Comissão Política do PCdoB-CE discute projeto eleitoral para 2012

Carlos Augusto Diógenes, presidente do PCdoB/CE, iniciou sua intervenção destacando o dia 12 de abril, quinta-feira última, data que os simboliza 40 anos do início da Guerrilha do Araguaia. O comunista propôs que a reunião da Comissão Política fosse em memória dos camaradas que morreram em defesa da liberdade. “A guerrilha exerceu papel importante naquele momento histórico brasileiro. Ela acelerou o processo que pôs fim a Ditadura Militar”, considera.

Guerrilha do Araguaia

Patinhas destacou a atuação dos cearenses no conflito armado. “Bergson Gurjão, estudante de Química; Teodoro de Castro, estudante de Farmácia; Custódio Saraiva, estudante secundarista; e Jana Barroso, que atuava no movimento estudantil no Rio de Janeiro, se juntaram a outras dezenas de jovens, homens e mulheres, que deram a vida em nome da democracia”.

De acordo com o dirigente comunista, as comemorações em torno dos 40 anos do início da Guerrilha do Araguaia também fazem parte das festividades dos 90 anos do PCdoB. “Realizamos um debate no Comitê Municipal, participamos de um programa de rádio na Universitária FM, só sobre o tema e ainda houve mobilização via Twitter, onde o assunto chegou a ser o mais comentado em todo o país”.

Trazendo para o cenário atual, Patinhas destaca a visão que os comunistas tiveram ao enfrentar a repressão através da luta armada. “Atualmente vivemos outro momento, mas temos o dever de repassar para a militância o espírito de luta, fibra e tenacidade que os camaradas tiveram. Hoje os desafios que se apresentam são outros, mas temos neles o exemplo de lutar em defesa de uma vida melhor para todos. Devemos ter esta fibra. O PCdoB tem e faz história”.

90 anos do PCdoB

Durante sua intervenção na reunião da Comissão Política, outro ponto levantado por Patinhas foi as homenagens aos 90 anos do PCdoB. “As comemorações despertaram o interesse do mundo político e das forcas democráticas. Trata-se de um acontecimento inédito. Fazemos parte do Partido de mais longa atividade política ininterrupta, apesar de termos vivido 62 anos na clandestinidade. Nosso Partido é respeitado por amplos segmentos do povo e no mundo político”, ratifica.

As comemorações em torno dos 90 anos do PCdoB marcaram todo o mês de março e prosseguem em abril. Em todo o país, diversas atividades festejaram a data. “Foram inúmeras manifestações, mas podemos destacar como grandes acontecimentos com especial repercussão a solenidade nacional realizada no Rio de Janeiro e a Sessão Solene no Congresso Nacional. Aqui no Ceará, a homenagem na Assembleia Legislativa também teve grande significado”, ressalta Patinhas que cita ainda homenagens realizadas no Estado em mais de trinta cidades do Interior. “Foram sessões solenes, moções de congratulações e várias outras atividades. Nenhum Partido é capaz de reunir tantas agremiações como nós fizemos em torno dos 90 anos do PCdoB”.

Carlos Augusto destaca que as atividades continuarão ao longo de todo o ano. No Ceará, será realizado um jantar festivo, no próximo dia 26 de abril no N[autico Atlético Cearense, em comemoração aos 90 anos do PCdoB e ainda a reprodução da exposição iconográfica que está em cartaz no Congresso Nacional. Ela conta, através de imagens, parte da trajetória do Partido ao longo desses 90 anos. “Nós iremos trazer esta exposição para Fortaleza e deveremos disponibilizá-la também em outras cidades do Ceará. Trata-se de 39 banners com imagens que marcaram a trajetória do PCdoB”, informa Patinhas.

No cenário nacional, a programação terá seu ponto alto nos dias 20 e 21 de abril quando, em São Paulo, acontecerá o seminário “PCdoB 90 anos: em Defesa do Brasil, da Democracia e do Socialismo”. No encontro será apresentado um documento da trajetória do Partido. “Este documento será apresentado em formato de livro e o consideramos uma referência histórica para a luta dos trabalhadores e povo brasileiro. A história do PCdoB se confunde com a história do Brasil”, analisa Carlos Augusto. Outros livros também serão lançados durante o encontro nacional, sobre as trajetórias de João Amazonas, Mauricio Grabois e Pedro Pomar.

Dentro deste cenário de comemorações aos 90 anos do PCdoB, Patinhas já convoca a militância comunista a pensar no centenário do Partido. “Precisamos pensar no Partido daqui a 10 anos. E para avançarmos, devemos construir um Partido forte e ocupar mais espaços em todas as frentes onde atuamos”, defende.

Balanço político

Fazendo um balanço do cenário político atual, Carlos Augusto avalia ser positivo para o Partido. “A presidenta Dilma busca firmar sua liderança enfrentando como principal desafio a crise internacional do capitalismo. Consideramos esta uma oportunidade para o Brasil, mas para isto é fundamental mudar a política macroeconômica, baixar a taxa de juros, o câmbio e o superávit”, analisa.

Para Patinhas, Dilma tem tomado posições positivas em suas visitas internacionais. “Na Alemanha e nos Estados Unidos, a presidenta tem batido firme na política econômica das grandes potências. Aqui no Brasil, as sucessivas reduções da taxa Selic, embora em processo lento, sinalizam uma mudança favorável”, considera.

De acordo com o dirigente comunista, os movimentos sociais jogam papel importante neste cenário. “É hora de o povo ocupar as ruas com manifestações, cobrando políticas econômicas que favoreçam os trabalhadores e as indústrias brasileiras”.

Na área política, Patinhas destaca a dificuldade do Governo no relacionamento com os partidos da base. O comunista também chama atenção da crise da oposição com as denúncias envolvendo lideranças do DEM e do PSDB com o bicheiro Carlinhos Cachoeira. “O Deputado Protógenes Queiroz (PCdoB) entrou com pedido de instalação da CPI para apurar as denúncias e a mídia tenta desqualificar o tema focando no governador do Distrito Federal, em Agnelo Queiroz (PT), que trata de contratos de administrações anteriores”, alerta.

PCdoB mais forte

Diante deste cenário, Patinhas avalia: “O Governo tem dificuldade de agendar temas relevantes para o país, e as discussões ficam entregues à mídia. Neste cenário, coloca-se a necessidade de construirmos um PCdoB ainda mais forte, capaz de conduzir o processo de mudanças no Brasil sob pena de retrocedermos nos avanços já conquistados com muita luta”.

Para Patinhas, fortalecer o PCdoB é fortalecer sua atuação em todas as frentes. “Devemos ser mais atuantes nos movimentos populares, aumentar nossa participação tanto no Executivo quanto no Parlamento. Temos a compreensão da necessidade histórica de fortalecer nosso Partido”.

E fortalecer o PCdoB também passa pelo crescimento da agremiação nas eleições deste ano. “Através das análises que fizemos, chegamos à conclusão de que o Partido tem possibilidades de alcançar grandes êxitos na batalha de 2012, pelas lideranças expressivas que estamos apresentando, com condições de disputar e vencer as eleições”, considera Patinhas.

Projeto eleitoral

O PCdoB irá apresentar candidatos que disputarão as eleições em nove capitais brasileiras, dentre elas Fortaleza. “O nome de Inácio Arruda foi apresentado como pré-candidato desde novembro de 2011. Ele é uma das mais destacadas lideranças do PCdoB não só no Ceará, mas no Brasil, e tem grande chance de vencer a disputa. Este ano pode ser a nossa vez”, ratifica Patinhas.

Além de Fortaleza, o PCdoB terá candidatos em Porto Alegre (Manuela D’Ávila), São Paulo (Netinho de Paula), Salvador (Alice Portugal), Florianópolis (Angela Albino), Goiânia (Isaura Lemos), Aracaju (Jeferson Dutra), Macapá (Evandro Milhomem) e Teresina (Osmar Junior).

No Ceará, além de Fortaleza, o PCdoB irá disputar as eleições em cerca de 30 cidades, apresentará candidatos a vice em outros 15 municípios e a expectativa é de eleger cerca de 120 vereadores. “Estamos examinando com tranquilidade o desenvolvimento do projeto político comunista nas principais cidades cearenses. Este jogo não é estático, procuramos ocupar posições, garantir avanços, mas sempre com a postura de manter o pé no chão”.

Para alcançar êxito nestas eleições, Patinhas destaca a importância dos aliados e das coligações. “Uma de nossas marcas é o relacionamento democrático com que tratamos as demais forças políticas do país. Não existe rejeição ao PCdoB nem indisposição para alianças. Temos boas perspectivas de alianças para as próximas eleições, já estamos conversando com líderes de vários partidos e estamos buscando construir, até o mês de junho, uma coligação que nos fortaleça ainda mais”, analisa Patinhas.

Outras demandas

Mas o crescimento do PCdoB não está ligado apenas à frente institucional / eleitoral. Patinhas defende uma maior atuação dos comunistas também junto aos movimentos sociais e à luta de ideias. “Precisamos aumentar a agenda com movimentos sociais”, ratifica.

O dirigente comunista destaca, dentre outras atividades, a realização da Conferência Estadual das Mulheres e seus encontros municipais. “Precisamos garantir uma maior participação das mulheres tanto na política quanto nos movimentos sociais”. O 1º de Maio também deverá receber atenção especial dos comunistas. “As manifestações em torno do Dia do Trabalhador não são uma questão apenas sindical, mas política”, ressalta. A eleição do DCE da UFC foi outra atividade citada pelo dirigente. “Temos que focar nesta disputa. Este DCE foi liderado por pessoas como Bergson Gurjão e tantos outros líderes de destaque. É nosso dever retomar a condução da entidade”.

Patinhas encerrou sua intervenção destacando o desafio de garantir o crescimento do PCdoB em todas as frentes. “Devemos entender nossas tarefas, dar continuidade a elas e garantir grandes vitórias”.

De Fortaleza,
Carolina Campos