Assembleia de MG presta homenagem aos 90 anos do PCdoB 

O Partido Comunista do Brasil (PCdoB), a mais antiga agremiação partidária do País, foi homenageado na noite desta quinta-feira (12), com uma Reunião Especial na Assembleia Legislativa de Minas Gerais, pela passagem dos seus 90 anos de existência, completados no último dia 25 de março.


Meninas de Sinhá se apresentam na sessão de homenagem do PCdoB

A iniciativa da comemoração partiu dos dois deputados comunistas com assento na Casa, Carlin Moura e Celinho do Sinttrocel, que participaram da cerimônia ao lado da deputada federal Jô Moraes, da vereadora Maria Lúcia Scarpeli e do secretário nacional de Organização do partido, Walter Sorrentino, entre outras lideranças partidárias, sindicais e estudantis.

Ao saudar os dirigentes e militantes partidários que lotaram o Plenário, o presidente da Casa, deputado Dinis Pinheiro (PSDB), lembrou a trajetória do PCdoB, “herdeiro de uma longa tradição de lutas, que remonta ao surgimento do movimento operário no País, com seu ímpeto insurgente e seus ideais libertários, nas primeiras décadas do século 20”.

O parlamentar discorreu sobre as principais etapas percorridas pelo PCdoB em nove décadas, desde a sua fundação, em 1922, até os dias atuais, alternando períodos de legalidade com outros de clandestinidade. O engajamento em campanhas históricas, como “O Petróleo é Nosso”, na década de 30; a resistência à ditadura militar, com a opção pela luta armada na guerrilha do Araguaia, nos anos 70, quando vários militantes foram mortos; e o despontar de importantes líderes comunistas, como João Amazonas e Pedro Pomar, foram alguns dos episódios lembrados. O deputado mencionou também a histórica cisão entre os comunistas, nos anos 60, “fruto de discordâncias ideológicas e de estratégia política, da qual emergiria o atual PCdoB”.

Convidados

À solenidade compareceram também, como convidados, parlamentares e dirigentes de outros partidos, entre eles os deputados estaduais Adelmo Carneiro Leão e Rogério Correia (ambos do PT) e Doutor Viana (DEM), além de representantes do PMDB e do PSB. Com muito entusiasmo, também marcaram presença na solenidade a União da Juventude Socialista (UJS), a União Nacional dos Estudantes (UNE) e a União Estadual dos Estudantes (UEE) e a União Colegial de Minas Gerais (UCMG).

Depois de discursar, o presidente da ALMG, ao lado dos deputados Carlin Moura e Celinho do Sinttrocel e da deputada federal Jô Moraes, entregou ao secretário nacional do PCdoB, Walter Sorrentino, uma placa alusiva à comemoração.

Em seguida, o deputado Carlin Moura assumiu a condução dos trabalhos, quando agradeceu ao presidente da Assembleia pela homenagem e pela forma como vem conduzindo o Parlamento mineiro. Elogiou, particularmente, a coragem do presidente em criar a Comissão Especial da Dívida Pública, lembrando que Minas foi o primeiro Estado brasileiro a levantar a bandeira da repactuação , “contra um modelo de financiamento do Estado que se mostrou falido”.


Trajetória

Com um discurso também pontuado de fatos históricos, o deputado Celinho do Sinttrocel afirmou que “a história da luta do povo brasileiro é uma das mais belas páginas da história da humanidade”, marcada por fatos como a Inconfidência Mineira e a resistência nos quilombos contra o regime de escravidão. Ao comentar a trajetória do PCdoB, Celinho lembrou que o partido nasceu junto com a modernidade, em 1922, ano marcado pela Semana de Arte Moderna e pela Coluna Prestes. Nos anos 30, o partido mergulhou na clandestinidade, renascendo depois e abraçando causas sociais e políticas importantes, como a campanha “O Petróleo é Nosso”, nos anos 50, e as reformas de base nos anos 60. “Noventa anos não são noventa dias; nossa história não é igualável à de nenhum outro partido no Brasil”, disse.

 

Com 90 anos, partido viveu 61 na clandestinidade

Por sua vez, o secretário nacional de Organização do partido, Walter Sorrentino, agradeceu a Assembleia Legislativa pela homenagem, afirmando que a Casa tem “uma longa tradição de luta democrática”, figurando como “uma verdadeira caixa de ressonância democrática do País”. “Essa homenagem nos honra e nos emociona e nós a recebemos como um tributo não só ao Partido, mas ao Brasil e à liberdade pela qual o nosso partido sempre se bateu”, disse, lembrando que, na mesma data, se completavam também 40 anos da Guerrilha do Araguaia.

O dirigente partidário acrescentou que dos seus 90 anos, o PCdoB viveu 61 na clandestinidade, sofrendo todo tipo de perseguição. “Nessas condições, disse, só prosperam os que têm convicções firmes e ideias próprias. É daí que nasce a nossa força”, resumiu, lembrando que o partido, hoje, conta, em todo o País, com 350 mil filiados.

Antes de encerrar a solenidade, quando, mais uma vez, agradeceu à Assembleia Legislativa e, em particular, ao presidente Dinis Pinheiro, o deputado Carlin Moura cedeu espaço para duas homenagens: à primeira vereadora do Partido, a mineira Lucília Rosa, de Uberaba, que na década de 30 abriu caminho para o movimento feminista em Minas Gerais, segundo explicou o professor  e autor de sua biografia, Luiz Alberto Molinar, convidado a falar sobre a parlamentar.

A segunda homenagem foi prestada pela deputada Jô Moraes emmemória dos mortos na Guerrilha do Araguaia. Jô leu o poema “Canto de Amor aos Guerrilheiros do Araguaia” e entregou o diploma “João Amazonas” à Fátima, irmã de Paulinho, um dos militantes mortos na guerrilha.

Fonte: Assembleia de Minas Gerais