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Jamil Murad: Comissão da Verdade reescreverá a história

Viabilizar a Comissão da Verdade é “reescrever a história, é pavimentar um caminho em que todos respeitem a lei, onde não haja nenhum segmento acima da lei, tendo a impunidade como garantia”. A opinião foi expressa pelo vereador Jamil Murad (PCdoB) durante sessão desta quarta-feira (11), em que foi aprovada a Comissão da Verdade no âmbito do município de São Paulo. A proposta da Mesa teve 43 votos favoráveis, dois contrários e duas abstenções.

“Votamos a favor porque queremos participar de um processo importante que ajude o Brasil a virar uma página de sua história”, disse o líder do PCdoB. Para Jamil, “não dá para virar essa página enquanto uma pequena parcela da sociedade continuar se colocando acima da lei, se negando, até mesmo, a entregar os corpos de quem matou”.

Indignado, o vereador salientou que essa parcela “não vai, mesmo através da intimidação, colocar a nação brasileira de joelhos”. “Não nos intimidamos nem mesmo nos piores períodos: lutávamos pela liberdade, pela democracia, pelos direitos do povo, pela soberania. E agora, em plena democracia, quer ficar à sombra da impunidade?”. Mesmo com a aprovação da Lei da Anistia, Jamil lembrou que a lei brasileira “não permite a impunidade, não permite que crimes sejam cometidos”. Segundo o vereador, a Comissão da Verdade é um instrumento “para que a nossa democracia alcance um nível jamais alcançado”.

Jamil lembrou ainda que apesar de os ditadores argumentarem que era preciso tomar o poder para acabar, entre outras coisas, com a corrupção, a inflação e o “perigo comunista”, o que se viu foi o aumento do desemprego e da dívida brasileira. “Quando os militares entraram, o Brasil devia US$ 3 bilhões. Quando saíram, já eram US$ 100 bilhões. O país estava de joelhos diante do FMI, das imposições do império, dos espoliadores internacionais. A pátria ficou pior do que estava”.

Recordando alguns nomes que tiveram de deixar o país – como, por exemplo, João Amazonas, Miguel Arraes, Luiz Carlos Prestes e Leonel Brizola – Jamil lembrou que “eles voltaram com o apoio do povo, muitos se elegeram, governaram, mostraram que eram brasileiros de respeito, de valor e que contribuíram para que, mais tarde, o país pudesse eleger Lula. O resultado é que nas mãos dos escorraçados, dos perseguidos, dos presos, o Brasil começou a crescer, é mais respeitado, seu povo passou a ganhar mais, a ter programas de habitação, a cursar a universidade”.

Para Jamil, o projeto de João Goulart, interrompido pelo golpe de 1964, pôde ser parcialmente colocado em prática. “O povo viu que a esquerda ajudou a construir este país”.

O vereador também lembrou a vocação golpista da classe dominante: “Getúlio fundou Petrobras, a Eletrobras, a CSN, buscando impulsionar a economia, a industrialização; então, o cercaram até que ele se matou. Em 1955, Juscelino Kubitschek ganhou a eleição e enfrentou dois levantes contra sua posse. O marechal Lott pôs os tanques nas ruas para garantir que JK pudesse ocupar a Presidência. Os mesmos golpistas que cercaram Getúlio e tentaram impedir a posse de JK deram o golpe de 1964. Ficaram 21 anos governando o povo com violência”.

Apesar da truculência, “o povo travou a luta nas escolas, sindicatos, fábricas, no campo, batalhou pela anistia, pela redemocratização, pela constituinte. Nossa luta foi palmo a palmo, sofrida, não teve nada de graça”.

Jamil Murad encerrou sua fala prestando homenagem “aos guerrilheiros, aos companheiros do PCdoB, a todos os revolucionários e democratas sinceros. A Comissão da Verdade não pode ter medo de levantar o véu da história. Contamos a história dos dominantes e temos que contar a história verdadeira, para construirmos uma sociedade democrática e cada vez melhor”.

*Assessoria de comunicação do gabinete do vereador Jamil Murad.