Sem categoria

Os diamantes são eternos

Por Fernando Soares Campos

Diamante

Foi o Jean Scharlau, jornalista gaúcho, quem me mandou essa:

"Uma empresa americana está investindo num negócio polêmico: a criação, a partir de cinzas humanas, de diamantes usados na confecção de joias. A LifeGem transforma as cinzas da pessoa cremada em grafite, num processo que usa fornalhas especiais. Depois, sob pressão, a grafite é transformada em um diamante azul ou amarelo. ’LifeGem – porque o amor continua a viver’, diz o slogan da empresa, que também trabalha na confecção das pedras a partir de cinzas de animais domésticos. Pelo que mostram depoimentos no site da empresa, já há centenas de clientes contentes com a esquisitice. O preço da lembrança eterna? Entre US$ 2.700 e US$ 20.000".

Imagino um viúvo inconsolável chegando à LifeGem.

Entrega a pequena caixa com as cinzas da saudosa esposa e encomenda:
— Transformem isso num diamante.

Através de um catálogo, ele escolhe o modelo de peça na qual deverá ser cravada a pedra.

Escolhe um anel confeccionado sob o tema "Love Story".

Porém, o mesmo empresário com as cinzas da amante diria:
— Restaurem essa joia.

Alugaria um cofre bancário a fim de guardá-la sigilosamente.

Com as cinzas da sogra:
— Transformar-se num diamante era o seu desejo. Mas sempre foi uma pedra no meu sapato.

Peça na qual seria engastada a sogra diamantizada: uma serpente.

Uma viúva com as cinzas do falecido explicaria:
— Não vai dar trabalho, ele era mesmo um cabeça-dura!

Escolhe uma miniatura de unicórnio para cravar o diamante e justifica:
— Foi uma única vez. Juro!

Um empresário falido entrega o que restou do seu sócio:
— Quero uma pedra na cor amarela, e cravem bem aqui, no cabo desse punhal.
Bill Clinton, provavelmente, entregaria as cinzas de Hilary acompanhadas de uma chupeta de prata, na qual encravaria a pedra.

Porém, se fossem os restos de Mônica Levinsk, certamente a chupeta seria de ouro.

Haverá, sem dúvida, casos de reclamações baseadas no Código de Defesa do Consumidor.

Uma mulher se queixa:
— Vejam, tem um cantinho da pedra que está flácido, aqui, ó, é só apertar com a ponta de uma agulha, aí a gente nota que está mole, mole!

— O fabricante justifica:

— Bom, na idade dele, isso é compreensível. Não deu para excluir essa parte…

Um homem reclama:
— Eu pedi na cor azul. Essa pedra é amarela!

— Sua esposa morreu de quê?

— Anemia aguda.

— Então…

Um cliente protesta veemente:
— Esta pedra está cheia de defeitos!! Nem se precisa de lupa para identificar as bolhas e falhas de lapidação. É de baixa quilatação. Isso é um embuste, uma grosseira falsificação. Meu avô merecia transformar-se em alguma coisa melhor, depois de ter sido vereador, deputado, senador…

O judeu:
— Paguei U$ 2.700,00 pela minha pedra e a vendi por U$20.000,00. Mas creio que Leah valia muito mais.

O espanhol:
— ¿Hay diamantes? ¡Estoy en contra!

O francês:
— Le veuf ne pleure que jusqu’au cimetière (prefere comprar um novo diamante na joalheria mais próxima).

O inglês:
— Diamonds are forever

O brasileiro:
— Creio que a currupção também.