Crise em Londrina embaralha cenário eleitoral

 A abertura da comissão processante contra o prefeito e a denúncia de compra de apoio político na Câmara londrinense fazem surgir novos candidatos

publicado: gazeta do povo

A abertura da Comissão Processante contra o prefeito de Londrina, Barbosa Neto (PDT), no caso Centronic e a denúncia de compra de apoio político na Câmara Municipal daquela cidade, que resultou na prisão de membros do “núcleo duro” da articulação política do pedetista, devem trazer consequên­cias no cenário eleitoral. A leitura que vinha sendo feita até agora nos bastidores políticos era que existia forte tendência de polarização entre o pedetista e o vereador Marcelo Belinati (PP), que tem como principal cabo eleitoral o tio, o ex-prefeito Antonio Belinati (PP).

Com a crise instalada no governo de Barbosa Neto, a avaliação feita por líderes partidários é de mudança do cenário eleitoral, com a possibilidade de viabilizar novas candidaturas, o que pode recolocar na disputa grupos que até então tinham poucas chances eleitorais. O vereador pedetista Roberto Fu admite que a crise muda o cenário, fragilizando o prefeito, que é do seu partido. “Essa crise abre espaço para algumas candidaturas. Tanto é que determinados candidatos, que estavam desistindo de concorrer, já pensam em entrar na disputa”, declarou.

Nomes como o do deputado federal Alex Canziani (PTB) e o do secretário estadual da Fazenda, Luiz Carlos Hauly (PSDB), ressurgiram como possíveis candidatos, pelo menos nas conversas de bastidores. De acordo com a assessoria do petebista, existe a possibilidade de Canziani ser candidato, em especial por causa da crise no governo de Londrina. Segundo a assessoria de Canziani, o deputado pode encarar o desafio eleitoral, se o partido colocar o nome dele.

Já o presidente do PSDB, Éder Pimenta, negou que Hauly seja candidato. “Tive­­­mos uma reunião da executiva na segunda-feira. Ele estava presente na reunião e manteve a posição anterior [que é de não concorrer]”, afirmou Pimenta. Ele avalia que os governistas estariam alimentando o boato de uma possível volta à disputa eleitoral para “jogar no colo do PSDB tudo o que aconteceu”. Na leitura de Pimenta, o discurso seria o de que os tucanos teriam “armado” a crise para se aproveitar eleitoralmente dela. Para evitar serem acusados de “armação”, afirma Pimenta, o vereador Amauri Cardoso (PSDB), alvo da tentativa de suborno e que levou a denúncia ao Grupo de Atuação Especial de Combate ao Cri­­­me Organizado (Gaeco) também é descartado como nome do partido para disputar a eleição.

A crise fez também com que um vereador que era tido como candidato à reeleição para a Câmara passasse a figurar como pré-candidato à prefeitura. José Roque Neto (PR), o Padre Roque, renunciou à CP alegando que poderia ser candidato a prefeito – e, nessa condição, não poderia investigar um concorrente. Segundo ele, a “mudança de cenário provocada pela crise” levou o seu partido a cogitar a possibilidade de lançar candidatura própria. “Estive conversando com o deputado federal Fernando Giacobbo [presidente estadual do PR] a respeito da situação da cidade. Ainda não chegamos a essa condição [de pré-candidato], mas estamos conversando”, explicou.