Os diamantes são eternos
Por Fernando Soares Campos
Publicado 13/04/2012 16:34

Foi o Jean Scharlau, jornalista gaúcho, quem me mandou essa:
"Uma empresa americana está investindo num negócio polêmico: a criação, a partir de cinzas humanas, de diamantes usados na confecção de joias. A LifeGem transforma as cinzas da pessoa cremada em grafite, num processo que usa fornalhas especiais. Depois, sob pressão, a grafite é transformada em um diamante azul ou amarelo. ’LifeGem – porque o amor continua a viver’, diz o slogan da empresa, que também trabalha na confecção das pedras a partir de cinzas de animais domésticos. Pelo que mostram depoimentos no site da empresa, já há centenas de clientes contentes com a esquisitice. O preço da lembrança eterna? Entre US$ 2.700 e US$ 20.000".
Imagino um viúvo inconsolável chegando à LifeGem.
Entrega a pequena caixa com as cinzas da saudosa esposa e encomenda:
— Transformem isso num diamante.
Através de um catálogo, ele escolhe o modelo de peça na qual deverá ser cravada a pedra.
Escolhe um anel confeccionado sob o tema "Love Story".
Porém, o mesmo empresário com as cinzas da amante diria:
— Restaurem essa joia.
Alugaria um cofre bancário a fim de guardá-la sigilosamente.
Com as cinzas da sogra:
— Transformar-se num diamante era o seu desejo. Mas sempre foi uma pedra no meu sapato.
Peça na qual seria engastada a sogra diamantizada: uma serpente.
Uma viúva com as cinzas do falecido explicaria:
— Não vai dar trabalho, ele era mesmo um cabeça-dura!
Escolhe uma miniatura de unicórnio para cravar o diamante e justifica:
— Foi uma única vez. Juro!
Um empresário falido entrega o que restou do seu sócio:
— Quero uma pedra na cor amarela, e cravem bem aqui, no cabo desse punhal.
Bill Clinton, provavelmente, entregaria as cinzas de Hilary acompanhadas de uma chupeta de prata, na qual encravaria a pedra.
Porém, se fossem os restos de Mônica Levinsk, certamente a chupeta seria de ouro.
Haverá, sem dúvida, casos de reclamações baseadas no Código de Defesa do Consumidor.
Uma mulher se queixa:
— Vejam, tem um cantinho da pedra que está flácido, aqui, ó, é só apertar com a ponta de uma agulha, aí a gente nota que está mole, mole!
— O fabricante justifica:
— Bom, na idade dele, isso é compreensível. Não deu para excluir essa parte…
Um homem reclama:
— Eu pedi na cor azul. Essa pedra é amarela!
— Sua esposa morreu de quê?
— Anemia aguda.
— Então…
Um cliente protesta veemente:
— Esta pedra está cheia de defeitos!! Nem se precisa de lupa para identificar as bolhas e falhas de lapidação. É de baixa quilatação. Isso é um embuste, uma grosseira falsificação. Meu avô merecia transformar-se em alguma coisa melhor, depois de ter sido vereador, deputado, senador…
O judeu:
— Paguei U$ 2.700,00 pela minha pedra e a vendi por U$20.000,00. Mas creio que Leah valia muito mais.
O espanhol:
— ¿Hay diamantes? ¡Estoy en contra!
O francês:
— Le veuf ne pleure que jusqu’au cimetière (prefere comprar um novo diamante na joalheria mais próxima).
O inglês:
— Diamonds are forever
O brasileiro:
— Creio que a currupção também.