdadeira que coloque fim aos mais de 50 anos de derramamento de sangue”.
Em entrevista à revista Época, Santos disse estar disposto a dirigir pessoalmente as negociações com as Farc. E lembrou que, “pela Constituição, quem tem a chave da paz é o presidente da República. Por isso, sou eu quem pode iniciar realmente uma negociação. Não começo esse processo enquanto não vir que ele poderá ser exitoso…”
A carta enviada à presidência pede: “Sr. presidente, pedimos que a “chave” que você tem seja usada o mais rápido possível para abrir esta possibilidade de entendimento que resulte no fim do conflito pela via do diálogo e negociação política”.
Presos políticos e de guerra
Elas também lamentam não terem sido liberadas para visitar as prisões do país “a fim de verificar as condições em que eles se encontram. Especialmente quando, nos foi confirmado, que você disse ao representante da câmara, Ivan Cepeda Castro que as permissões seriam autorizadas após as libertações sob um protocolo confidencial; da mesma maneira, o Alto Conselheiro para as Comunicações, Juan Mesa, informou a representante do Colombianos e Colombianas pela Paz, Piedad Córdoba que ‘estavam autorizadas as visitas às prisões e que só poderiam ser anunciadas depois das libertações”.
O texto ressalta que “nos surpreende e preocupa o não cumprimento dos compromissos anunciados, sendo que ele não abona os futuros processos. Pois ao negar agora os acessos às prisões, não pudemos verificar a situação humanitária e a informação inicial sobre as condições de reclusões que as e os prisioneiros políticos nos fazem chegar por escrito e que entregamos a seu governo, por meio do Ministro de Justicia em fevereiro”.
A importância da pacificação colombiana é ressaltada: “nós reconhecemos que a paz na Colômbia, em primeiro lugar, deve ser resolvida pelo povo colombiano, mas também reconhecemos que a paz na Colômbia é fundamental para a integração, desenvolvimento e estabilidade da região”.
Dessa forma, elas concluem: “reiteramos nossa vontade de seguir acompanhando este processo de humanização e saída política do conflito, que é a única via de solução sensata. Quanto mais se prolonga o conflito, mais pessoas morrem, mais prisões, mas desaparecimentos, mais destruição e menos progresso e desenvolvimento, menos democracia e justiça social. Mediante esta carta, reiteramos nosso pedido de visitar, o mais rápido possível as prisões colombianas”.
Assinam a carta 15 mulheres de diferentes nacionalidades, entre elas: a Prêmio Nobel da Paz, Rigoberta Menchu Tun; a senadora Lucia Topolansky (Uruguai); a Deputada Sandra Lazo
Xiomara Castro de Zelaya (Honduras); a Deputada Nidia Diaz (El Salvador); Margarita Zapata (México); Socorro Gomes (Brasil); Piedad Córdoba (Colômbia) e Marcela Bodenave (Argentina).
Da Redação do Vermelho,
Vanessa Silva