Brizola Neto assume Ministério com compromisso do nome que herdou

O sobrenome ilustre e o que ele representa na trajetória de conquistas dos trabalhadores brasileiros foram lembrados pela presidente Dilma e pelo novo ministro do Trabalho, Brizola Neto, na cerimônia de posse nesta quinta-feira (3), no Palácio Planalto, em Brasília. À menção dos nomes de Getúlio Vargas, João e Goulart e Leonel Brizola, o público – formado por ministros, parlamentares e sindicalistas, aplaudiu entusiasticamente.

Brizola Neto assume Ministério com compromisso do nome que herdou - Presidência da República

Brizola Neto atribuiu sua indicação para o cargo, “mas do que a mim, deve-se a generosidade da presidente de trazer esse desafio ao jovem e ao sobrenome que trago, que vem de Vargas, Goulart e meu querido avô Leonel Brizola, cujas trajetórias se redesenham com Lula e Dilma”.

A presidente Dilma confirmou: “É muito significativo trazer ao cargo de ministro um jovem que traz no sobrenome mais de meio século de luta e de conquistas de direitos por parte dos trabalhadores brasileiros. O novo ministro carrega consigo a história de João Goulart, seu tio-avô, que assumiu o mesmo cargo também jovem, com 34 anos. E foi ele quem deu à pasta do Trabalho grande peso político e grande dimensão”.

Para a presidente da República, a presença de Brizola Neto no seu staff de trabalho “reforça, no meu governo, o reconhecimento histórico do trabalhismo na formação do nosso país. E nossa parceria com o PDT, de Leonel Brizola e Darcy Ribeiro, de tantos líderes antigos e atuais”, destacando ainda que o Ministério do Trabalho foi criado por Getúlio Vargas com visão de estatista e comandado por João Goulart com visão social.

A solenidade, curta, contou com um discurso rápido do ministro interino, Paulo Roberto Pinto, que estava no comando da pasta desde a saída de Carlos Lupi do Ministério, em dezembro do ano passado.

Inconformismo para mudar

Após a assinatura do Termo de Posse, o novo ministro fez o discurso, em que destacou o dever de corresponder aos desafios apresentados, dizendo ainda que as limitações da juventude serão vantajosas para que não lhe tire o inconformismo de fazer as mudanças para melhor.

Ele destacou os avanços nas relações de trabalho a partir do governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que estão sendo ampliados pelo governo de Dilma Rousseff, e analisou que esse novo modelo de desenvolvimento põe abaixo a crença que vigorou durantes séculos no Brasil de que a justiça social era mais que uma iniquidade, era uma impossibilidade. O que demonstrava a incapacidade dos governos de sustentar um projeto de país, mas para garantir riqueza de uns poucos e miséria para muitos.

E destacou que o Brasil extirpou o desemprego, que era visto como uma fatalidade, que o pleno emprego era para países ricos e desenvolvidos, apresentados como fonte de exemplo e modelo. O Brasil moderno, de inserções próprias, nasceu com os direitos trabalhistas com o período Vargas e rompeu com o mito que trabalho era mercadoria vil e que os fracos nada podem contra os fortes.

Críticas à mídia

Brizola Neto criticou a mídia, citando um artigo publicado na grande mídia nesta quinta-feira, em que dizia a atuação do Estado nas relações de trabalho é anacronismo e que o mercado tudo pode. “Esse é embuste para retroceder no processo de desenvolvimento do país”, criticou.

O novo ministro se comprometeu a gerir e acompanhar a modernização das relações de trabalho no mundo tecnológico e no salto do progresso econômico do Brasil, mas sempre com a preocupação de que o trabalhador – o ser humano – é o princípio e o fim de toda atividade econômica.

“Isso não representa óbice à atividade industrial”, enfatizou, “o empresariado deve entender isso – os trabalhadores são as mãos e o cérebro da produção, competição, avanço e progresso. O interesse deve ser também da empresa para que evoluam as relações e crie-se um círculo virtuoso que se autoalimente”.

Problemas e soluções

A presidente Dilma, com uma agenda apertada, com mais três grandes e importantes reuniões marcadas, fez um discurso breve. Ela apresentou os números de emprego no Brasil, que colocam o país na contramão do que ocorre nos Estados Unidos e Europa.

“Nós estamos em processo contrário do mundo que vive momento de precarização do trabalho e redução do seu valor. A OIT (Organização Internacional do Trabalho) mostrou que o mundo perdeu 50 milhões de vagas por políticas de austeridade. Estamos na contramão dessa tendência e desse quadro sombrio”, afirmou.

E acrescentou: “Além disso, o Brasil vive a era de formalização do emprego. Ficou no passado o brasileiro fazer bico para sobreviver. Mais emprego e com melhores salários é o que vivemos hoje e perseguimos continuadamente. Renda e emprego para 190 milhões de brasileiros, porque definimos projeto de desenvolvimento com inclusão social, garantimos estabilidade na área econômica através do incansável compromisso com controle e monitoração da inflação e robustez fiscal do país”.

A presidente Dilma admitiu que existem três problemas a solucionar: taxas de juros compatíveis com as praticadas no mercado internacional; câmbio que não seja objeto de políticas monetárias expansionistas que sobrevalorizem a moeda brasileira e tornem os produtos brasileiros mais caros; e impostos mais baixos para garantir a produtividade dos processos de trabalho.

E explicou o que fará para superar esses problemas: “Ao invés de tirar direitos sociais e precarizar relações de trabalho, queremos um país que possa crescer no caminho da educação e capacitação do trabalhador. Vamos resolver essas três amarras, o que não se faz do dia para noite, sem meios artificiais, mas construindo e ampliando as condições para que isso ocorra”, conclui, dando boas-vindas ao novo ministro.

De Brasília
Márcia Xavier