CPMI do Cachoeira: polêmica na definição do plano de trabalho

A reunião da CPMI do Cachoeira/Demóstenes, nesta quarta-feira (2), para definir o plano de trabalho, foi longa e cheia de disputas. A principal polêmica girou em torno de quem seriam os primeiros convocados para depor na comissão. O contraventor Carlinhos Cachoeira era a opção da oposição, enquanto os governistas queriam os procuradores e delegados envolvidos na denúncia e nas investigações. A convocação do Procurador-Geral da República, Roberto Gurgel, também foi motivo de polêmica.

A senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), membro da Comissão, tentou minimizar o conflito sobre quem convocar primeiro. Mas defendeu que o primeiro momento no trabalho da CPMI deveria ser de ouvir procuradores e os delegados e estudar o processo.

Para ela, o mais importante é a responsabilidade que terá a CPMI de descobrir qual era o esquema montado por Carlinhos Cachoeira, que utilizou parlamentares e chefes de Poder Executivo objetivando seus interesses, que é o jogo. “O Brasil não pode viver de CPIs, é importante que se produza um ambiente que embora não seja imune, dificulte esse tipo de comportamento”, avalia Grazziotin.

Protógenes Queiroz (PCdoB-SP), por seu turno, destacou que o importante é que a CPMI não seja pautada pela mídia. Segundo ele, na avaliação que fez dos 167 requerimentos apresentados pelos parlamentares para serem votados na comissão, a maioria é pautada pela mídia. Ele discorda da necessidade de oitiva acelerada dos alvos importantes, defendo a necessidade dos membros da CPMI conhecer antes o esquema montado por Carlinhos Cachoeira.

Plano de trabalho

O plano de trabalho do relator – que após quatro horas de reunião ainda não havia sido votado pelos integrantes da comissão – prevê para o mês de maio para o próximo dia 8 ser ouvido o delegado da Polícia Federal Raul Alexandre Souza, da operação Vegas. E no dia 10, a comissão quer receber o delegado da PF Matheus Rodrigues e os procuradores Daniel Resende Salgado e Léa Batista, responsáveis pela operação Monte Carlo.

Para o dia 17 está programada audiência para ouvir Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira. No dia 22 haverá audiência com empresário José Olímpio de Queiroga Neto, Gleyb Ferreira da Cruz (auxiliar de Cachoeira), Geovane Pereira da Silva (tesoureiro de
Cachoeira), Wladmir Garcez (ex-presidente da Câmara Municipal de Goiânia e ex-vereador) e Lenine Araújo de Souza (um dos principais auxiliares de Cachoeira).

Para o dia 24, está programada audiência da CPI para ouvir Idalberto Matias Araújo, o Dadá (sargento da Aeronáutica da reserva e interlocutor de Cachoeira), e Jairo Martins de Souza (sargento da PM do DF). Para o dia 29 está programada audiência com Claudio Dias
de Abreu (ex-diretor da Delta Construções). E no dia 31 a CPI quer ouvir o senador Demóstenes Torres (ex-DEM-GO).

De Brasília
Márcia Xavier