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Araguaia: sepultar para curar a ferida

Há 40 anos, 69 militantes comunistas, muitos jovens, combateram o Exército no interior do Pará, atual Tocantins. De lá nunca saíram vivos. Pior. Somente dois corpos foram identificados. Até hoje, familiares esperam enterrar seus mortos. “Passaram de sujeitos comuns para sujeitos políticos”, diz,  em entrevista ao Vermelho, a historiadora Deusa Maria de Sousa, que mergulhou nesse universo de dor, angústia, incerteza e espera.

Por Deborah Moreira, da redação do Vermelho

Com base em depoimentos de 25 dessas famílias, ela defendeu seu doutorado “Lágrimas e lutas: a reconstrução do mundo de familiares de desaparecidos políticos do Araguaia”, no final de 2011. O estudo é fruto de 12 anos de pesquisa sobre o tema.

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A pesquisadora piauiense Deusa de Sousa, que há 15 anos mora em Novo Hamburgo (RS), atua como consultora da Unesco no Grupo de Trabalho Araguaia (GTA), da Comissão Especial Sobre Mortos e Desaparecidos Políticos da Secretaria de Direitos Humanos, ligada à presidência da República. O GTA tem a incumbência de sistematizar informações já coletadas ou captadas a partir de fontes diversas, como depoimentos e reportagens, para rastrear os locais onde foram enterrados ou simplesmente deixados os corpos. Também fazem parte da comissão representantes dos ministérios da Defesa, Justiça, da Secretaria de Direitos Humanos, dos familiares dos desaparecidos e do PCdoB, partido que organizou a guerrilha para enfrentar a ditadura instalada no país desde 1964.

Na conversa, Deusa Maria de Sousa revela quais os meios encontrados por parentes e amigos para conviver com o luto jamais superado. Muitos se afastaram do tema, outros se engajaram na luta pelos direitos humanos, e há os que mantém uma relação com o PCdoB e suas bandeiras, tão defendidas por seus entes queridos. Para amenizar o sofrimento, mães e pais se tornaram amigos e confidentes, formando uma rede de solidariedade. Na avaliação de Deusa de Sousa, a Comissão da Verdade pode contribuir para a elucidação de tantos mistérios e desinformações e, de alguma forma, aliviar a dor desses parentes. “A Guerrilha do Araguaia será a grande pauta da Comissão da Verdade”, afirma.

A Guerrilha do Araguaia foi instalada ao longo do rio Araguaia, no final da década de 1960 e início dos anos 1970, encabeçada por homens e mulheres militantes do PCdoB, muitos deles líderes estudantis. Também contou com a participação de trabalhadores rurais do local. Para derrotá-los, o Exército precisou de três campanhas militares, sucessivas. Em uma delas, chegou a mobilizar cinco mil soldados.

Em novembro de 2010, a Corte Interamericana de Direitos Humanos manifestou-se sobre algumas ações movidas por familiares de desaparecidos. Como no caso do estudante de arquitetura Guilherme Gomes Lund, que teve origem em uma petição apresentada em 1995 pelo Centro pela Justiça e o Direito Internacional (CEJIL) e pela Human Rights Watch/Americas, em nome de pessoas desaparecidas, em 1972. Na época, a Comissão de Familiares de Mortos e Desaparecidos Políticos e o Grupo Tortura Nunca Mais do Rio de Janeiro atuaram como peticionários adicionais.

A sentença da Comissão Interamericana é clara: condena o Estado brasileiro a reparar a situação, imediatamente, com uma série de ações para localizar os corpos, além da abertura de arquivos, assim como reparações às famílias das vítimas. Ainda de acordo com a condenação, o Estado deve adotar medidas judiciais efetivas para a responsabilização individual pelos crimes cometidos, bem como resgatar os fatos ocorridos.

Uma carta deixada por Gomes Lund a seus pais, quando trocou a luta na cidade pela luta no interior do país, resume o objetivo dos militantes em relação à ação planejada naquela região: “Cada vez se torna mais difícil para os jovens se manterem nesse estado de coisas atual. Não há perspectivas para a maioria dentro do atual status, muito menos para mim que não consigo ser inconsciente ou alienado a tudo que se passa em volta … Minha decisão é firme e bem pensada… No momento só há mesmo uma saída: transformar este país, é o próprio governo que nos obriga a ela. A violência injusta gera a violência justa. A violência reacionária é injusta enquanto a violência popular é justa, porque está a favor do progresso e da justiça social”.

Vermelho: Há quanto tempo você trabalha com o tema da Guerrilha do Araguaia e como surgiu a ideia?
Deusa Maria de Sousa: Surgiu a partir do mestrado que versava sobre a trajetória dos quatro guerrilheiros gaúchos envolvidos na Guerrilha do Araguaia. Naquele momento eu estava preocupada em falar da trajetória de vida deles. Havia um mundo não estudado que era o mundo privado do convívio das famílias dos guerrilheiros, entre eles e os diversos atores. A partir da guerrilha ocorreram muitas transformações. Então a minha proposta é discutir as narrativas dos familiares dos desaparecidos a partir dos desaparecimentos e medir quais os impactos dessas perdas. Sempre me interessei pelo assunto. Há 12 anos me dedico ao tema, desde a graduação em história.

Vermelho: Você colheu o material de pesquisa a partir de depoimentos? Você conseguiu falar com todos os familiares?
DMS: São quase 70 desaparecidos no Araguaia e fiz um recorte em 25 famílias. Em cada uma delas falei com pelo menos quatro integrantes da família ou que faziam parte de um mesmo núcleo de convívio familiar.

Vermelho: Quais as maiores dificuldades encontradas? É possível comparar esse grupo de guerrilheiros com outros grupos?
DMS: Eu nunca fiz comparações com outros grupos, foi uma opção minha. O Araguaia, apesar de ser um assunto que gera muita discussão até hoje, ainda é um assunto que tem muito pouca produção acadêmica, dentro da área de história. Eu optei em contribuir com a produção acadêmica, quis me especializar nessa guerrilha especificamente. Em 2012 a sociedade terá alguma dimensão de outros documentos do DOPS, da época da ditadura militar (Lei de Acesso a Informação Pública, aprovada em novembro de 2011 e que valerá a partir de 16 de maio).

Mas, em 2006, quando iniciei o mestrado, a gente não tinha nenhuma dimensão de documentação que versasse sobre o Araguaia. Basicamente a história do Araguaia estava no grupo de sobreviventes e na memória das famílias. Então tentei fazer essa ponte, do momento em que eles saíram e as pessoas que ficaram e tinham algo para falar a respeito deles. A ideia foi construir uma espécie de trajetória, sem a pretensão de fazer uma biografia, porque demandaria mais tempo. Foram essas narrativas que se mostraram bastante ricas não só nos detalhes que são de memória, mas de muitos fatores que demonstraram que havia ali um objeto de pesquisa. Muitos deles eram militantes do Partido Comunista do Brasil (PCdoB), e por conta dos desaparecimentos tiveram suas vidas transformadas por uma questão pessoal, que era uma dor familiar. Então eu quis trabalhar essas especificidades: partido, família, vida comum, como se comportavam sendo familiares de desaparecidos políticos, no trabalho, na escola, o que mudou na vida da pessoa com o desaparecimento.

Vermelho: Quais familiares você ouviu? Mães, pais?
DMS: Trabalhei com familiares de diferentes gerações. Tanto os que conviveram com eles, no momento de desaparecimento, porque, como explico na minha tese, o processo de desaparecimento não é repentino, ele é gradual, isso tudo sempre direcionado pelo partido. No início, quando os militantes se infiltram na região para ganharem a confiança dos moradores locais, não eram dadas notícias sobre eles.

Depois, o Partido passou a permitir que fossem enviadas cartas. Esse momento das cartas é o momento que coincide com a eclosão da guerrilha, no início de abril de 1972, quando eles são descobertos pelo Exército, e é a partir daí que se corta o elo entre as famílias e seus parentes que estavam na guerrilha. É a partir daí que vão viver uma angústia muito grande até 1979, com a Lei da Anistia. Eles não tinham certeza de nada, o que de fato havia acontecido nos confrontos, se estavam vivos e escondidos em algum local.

Foram identificados vários grupos. Entre os familiares de 25 desaparecidos detectei mais de oito grupos diferentes. Mas pode ter muito mais. Têm os que estão alinhados com o Partido, que são simpatizantes; os que passaram a ter ogeriza do Partido, que não têm contato nenhum; os que não tinham contato com o Partido e continuam não tendo contato nenhum; os que eram militantes do Partido e passaram a militar pelos direitos humanos; e há até os que não têm partido e não fazem nada. Há outros que não são do Partido, mas contribuem com a legenda em memória dos parentes desaparecidos.

Vermelho: Houve famílias que se revoltaram contra a causa comunista ou contra o Partido?
DMS: È interessante observar como eles reconstroem suas vidas. Como se reorganizam ou se desorganizam a partir dos fatos. Muitos se afastam do Partido pela falta de informações mais precisas, muitos ficam meio perdidos durante algum tempo, sem saber como agir. Depois, reagiram. E observei como reagiram a essa situação, que chamei de situação limite, que é ter um filho desaparecido, um parente, mas não ter um corpo para cultuar, para enterrar, não ter uma certidão de óbito, que só vai ser concedida em 1995, com o governo Fernando Henrique Cardoso.

Vermelho: Foi aí que os familiares iniciaram os processos judiciais?
DMS: Então, essa luta toda dos familiares começou em 1978, eles moveram uma petição, que culminou agora com essa condenação do Brasil pela corte interamericana, a ter que responder pelos crimes do Araguaia. É uma luta muito antiga. A comissão que estou trabalhando foi formada para levantar indícios e entregar os corpos aos familiares. Além disso, o governo fez algumas indenizações.

Vermelho: Mas eles buscavam essas indenizações?
DMS: Em outro momento, o governo reconhece que as pessoas estavam desaparecidas e que a responsabilidade era do Estado, com a lei 9.140, de 1995. Foi então que o governo concedeu atestados de óbito e reparações e que algumas famílias não quiseram por considerar que a vida não se paga. O que eles querem são os corpos. Mas tanto a lei quanto a condenação é fruto da luta dos familiares.

Vermelho: Com a Comissão da Verdade, o Araguaia terá um foco maior?
DMS: Do meu ponto de vista, como pesquisadora, o assunto Araguaia será a grande pauta da Comissão da Verdade, porque ainda é um assunto que não foi bem explicado e bem digerido. A outra parte que participou, os militares, oculta muitos fatos. Há a história dos vencedores e dos vencidos. Por outro lado, os vencedores contam a sua versão, publicam matérias, sites, blogs, contam de que maneira mataram e torturaram. Em alguns países como Argentina e Uruguai isso não acontece. Ninguém sai declarando que matou sem o menor pudor. E no Brasil isso ainda é possível de acontecer.

Além disso, há a condenação da corte interamericana, que exige que os corpos sejam encontrados. Ou seja, há uma expectativa muito grande de que o foco dessas questões seja ainda o Araguaia, que é um dos últimos episódios repressores durante a ditadura militar. Não foi ainda discutido pela sociedade.

Vermelho: O Estado deve uma satisfação aos crimes cometidos na época não somente aos familiares, como à sociedade.
DMS: Sim. O Araguaia e tudo o que se passou na ditadura militar não foi digerido pela sociedade. Não há uma resposta do governo sobre o que realmente houve. Há uma lacuna muito grande para a sociedade, sobretudo para com os familiares.

Vermelho: Qual sua expectativa com relação à Comissão da Verdade e sobre o trabalho do GTA?
DMS: As grandes respostas ainda estão por vir principalmente porque, neste ano, quando se comemora os 90 anos do Partido, também completam 40 anos da guerrilha. Por conta disso, os movimentos organizados de direitos humanos vão tentar fazer uma força para que as coisas aconteçam. Eu tenho muita expectativa que o Araguaia vai ocupar um espaço muito grande na Comissão (da Verdade), que alguns militares envolvidos vão ser chamados. Não sei se os familiares serão chamados porque o que eles podem dizer não vai além do que já disseram e já se sabe. Ainda não se sabe como vai funcionar o protocolo.

Vermelho: Houve algum preconceito no meio acadêmico por conta do tema?
DMS: Eu sou simpatizante do Partido, já fui militante. Na academia, durante muito tempo esse tema pertencia somente à história do Partido Comunista. Então, parecia que era um tema partidário. Eu tenho defendido, desde a minha graduação, que esse é um tema que pertence à história do país. E se pertence à história do país, pertence à produção acadêmica, ao povo brasileiro. Com as novas publicações e produções, principalmente a partir de 2004, na rememoração do aniversário de 40 anos do golpe, muita produção tem contribuído para isso, para que o Araguaia entre na pauta da discussão nacional. Prova disso é que ocupou durante muito tempo as capas de revistas e jornais, com documentações ditas ‘secretas’.

Vermelho: Qual história que mais te tocou dos grupos que você teve contato?
DMS: Tive contato com várias histórias e cada uma delas daria para fazer um livro. Tive mais contato com os familiares do Rio Grande Sul. Foram essas histórias que me moveram a pesquisar e desenvolver um trabalho maior sobre eles. O que mais me toca é que eles não almejam reparações econômicas e nem participar de comissão alguma. O mais importante para eles é que se encontrem os corpos. Eles querem enterrar seus mortos. E, se possível, que os responsáveis sejam punidos. Mas alguns nem cogitam isso. Querem mesmo os corpos ou que restou deles para fazer um enterro.

Dona Cyrene Moroni Barroso, mãe de Jana Moroni Barroso, que usava o codinome Cristina no Araguaia, tem uma história muito especial. Morreu sem saber o que de fato ocorreu. Trabalhei com correspondências entre ela e outra mãe, que também já morreu, Dona Ermelinda Mazzaferro Bronca, mãe do desaparecido José Huberto Bronca. Elas falavam uma para a outra das suas angústias. Em uma delas, Dona Cyrene conta na carta que iria para a porta do cinema, onde as pessoas faziam fila para assistir Desaparecido (Missing, de Costa-Gravas), para contar as pessoas que também no Brasil haviam desaparecidos políticos, não somente no Chile (o filme é baseado na história real do jornalista Charles Horman, que vai ao Chile para procurar seu filho, que desapareceu logo após o golpe de Estado de 1973).

Então, relatos como esses me emocionaram. Outro relato do irmão e do pai de dois desaparecidos (os irmãos Elmo e Maria Célia Corrêa), que reuniram os familiares na primeira caravana que seguiu para o Araguaia, disseram que Dona Irene Creder, mãe e esposa deles, deixou de ser quem era para encontrá-los. Todos os dias ela tinha que ir para as calçadas da Candelária com as fotos dos filhos para mostrar as pessoas que os filhos estão desaparecidos.

São essas histórias que me fizeram perceber que a vida dessas pessoas foram muito mais agravadas do que quem perde e enterra seus mortos. As pessoas perguntam aos familiares o porquê de não acabar com esse luto? E eles respondem: mas como se não tem nenhum corpo para enterrar?

Vermelho: Como é o seu trabalho no GTA?
DMS: Sou consultora da Unesco, no Grupo de Trabalho Araguaia, da Comissão de Mortos e Desaparecidos Políticos da Secretaria de Direitos Humanos, ligada à Presidência da República. Somos em três consultoras e nosso trabalho é realizar levantamentos técnicos. Também fazem parte representantes dos ministérios da Defesa, Justiça, da Secretaria de Direitos Humanos, dos familiares dos desaparecidos do Araguaia e do PCdoB.

O GTA foi criado em 2010 e trabalha com o objetivo de cumprir essa determinação de resgatar os corpos dos desaparecidos na região. Sistematizamos as informações que já foram coletadas ou captadas que nos levem mais próximos aos locais exatos onde foram enterrados. Temos ido sistematicamente à região para realizar escavações. Esse GTA é recente. Antes havia o Grupo de Trabalho do Tocantins, o GTT.

Vermelho: Quantas vezes já foram à região?
DMS: O GTA já foi em setembro e está previsto para ir até junho novamente. Fazem parte do grupo arqueólogos, médicos legistas que permanecem um período para realizar o trabalho de investigação no campo. Até agora, somente dois foram identificados. Mas, é bem provável que tenhamos novas identificações neste ano de algumas ossadas já encontradas e encaminhadas para análise de DNA. A expectativa é grande que saiam resultados em breve, sejam positivos ou negativos. Mas não é possível citar nomes para não gerar expectativa entre os familiares.

Vermelho: A identificação é feita por DNA?
DMS: Existe outra frente de nosso trabalho que é captar o material de DNA dos parentes para fazer um banco de dados dos familiares para fazer a comparação. Com o passar do tempo, o trabalho se torna cada vez mais difícil. Por isso que o GTA, criado pela comissão de mortos e desaparecidos, corre contra o tempo. Já são 40 anos, a região é quente e tem uma série de dificuldades geográficas. É uma luta inglória porque você vai para uma região onde ocorreu o conflito mas não tem certeza que os corpos estão lá. Já que a outra parte envolvida, os militares, usa o direito de permanecer em silêncio. Até quando vai permanecer esse direito?

Vermelho: E esses corpos encontrados porque ainda não foram identificados? Quais as maiores dificuldades?
DMS: É um processo muito longo para a identificação. O Brasil adquiriu uma nova tecnologia que consegue identificar em um período entre um e três anos. Além disso, as ossadas do Araguaia estão em péssimo estado. Se tocar vira pó. Por conta de uma série de fatores: a região é pantanosa, muito quente, úmida. E isso faz com que as ossadas se deteriorem com maior rapidez. Então para as ossadas nessas situações são identificados os DNAs chamados mitocondriais, que leva de dois a três anos para serem identificados. Por isso, é importante coletar mais corpos em um prazo menor para ganhar tempo na identificação.

Vermelho: O fim da guerrilha é muito obscuro.
DMS: Até onde se sabe o final da guerrilha foi chamado de cerco e aniquilamento, onde grande parte dos envolvidos na guerrilha morreu nos confrontos ou foi executada. Isso é o que a Comissão sabe a partir de relatos dos moradores da região. Houve prisões e execuções. São esses relatos que nos apontam para os estudos nos terrenos. Estamos tentando cruzar esses apontamentos com dados divulgados na imprensa, em teses acadêmicas, em arquivos, para que nossas chances de erros sejam cada vez menores. Tudo isso demanda tempo, dinheiro, expectativa.

Vermelho: As experiências em outros países mais evoluídos nessa questão contribuem?
DMS: O Uruguai e a Argentina são os que mais evoluíram. Sobretudo a Argentina. Grande parte da literatura de apoio usada pelos técnicos é de lá.

Vermelho: É preciso passar a limpo essa história para o Brasil seguir em frente para não repetir?
DMS: Esse é um episódio, como tantos outros, que faz parte da história recente do país. E a sociedade precisa tomar consciência sobre o que aconteceu. Grande parte das pessoas nunca entendeu realmente o que aconteceu. Então, cabe ao governo, a partir da Comissão da Verdade, com as discussões que serão geradas, contar à sociedade o que aconteceu para que se possa entender. As lições que ficarão dessa experiência serão muito ricas para que crimes, arbitrariedades e desrespeitos aos direitos humanos não sejam mais cometidos em nome de coisa alguma, nem em nome da lei ou da ordem. Nada pode tirar vidas, pode matar pessoas, pode ocultar corpos. É em nome da lei da humanidade que a comissão deve seguir.