Renato Rabelo: Investimento e defesa da moeda

A geração de empregos entre os meses de fevereiro e março deste ano sofreu queda abrupta de 25,8%, sendo que o emprego industrial mantém sua trajetória de queda. A tendência para a geração de empregos de baixa remuneração fica latente pelo fato do índice de empregos no país ser puxado pelo setor de serviços e construção civil.

Estes dados mantém aceso o sinal amarelo para a economia brasileira e a equipe econômica do governo. O Brasil aguarda os esperados efeitos positivos das políticas de incentivo à industria e ao crédito implementadas na semana passada. Ainda pairam dúvidas sobre o real alcance destas bem-vindas medidas para o estrangulado crédito de longo prazo para empresas. Mas existem questões de maior alcance e que devem começar a ser colocadas no centro do debate.

Faz-se necessário vaticinar a relação entre a geração de empregos de qualidade com a própria defesa da moeda nacional, em tempos de “guerra cambial”. Baixar os juros a patamares internacionais seria um grande feito que ainda está em suspenso diante da ainda adversa correlação de forças em função da “estratégia contrainflacionária”.

Um outro patamar de medidas incluiria o próprio controle de entrada e saída de capitais. Medida esta que de fato redunda em defesa da moeda em seu mais alto nível. A moeda constitui-se no principal ativo econômico de um país. A defesa da soberania nacional tem expressão máxima na defesa de sua moeda.

Entre o que é essencial, periférico e paliativo está a luta pelo investimento de longo prazo, o que significaria um combate à inflação também moldada no longo prazo. A defesa da moeda tem caráter estratégico neste objetivo. Reside aí o centro do debate de ideias que deveria estar preocupando os interessados no desenvolvimento de nosso país.