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CPMI do caso Cachoeira será instalada ainda nesta semana

Depois de uma reunião entre o presidente da Câmara dos Deputados, Marco Maia (PT-RS) e o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP) ficou definido que uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito será instalada nas duas Casas para apurar as denúncias da quadrilha comandada pelo contraventor Carlinhos Cachoeira.

Cachoeira é acusado de comandar uma rede de jogos ilegais, além de outros crimes como corrupção, evasão de divisas e lavagem de dinheiro. Um dos principais acusados é o senador Demóstenes Torres (ex-DEM-GO), que foi flagrado em mais de duzentas ligações com Cachoeira, muitas delas comprovando que ele era sócio em vários esquemas criminosos.

Ao sair da reunião com Sarney, Maia disse que ideia é agilizar o máximo possível o processo de coleta de assinaturas para instalar comissão até o final desta semana. Também participou do encontro o líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros (AL).

PCdoB apoia

A líder do PCdoB na Câmara, Luciana Santos (PE), lembrou que a iniciativa de instalação de uma CPI para apurar essas denúncias partiu de um parlamentar do PCdoB, o deputado Protógenes Queiroz, que comandou não só o recolhimento de assinaturas como a apresentação do conteúdo.

“O Partido está, portanto, disposto a colaborar com a apuração dessas denúncias que envolvem não só parlamentares da Casa, mas passa por instituições do Judiciário, Executivo e empresas privadas”, comentou Luciana.

Segundo a parlamentar, uma CPMI é mais abrangente, porque envolve as duas Casas e terá maiores e melhores condições políticas para fazer esse trabalho. “Acredito que a CPMI pode surtir efeito mesmo porque há disposição das duas Casas de não se escolher membros da comissão parlamentares que são candidatos nas eleições municipais para que o trabalho flua normalmente”.

Líder no Senado

O líder do PCdoB no Senado, Inácio Arruda (CE), defendeu a CPI mista, destacando que duas CPIs produziria uma disputa entre as duas Casas e para resolver essa questão, os presidentes da Câmara e do Senado reuniram os seus líderes que decidiram apoiar a criação de uma CPMI, “que é uma solução mais ajustada para a situação que se apresenta”, afirmou.

Segundo ele, será uma CPI que provavelmente vai trazer muitos abalos porque envolve não só as relações de um Senador da República com um contraventor, mas já é anunciada a presença de dirigentes do Executivo, do Judiciário, do Ministério Público e da Polícia Federal.

Na opinião do parlamentar, o Congresso Nacional não teve e não tinha como não fazer, mesmo com as eleições, que obrigará os membros da comissão a ficarem contidos em Brasília para o trabalho, destacando que a principal atividade será examinar os documentos da ação judicial que não foram fornecidos ao Senado pelo Supremo Tribunal Federal (STF), o que provocou a criação da CPMI, mas que já são públicos por vazamento das informações

Para Inácio Arruda, a situação é estranha, “porque o Supremo não libera os documentos, mas todos os dias têm denúncias que vão sendo produzidas de acordo com o interesse de quem manipula determinados órgãos de informação”, criticou.

Protógenes

Talvez por ser peça chave na instalação da CPMI, por ser o proponente e ser um dos cotados para integrá-la, nesta quarta-feira (11) o jornal Estado de São Paulo atacou levianamente o deputado Protógenes, publicando três gravações dele com o Idalberto Matias Araújo, o Dadá, apontado como integrante do esquema de contravenção conhecido como "Caso Cachoeira", deflagrado pela Operação Monte Carlo, da Polícia Federal.

Protógenes Queiroz esclareceu que os supostos áudios situam-se completamente fora do contexto do caso "Cachoeira", cuja Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) foi requerida justamente por ele no dia 20 de março. O Parlamentar do PCdoB ressalta ainda que Idalberto, Sargento do Serviço de Inteligência da Aeronáutica, foi, no passado, oficial de ligação daquele órgão com o a Diretoria de Inteligência da Polícia Federal, onde Protógenes Queiroz era lotado.

"Na manchete [do jornal] dá entender que tenho alguma vinculação. Quero esclarecer que isso é uma tamanha irresponsabilidade", disse Protógenes. O deputado confirmou conhecer Dadá e já ter tratado de assuntos profissionais com ele. Disse, no entanto, não saber de suas ligações com Cachoeira e que ficou surpreso quando soube da prisão. Para ele, o teor das gravações não o proíbe de integrar a comissão.

De Brasília,
Kerison Lopes