Reconhecido corpo de militante morto durante ditadura no Uruguai

A Secretaria de Acompanhamento da Comissão para a Paz, no Uruguai, confirmou, nesta semana, que os restos encontrados em 15 de março em um edifício militar, do departamento de Canelones (centro sul), pertencem a Ricardo Alfonso Blanco, militante do Partido Comunista Revolucionário, morto durante a ditadura militar no país.

Ricardo Alfonso Blanco era trabalhador associado à Confederação Nacional de Trabalhadores, que viveu na cidade de Mercedes, na região de Soriano (nordeste).

Tinha 40 anos quando foi detido em 20 de dezembro de 1978. Ele foi sequestrado em uma operação realizada por três pessoas vestidas de civis, que se identificaram como membros das Forças Conjuntas.

Os restos de Blanco apareceram no batalhão 14, a 45 quilômetros de Montevidéu, a uma curta distância de onde se desenterrou, em outubro de 2011, parte do esqueleto pertencente ao professor Julio Castro, assassinado pelo regime em 1977.

O caso de Blanco foi o quarto descoberto neste país por uma equipe de antropólogos da Universidade da República, que busca restos de detentos-desaparecidos durante a ditadura (1973-1985).

O primeiro deles encontrado foi em 29 de novembro de 2005, quando foram descobertos os restos de Ubagesner Chávez e poucos dias depois, em 2 de dezembro, os de Fernando Miranda, ambos militantes do Partido Comunista.

Dados de organismos de direitos humanos asseguram que mais de uma centena de uruguaios aparecem registrados como detentos-desaparecidos, como parte da chamada Operação Condor, o plano de coordenação entre as cúpulas ditatoriais da América do Sul – Argentina, Brasil, Bolívia, Chile, Paraguai e Uruguai – com a Agência Central de Inteligência (CIA) dos Estados Unidos, nas décadas de 1970 e 1980.

O Plano Condor constituiu uma organização clandestina internacional para a prática do terrorismo de Estado, que instrumentou o assassinato e desaparecimento de dezenas de milhares de pessoas, a maioria integrantes de movimentos de esquerda.

Fonte: Prensa Latina